segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Esconder desemprego

Repararam na súbita transformação da tendência de desemprego em Portugal, ocorrida no últimos meses? Eu reparei. Eu que só ouvia falar de um Portugal de mudança, onde o fim da epidemia estava perto e que o país estava numa de curar o desemprego. Extraordinária técnica de dissuasão é o que se apresenta aos nossos olhos, uma autêntica contabilidade manhosa com mãos de políticos embaraçosos. 
Antes de nos centrarmos no tema de desemprego, precisamos de parar para analisar o quadro geral onde se reflete uma desvalorização da força de trabalho acompanhada por uma generalizada precarização do emprego. 
Hoje o emprego já é uma área apagada: pessoas trabalham pouco e recebem nada. O dito emprego, já nada tem a ver com os conceitos de “formação”, “estágio”, “empreendedorismo” e até “emigração”. Tudo se confunde, isto porque o trabalho precário é quem manda e foi, desde sempre, um objetivo governativo. Aliado a este trabalho instável dos portugueses, está o facto de este tirar coesão relativamente aos empregados, que fará que cada um atue segundo um pensamento de “salve-se quem puder”, criando desunião, onde só o governo sai a ganhar com isso.
Primeiramente, era tudo bonito e o governo investia e fazia propaganda em empreendedorismo e formação. Numa segunda fase, tudo isso se desfaz e encontra-se o camuflado desemprego. Entre elevados números de emigração, desempregados “ocupados”, gente não inscrita nos centros de emprego, o governo vem atirar “areia para os olhos” dos portugueses, dizendo que o desemprego é cada vez mais pequeno. 
Analisando agora em concreto dados, podemos concluir que a população ativa em Portugal desceu aproximadamente 200 mil indivíduos em apenas 2 anos, paralelamente a uma subida do saldo migratório, isto é, passámos a verificar um maior número de emigrantes em relação a imigrantes, pelo que é bastante fácil de entender a descida da taxa de desemprego, assim como a sua manipulação.
Em suma, podemos concluir que o governo não apresenta uma política real de criação de empregos, pelo  que o futuro do país não é brilhante quanto ao desempenho da força laboral, e enquanto essa situação não for contornada a economia portuguesa não poderá ser uma economia de crescimento sustentável.

José Luís Martins da Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Sem comentários: