terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Energias Renováveis – Opção Ambiental e Financeira (versão revista)

A utilização de energias renováveis é uma ação cada vez mais aplaudida e requerida na comunidade europeia, sendo que existem metas e políticas, em termos ambientais, que só podem ser atingidas através da sua instalação pelos diversos países europeus. No entanto, os efeitos não têm sido apenas ambientais, no que diz respeito a Portugal, mas também financeiros, segundo a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). Entre 2010 e 2016, a produção de eletricidade através de energias renováveis resultou em poupanças de 265 milhões de euros, originando 38 milhões de euros de poupanças por ano, visto que Portugal não é rico em combustíveis fósseis e como tal contribuiu para uma menor dependência energética.
A eletricidade gerada através de energias renováveis no “Mercado Ibérico de Eletricidade” (MIBEL) conduziu a uma redução dos preços “grossistas” de eletricidade, o que é comprovado pela diferença de preço no dia 1 de janeiro de 2016, com (44,75 euros) e sem (63,44 euros) energia renovável a ser utilizada, ou seja, evidencia a existência de uma queda de 18,69 euros, aproximadamente. António Sá da Costa, presidente da APREN, afirma que “as energias renováveis não foram um custo para o consumidor, foram pelo contrário, um benefício para os mesmos”. Para além disso, o estudo dirigido pela APREN relata que “as energias renováveis evitaram a importação de combustíveis fósseis no valor de 5.620 milhões de euros e pouparam 475 milhões de euros com as licenças de emissão de dióxido de carbono”.
Um dos indicadores mais importantes, no que diz respeito à energia, é a intensidade energética, que mede o rácio entre o consumo de energia de uma economia e o seu PIB, ou seja, quanto maior for a intensidade energética mais eficiente será um país na sua realocação de fundos para o setor energético. A recente tendência comprova que a EU-15 está em declínio constante e continuado, ao invés de Portugal, que apresenta um crescimento sustentado desde 1980, atingindo valores próximos de uma potência económica como os EUA.
O setor dos transportes é um dos setores mais importantes da economia portuguesa. Logo, é necessário que exista um sistema ambiental sustentável e ecológico interligado a este setor. Atualmente, uma grande proporção dos transportes públicos contribui para os níveis de energia limpa atingidos por Portugal, em comparação à EU. O peso deste setor nos valores finais do quadro abaixo representado é considerável.
A evidência de que cada vez mais Portugal é um país que apoia e promove energias renováveis decorre do facto que, em maio de 2016, o consumo de eletricidade foi durante 4 dias consecutivos assegurado por fontes de energia limpa, poupando assim na importação de carvão e petróleo e estabelecendo um recorde nacional. No entanto, existem ainda outros exemplos, como é o caso da instalação de 18 mil painéis fotovoltaicos nas instalações do IKEA em Paços de Ferreira, designado como um dos maiores projetos em “coberturas para autoconsumo energético na Europa”, permitindo evitar a emissão de 2358 toneladas de CO2.
Em comparação com a área do euro, Portugal é dos maiores consumidores de energias renováveis, ultrapassado apenas pela Suécia, Finlândia, Dinamarca, Estónia, Letónia e Croácia, sendo que 28% da energia consumida é de facto proveniente de fontes limpas, aproximando-se assim da meta imposta para 2020, que ronda os 31%.


Em suma, o objetivo comunitário europeu no futuro é o foco central nas fontes de energia limpa, impondo-se assim várias metas aos países europeus. As expetativas são de que mais de metade dos carros irá funcionar por via elétrica no futuro, havendo uma enorme desvalorização do petróleo e do carvão. Embora ainda existam vários passos a dar, Portugal é dos países que mais pretende apostar neste tipo de energias, relembrando-se o enorme investimento na Central Solar fotovoltaica da Amareleja, um projeto de enorme estímulo fiscal que pode ser replicado se forem cumpridos vários requisitos, como é o caso de maiores “incentivos no IRS e uma redução da taxa do IVA nos equipamentos solares”.

Ivo Barros Brito

Referências Bibliográficas:
Amador, J. (2010). Produção e consumo de energia em Portugal: Factos estilizados. Boletim económico, 71-86.

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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