segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

(Des)igualdade de género em Portugal

         Em pleno século XXI, estava sentada numa esplanada a aproveitar um sol de inverno quando, na mesa ao lado, ouvi, por acaso, um senhor dizer o seguinte: “a mulher foi o segundo erro de Deus”. Não sei qual é o primeiro erro a que o senhor se refere, no entanto, isto fez-me perceber que a discriminação das mulheres ainda existe no nosso país.
         Após uma pesquisa pela internet sobre o tema, percebi que ainda hoje, apesar de ser numa escala mais pequena, as mulheres continuam a auferir salários mais reduzidos que os homens e a trabalhar um número superior de horas não remuneradas quando se faz a comparação com o sexo masculino. Em 2015, em média, uma mulher tinha um salário de 824,99 euros por mês, enquanto que um homem recebia um salário 16,7% superior, ou seja, 990,05 euros mensais.
         A questão que para mim é fulcral é: “as mulheres são remunerações por salários mais reduzidos só devido a fatores discriminatórios”? À partida, poderíamos dizer que sim, no entanto há alguns indicadores que não devem ser esquecidos. De entre estes, destacam-se a educação, emprego e desemprego, conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional e o poder de tomada de decisão.
         Segundo o estudo intitulado “A igualdade de género em Portugal; indicadores-chave 2017”, onde os indicadores em análise são para 2015 e começando pela educação, do número total de pessoas sem nenhum nível de escolaridade completo, 71,2% eram mulheres, no entanto, 60,9% das pessoas que têm o ensino superior completo são também mulheres. Nos cursos tecnológicos, a predominância está no sexo masculino. Relativamente à taxa de emprego, esta é superior nos homens 6,8 pontos percentuais e quanto à conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar, é notório que as mulheres são aquelas que continuam a gozar mais a licença de paternidade, apesar de ter havido um aumento da percentagem de homens que o fazem. Falando de tomada de decisão e analisando a participação das mulheres na assembleia da República, constata-se que apenas 33% são mulheres.
         Analisando estes indicadores, vemos que a diferença de salários e de emprego, apesar de ter uma parte discriminatória que não pode ser esquecida, pode estar associada à elevada procura por pessoas com cursos da área tecnológica, onde a predominância é dos homens e também devido ao facto de haver mais mulheres analfabetas do que homens.
         Na minha opinião, a discriminação das mulheres existe e vai existir ainda por um longo período de tempo pois não é fácil mudar mentalidades. Penso que as mulheres deveriam começar a assumir-se, a encarar as coisas de frente e a negociar salários, a concorrerem em maior número a cargos superiores e a fazerem parte de cargos políticos, por exemplo, devia haver mais mulheres a candidatar-se a presidentes de Junta, de Câmara, entre outros.

Marisa Cabral

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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