A adesão à UE e a concretização dos seus objetivos (livre circulação de mercadorias, de indivíduos, de serviços e de capitais) colocaram à prova a adaptabilidade da indústria transformadora portuguesa. Na adaptação ao novo meio competitivo, a análise da indústria transformadora indica um processo de alteração estrutural, levando a uma maior intensificação tecnológica e de capital, como, por exemplo, pela automatização dos processos produtivos.
Contextualizando a situação do emprego no sector secundário no nosso país, entre 1986 e 2012, este tem registado uma tendência descendente. Em 1986 (UE a 12 membros), no ano da adesão, a população empregada neste sector significava 33,7% da população total empregada. Em 1995 (UE a 15 membros), este sector contava com 32,1% da população empregada. No ano de 2004 (UE a 24 membros), continuou a verificar-se o cenário anteriormente descrito, sendo que este sector empregava cerca de 31,2% da população empregada. Por fim, em 2012, a percentagem da população empregada no sector secundário situava-se nos 25,6%.
Relativamente ao Valor Acrescentado Bruto (VAB), a indústria transformadora nacional registou um aumento significativo desde o início da adesão à comunidade europeia. Com base no índice base de 1999 (100=1999), em 1986 o VAB da indústria transformadora apresentava um índice por volta dos 59, mas em 2001 este índice do VAB atingia o seu pico, com cerca 106. Isto revela um esforço grande do nosso país e da UE no desenvolvimento deste setor no território português. No entanto, este cenário não verificou sempre a mesma tendência, verificando uma forte queda no ano de 2007 (inicio da presente crise europeia), e em 2009 o índice do VAB atingia o valor de 95. A adaptabilidade competitiva à entrada na comunidade deitava-se assim por terra e exige agora que este sector e o país tenham uma nova resposta para adaptar-se novamente a outra realidade.
Note-se que no período de 1999.2010, Portugal foi o sexto país europeu em que o VAB da indústria transformadora menos cresceu, enquanto este registara o nono maior crescimento entre 1986 e 1999.
No que toca à evolução da especialização industrial, Portugal e a média na UE divergiram significativamente até 2009. Neste mesmo ano, Portugal especializava-se maioritariamente na indústria alimentar, têxtil, fabricação de borracha, plástico e outros materiais não metálicos e indústria metalomecânica. Por sua vez, a União Europeia especializava-se de um modo mais forte na indústria metalomecânica, na indústria automóvel, fabricação de máquinas e equipamentos, na indústria química e fabricação de equipamento eléctrico. Este panorama demonstra uma grande fragilidade da competitividade ao nível de valor acrescentado que a indústria portuguesa apresenta perante a maioria dos seus parceiros europeus.
Portugal, para retaliar e dar resposta à nova realidade industrial existente na UE, deve rapidamente e de maneira sustentável apresentar medidas para o desenvolvimento da sua indústria. Primeiramente, a trajectória decrescente do investimento em I&D para este sector deveria ser alterada através de uma redirecção de fundos destinados a áreas que Portugal não favorece de tão boa forma. Tem-se verificado uma forte queda no investimento para a inovação deste sector importante para o país e isso tem-se verificado ser prejudicial para a recuperação da estabilidade económica. Por sua vez, a especialização da mão-de-obra deste sector deve ser reforçada de forma a sustentar as necessidades portuguesas e de certa forma poderiam, automaticamente, ser combatidos problemas como o desemprego e a queda da procura interna.
Uma maior proximidade entre institutos de investigação e universidades com o sector e as suas empresas poderia ajudar a melhoria da especialização industrial já existente e possivelmente abrir novos horizontes para os portugueses através da implementação de novas e mais ricas actividades industriais no nosso país.
Alexandre Barbosa Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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