quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O negócio do lixo


Nos últimos dias, o tema do lixo e dos aterros sanitários tem estado na “boca” de muitos portugueses e em destaque nos media. Contudo, primeiro vamos perceber o que de facto é um aterro sanitário.
Um aterro sanitário tem como objetivo a decomposição final de resíduos sólidos gerados pela atividade humana, nomeadamente, resíduos provenientes de residências, indústrias, hospitais, e construções. Os aterros sanitários são geralmente construídos fora das cidades e comportam, essencialmente, lixo não reciclável. Por esta razão, deve haver controlo destes resíduos devido às consequências adversas que o seu depósito em aterros pode trazer ao local e à saúde pública dos habitantes. São, no entanto, muito importantes dado solucionarem parte dos problemas causados pelas grandes quantidades de lixo oriundas de grandes cidades.
É o caso de Nápoles, em Itália. É uma cidade com grandes quantidades de lixo e onde o negócio é controlado pela mafia, o que gera revolta das populações e a preocupação dos ambientalistas. As elevadas quantidades representam, atualmente, um atentado ao meio ambiente, o que desencadeia uma multa por parte da União Europeia. No entanto, os italianos estão a tentar evitar essa multa negociando com os portugueses e exportando lixo para o nosso país, nomeadamente para o aterro de Setúbal.
Segundo a notícia avançada pela RTP, chegaram a Portugal 2.736 toneladas de lixo italiano, sendo este o primeiro carregamento de um total de 20 mil toneladas que Portugal iria receber durante um ano. Não só pela sua origem mas também pela sua quantidade, inédita até então, é levantado o alerta por parte de ambientalistas, pedindo “um acompanhamento mais detalhado”.
Na realidade, verificam-se alguns “se’s” nesta problemática dado que nem todas as autoridades competentes estavam a par desta transação. Entretanto, estas autoridades já estão a par da situação e as análises aos resíduos já foram realizadas, o que culminou na proibição, por parte do Governo Português, do aterro do lixo importado de Itália. Esta decisão foi tomada com base no resultado das análises, que demonstrava a presença de elevados níveis de carbono no lixo importado, sendo, assim, este um perigo para a saúde pública.
Além do inicial Grupo Sapec, detido pelo secretário de estado do ambiente do governo de Pedro Passos Coelho, Paulo Lemos, a Valor-Rib e a Rima, do Grupo Suma, também demonstraram interesse na importação de lixo italiano.
Com isto, se o lixo fosse aceite no nosso país, Portugal ia tornar-se no “balde do lixo de Nápoles”, além de que se continuasse a receber mais quantidades além das já acordadas, num futuro próximo, o problema que hoje Itália tem poderia se tornar num problema para Portugal também, o que representaria multas para o país. Este negócio poderia sair caro à economia portuguesa e ao bem-estar dos portugueses.

Carolina Maia

Referências:
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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