Brexit é
a junção das palavras Britain e exit, representando a saída do Reino
Unido da União Europeia. Este é um assunto que remonta a 1973, aquando da
entrada do Reino Unido na Comunidade Económica Europeia (posteriormente União Europeia),
sendo um objetivo político perseguido por vários grupos de interesse e partidos
políticos.
O
primeiro referendo sobre a saída ou não do país da CEE deu-se em 1975, com
resultado favorável à permanência. 41 anos depois, em 2016, o caso muda de
figura. O resultado do segundo referendo, convocado pelo então
primeiro-ministro, David Cameron, foi o oposto do primeiro, isto é, favorável à
saída.
O
referendo constituiu um marco histórico. Pela primeira vez, o povo de um país
membro da União Europeia votou para recuperar a sua soberania. Este resultado
trata-se também de uma grande lição para a União Europeia, que acreditava numa
verdade indubitável de que uma vez parte da União Europeia era impensável sair.
As
primeiras consequências passaram pela demissão de David Cameron, substituído
por Theresa May. Deu-se ainda uma grande indefinição nos mercados financeiros
mundiais, com grandes quedas nas bolsas de todo o mundo. A desvalorização da
libra foi acentuada, tendo esta atingido valores mínimos em 30 anos (o que favorece
as exportações, mas pressiona a inflação). Segundo o Banco de Inglaterra, a
inflação irá atingir os 2% em 2017. A instituição reviu já em baixa o crescimento para o próximo ano (de
2,2% para 1,4%) e os inquéritos às empresas demonstram que muitas estão a
reduzir os seus planos de investimento, o que ameaça o emprego. As agências de rating baixaram o rating do Reino Unido, o que significa uma menor capacidade de se
financiar no mercado externo.
Contudo,
o cenário económico é confuso. Ao que parece, o Reino Unido já recuperou do
choque inicial. A economia britânica está a crescer de forma sólida desde o
referendo: o consumo das famílias cresceu mais do que o esperado e o desemprego
caiu para os níveis mais baixos desde 2005, abaixo dos 4,8%.
A
meu ver, os efeitos reais do Brexit,
de agora em diante, são incertos e dependerão das decisões tomadas tanto pela
União Europeia como pelo Reino Unido, quando estes invocarem o artigo nº50 do
Tratado de Lisboa.
O
Reino Unido pode optar por duas vertentes. A primeira prende-se com uma inclinação
protecionista, cujo objetivo é fechar o Reino Unido ao mundo, o que serão
péssimas notícias. A segunda prende-se com uma inclinação para políticas mais
liberais, permitindo uma maior liberdade e autonomia para negociar com outros
blocos e países, sendo esta a opção mais adequada para o Reino Unido.
Quanto
à União Europeia, esta beneficiaria com uma reação humilde, vontade de negociar
e um forte desejo de manter uma boa relação com o Reino Unido.
A
verdade é que seis meses se passaram e a União Europeia já devia ter aberto os
olhos. Estamos a perder a oportunidade de redesenhar a estrutura e os ideais em
que esta assenta e construir uma verdadeira União Europeia. Embora os
potenciais efeitos, quer económicos quer políticos, da saída do Reino Unido
sejam custosos para a União Europeia, a perda de credibilidade desta terá
efeitos bastantes piores, pondo em causa os países que a compõem.
Ana Luísa
Lopes Correia
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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