Os carros movidos por combustíveis fósseis são cada vez mais uma problemática presente no nosso dia-a-dia em que os preços do petróleo, mesmo com as diminuições que temos observado atualmente, continuam elevados e a libertação dos gases poluentes cada vez mais preocupantes, como, por exemplo, o aumento do nível de emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Há uma necessidade de combater as alterações climatéricas, para as quais terão de ser reduzidas as concentrações de CO2 na atmosfera, de forma a contrariar o modelo de combustíveis fósseis. Por outro lado, verifica-se a possibilidade de esgotamento deste recurso energético cujo consumo está a crescer mais rápido que a sua produção e, apesar da atual crise económica, se as economias continuarem no atual ritmo de crescimento, os preços continuarão a aumentar.
Na tentativa da resolução desta problemática, tenta-se inserir no mercado os chamados veículos elétricos (VE). Veículos elétricos são aqueles que possuem parcial ou total parte do seu funcionamento movido por energia elétrica. Desses veículos podemos destacar os veículos híbridos (parcial), os veículos híbridos plug-in (parcial) e veículos elétricos puros (total).
Num contexto económico como o de Portugal, perante o elevado peso dos produtos petrolíferos no setor dos transportes, os VE apresentam-se como uma das soluções de promoção do transporte eficiente. Em 2011, Portugal foi o sétimo país com maior dependência energética, estando portanto acima da média dos 27 países que compõem a UE. Portugal é um país com poucos recursos energéticos endógenos, em particular, petróleo e derivados, representando estes mais de 80% da fatura energética, onde o setor dos transportes é aquele que regista um maior consumo energético (40% da energia é utilizada neste setor). Desta forma, os transportes são assim um setor com elevado peso em matéria energética e ambiental, apresentando mais de um terço do consumo de energia em Portugal.
A utilização de energias renováveis é um instrumento de redução da dependência externa, dos níveis de emissões de gases poluentes e a dissociação dos custos da energia das flutuações dos preços do petróleo. Desta forma, o país torna-se mais autónomo com o uso destas energias, combatendo o aquecimento global. As desvantagens apontadas ao sistema utilizado nos veículos elétricos são as tecnologias usadas nos motores, as quais ainda são consideradas muito dispendiosos e com falta de autonomia.
Em 2009, com as importantes questões quanto ao nível energético, a UE teve de aprovar o pacote 20-20-20 – medidas de combate às alterações climáticas de forma a alcançar determinadas metas para 2020, tais como: 20% de redução das emissões de GEE relativamente aos níveis de 1990; 20% de quota de energia proveniente de fontes renováveis no consumo final bruto; 20% de redução do consumo de energia primária relativamente à projeção do consumo para 2020, mediante um aumento da eficiência energética.
Durante o primeiro ano de vendas destes veículos, o Governo manteve os incentivos fiscais onde os veículos exclusivamente elétricos estavam isentos do Imposto Sobre Veículos (ISV), sendo esse direito revogado através de uma proposta feita pelo PSD e CDS, a qual foi justificada "com o compromisso assumido no memorando de entendimento celebrado pelo Estado português com a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE) de avaliar os atuais instrumentos relacionados com a energia, incluindo os incentivos fiscais em matéria de eficiência energética, designadamente da avaliação do risco de sobreposição ou de inconsistência de instrumentos". Para além disso, com o reduzido número de carros elétricos a circular na estrada, existe uma certa falta de interesse por parte do Governo no investimento em postos de abastecimento elétricos. Apesar da existência de alguns postos pelo país, esses ainda não são o número desejado, o que faz com que as pessoas interessadas neste tipo de veículos pensem duas vezes antes de o adquirir.
Também é defendido que uma das causas da falta de incentivo para a compra destes veículos será os interesses económicos no setor dos combustíveis fósseis, em que, caso grande parte da população portuguesa possuísse um VE, parcerias com outros países, nomeadamente com os pais exportadores destes combustíveis, terminariam, acabando também com eventuais interesses económicos inerentes.
Estudos feitos a esta temática afirmam que a procura de combustíveis em Portugal tenderá a diminuir, como consequência da redução de consumos provocada pelo desenvolvimento tecnológico e pelo aumento da eficiência dos motores de combustão e resultado do número de viaturas a gasóleo. Na vertente económica, o aumento do número de VE no mercado permite uma redução da dependência dos combustíveis fósseis, quer por via da maior eficiência de consumos quer pela diversificação energética e da utilização de eletricidade proveniente de fontes de energia renováveis, contribuindo assim para um equilíbrio da balança comercial, nomeadamente ao nível da redução do saldo de importações de petróleo e derivados.
Inês Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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