terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Os efeitos da crise financeira portuguesa nas famílias

Atualmente, Portugal atravessa um excelente período económico. Recentemente, a Fitch e a Standard & Poor’s retiram o país da categoria de lixo. Além disso, o Banco de Portugal melhorou as suas expetativas de crescimento do PIB e das exportações. Apesar disto tudo, não há muito tempo, Portugal passou por uma crise económica financeira que acabou por afetar as famílias portuguesas. Em 2011, face a um fraco crescimento e a uma subida a pique da dívida pública e do défice, o governo na altura decidiu pedir ajuda às instituições financeiras internacionais. Medidas de austeridade foram implementadas para “apertar o cinto”. Apesar da melhoria das contas públicas e recuperação da confiança dos investidores, essas medidas acabaram por piorar a recessão e prejudicaram as famílias e as suas escolhas.
Entre 2010 e 2014, segundo o INE, a carga fiscal em % do PIB aumentou de 30,4% para 34,3%. Isto mostra-nos claramente um maior peso sobre a economia e, por isso, sobre as famílias. Este aumento da carga fiscal provocou uma diminuição dos rendimentos das famílias. Em 2010, as famílias registavam perto de 130 mil milhões de euros em rendimentos disponíveis brutos, tendo esse valor sofrido uma queda violenta até 2014, cujo valor ficou à volta dos 117 mil milhões. Face a esses indicadores, verifica-se que as escolhas de consumo das famílias foram afetadas. Segundo a Pordata, no mesmo período que estamos a analisar, registou-se uma descida das despesas de consumo das famílias de 122 mil milhões para praticamente 114 mil milhões de euros.
Contudo, apesar de entre 2014 a 2016 a carga fiscal em % do PIB e os rendimentos disponíveis das famílias terem praticamente estagnado, as despesas de consumo das famílias aumentaram. Isso pode ser justificado pelo aumento da confiança das famílias na economia, já que, nos finais de 2013, Portugal tinha saído da recessão e registado uma recuperação, pelos baixos valores dos juros e pelas famílias não verem benefícios em adiar o seu consumo, tendo em conta os valores da taxa de poupança.
Atualmente, este governo tem implementado uma política de recuperação de rendimentos. Essa recuperação de salários tem ajudado a fazer crescer o consumo, mas há que ter cuidado em não provocar um défice na balança comercial.

Paulo Francisco Ferreira Lopes

Nota: Todos os dados mencionados neste texto foram retirados da Pordata e do INE

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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