Com
uma localização geográfica muito privilegiada, Portugal assume no setor da
energia um papel de grande importância para a existência e construção de um
futuro sustentável.
Portugal
é dotado de sol, mar e recursos naturais que lhe permitem evidenciar-se num
mundo cada vez competitivo ao nível da energia, além de que representa um
desafio para a capacidade empreendedora das empresas. Neste sentido e através
dessa ambição empreendedora, Portugal tem conquistado um patamar de excelência
no setor das energias, o que permite a implementação de um futuro sustentável
tanto para a sociedade como para o ambiente e até para a economia.
Ainda que não seja possível a
independência energética no país, a realidade é que Portugal possui imensas fontes
de energia que se traduzem depois em energias renováveis. O sol, a água, o
vento, o calor da Terra e biomassa são exemplos dessas fontes.
Na última década, a política energética
portuguesa ficou marcada por investimentos significativos em fontes de energia
renovável. No entanto, com o eclodir da crise económica, foram feitas novas
orientações políticas e o objetivo passou a ser o de racionalidade económica e
sustentabilidade. Estes objetivos resultaram depois na adoção de medidas de eficiência
energética e na utilização de energia proveniente de fontes endógenas
renováveis. Além disso, foi ainda estipulada uma redução de sobrecustos que
oneram nos preços da energia.
Através
da análise de indicadores de dependência energética e intensidade energética
(consumos energéticos nacionais face à riqueza gerada), os resultados
demonstram que Portugal tem vindo a dar passos largos nesta área, obtendo cada
vez mais sucesso.
A
inexistência de recursos endógenos fósseis tem conduzido a uma elevada
dependência energética do exterior em termos de energia primária. Segundo dados
do Eurostat, a média da dependência energética europeia é de cerca de 54%,
enquanto a média portuguesa situa-se nos 79%. Relativamente à intensidade
energética, constata-se um valor de 27% superior à média europeia, isto fruto
do elevado investimento feito por Portugal em tecnologias que exploram fontes
endógenas renováveis e o reduzido consumo energético no setor residencial.
Esta
análise e as novas orientações permitiram estabelecer novos objetivos e metas
para 2020, nomeadamente a meta geral de redução no consumo de energia primária
de 25% e uma meta específica de redução de 30% na Administração Publica. No que
diz respeito à utilização de energia proveniente de fontes endógenas renováveis,
Portugal compromete-se a uma meta de 31% do consumo final bruto de energia e de
10% no setor dos transportes. Existe ainda a denominada meta 20-20-20, ou seja,
uma quota de 20% de energias renováveis, 20% de eficiência energética e uma
redução de 20% na emissão de gases de efeito de estufa previstas também para o
ano 2020.
Porém,
além destes objetivos mais concretos, existem outros de caráter ambiental, que
se prendem essencialmente com reduzir significativamente as emissões de gases
com efeito de estufa (de forma sustentável), reforçar a diversificação das
fontes de energia primária (contribuindo para aumentar estruturalmente a
segurança de abastecimento do país), aumentar a eficiência energética da
economia, particularmente no Estado, fazendo desse modo reduzir a despesa pública
e contribuir para o uso eficiente dos recursos, e ainda contribuir para o
aumento da competitividade da economia, através da redução dos consumos e
custos associados ao funcionamento das empresas e à gestão da economia doméstica,
libertando recursos para dinamizar a procura interna e novos investimentos.
Em
conclusão, as prioridades da Europa traduzem-se fundamentalmente em reduzir o
consumo energético, a emissão de gases com efeito de estufa e a dependência do
exterior, ou seja, a meta é para que a Europa se torne sustentável e segura do
ponto de vista do abastecimento de energia. Embora a crise económica comprometa
estes objetivos, os instrumentos políticos implementados vêm de alguma forma
contribuir para que a curto e longo prazo, os objetivos propostos sejam
alcançados.
Mariana dos Santos Cruz
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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