Alepo
é a maior cidade da Síria, e está localizada no norte deste país. Esta cidade
desde 2012 que se encontra submersa numa batalha de poder na região, entre
governo do país, rebeldes e jihadistas, o auto-proclamado estado Islâmico, e
ainda um povo originário da Ásia Ocidental – os Curdos, que se encontram no
país e estão em guerra com o governo Sírio.
“A ONU
diz que esta guerra já provocou mais de 400 mil mortos mas há outras
organizações, como o Centro de Investigação Política da Síria ou o Observatório
Sírio para os Direitos Humanos, que colocam o número entre os 430 e os 470 mil
mortos”, segundo o Observador. Penso que é importante referir que o número de
pessoas que morreram desde o início dos conflitos é terrivelmente elevado e que
são maioritariamente civis. Nesta guerra não são só os mortos a lamentar mas
também as condições, ou melhor a falta delas, que está a matar lentamente um
número substancial de seres humanos.
“A estes
números, a ONU soma mais 4,8 milhões de refugiados dispersos por países como a
Turquia, o Líbano e a Jordânia. Há 6,6 milhões de pessoas deslocadas dentro do
próprio país. Na parte leste de Alepo, segundo Jan Egeland, conselheiro da ONU para
a crise humanitária na Síria, ainda há 30 mil pessoas à espera de serem
retiradas. Cerca de 50 mil fugiram pelo seu próprio pé nos últimos seis meses,
o período mais desesperado do conflito, quando o impasse entre americanos e
russos impossibilitou a entrada de ajuda humanitária na cidade."
A meu
ver, a ajuda humanitária é crucial para tentar garantir as necessidades básicas
da população. Por um lado, com a entrada da Rússia e do Irão a proteger o
governo de Bashar al-Assad e, por outro, os Estados Unidos fornecendo armas aos
rebeldes, a ajuda humanitária é posta em causa.
Compreendo
que a ideia destes países é terminar a guerra o mais cedo possível, mas torna-se
mais complicado com grandes países a lutar em lados opostos. Contudo, é
necessária muita cautela para não dar azo a mais conflitos para os civis
sírios.
Felizmente,
muito recentemente foi permitido pelo governo Sírio a evacuação da população de
Alepo. “A operação deveria ter começado quarta-feira, dia 14 de dezembro, mas o
cessar-fogo que necessariamente teria que estar em vigor para que se pudessem
retirar as pessoas da cidade, em segurança, foi quebrado menos de três horas
depois de ter sido acordado”. Na minha opinião, esta é uma solução muito
vantajosa para todos. Os habitantes de Alepo já começaram a ser retirados. Porém,
pelo menos, mais 50 mil ainda se encontram na cidade à espera de serem
retirados. Contudo, estão a ser levados para Idlib, uma cidade no noroeste
do país, a 65 quilómetros de Alepo, que ainda é controlada por rebeldes. Penso
que os habitantes de Alepo ainda não se sentiram verdadeiramente salvos pois continuaram
a ser controlados por rebeldes.
Muitos
esperam que no futuro a guerra acabe e que tudo volte à normalidade, mas quem
ficará a chefiar Alepo e a Síria? Na minha opinião, a reconquista de Alepo
necessita de calmas negociações entre o regime que estiver no poder no fim da
guerra e os seus aliados. Contudo, o “fim” da guerra aberta não é
necessariamente o fim do sofrimento na Síria. As forças da guerra poderão
somente mudar para outra cidade, como Idlib, para onde civis e rebeldes
rendidos estão a ser enviados, e onde não haverá nenhuma potência ocidental
disponível para os socorrer. A cidade de Idlib está a ser controlada pela
al-Nusra, um dos dois grupos provenientes da al-Qaeda.
Em suma,
todos nós somos alertados para o problema na comunicação social e nas redes
sociais, com fotos e vídeos de famílias, parecidas em tudo com as portuguesas, mas
que estão no país errado a viver um verdadeiro inferno. Cabe-nos a nós todos
não deixar passar em branco esta situação, e ajudar da forma que cada um
entenda ser a melhor. O que é realmente importante é não virar a cara a quem
está em sofrimento.
Ana Catarina Gomes Peixoto de Sousa
Baptista
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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