segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Um diagnóstico ao preço dos combustíveis

Nos dias que correm, os combustíveis são indispensáveis no quotidiano. A economia mundial é fortemente dependente de combustíveis fósseis, não renováveis, como é o caso do petróleo e seus derivados (como, por exemplo, o gasóleo). Assim, a situação política mundial, desde a 2ª Guerra Mundial, está deveras dependente do equilíbrio entre países consumidores e países produtores de petróleo. Uma situação que é complicado alcançar uma vez que as maiores empresas petrolíferas mundiais são Americanas e Europeias, enquanto os maiores produtores mundiais de petróleo são a Arábia Saudita, o Irão, o Iraque, o Kuwait e a Venezuela, fundadores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
As crises petrolíferas a que assistimos ao longo dos anos foram causadas pelos aumentos significativos do preço do petróleo por parte da OPEP, liderada pela Arábia Saudita. Esta tinha como objectivos políticos assumir o controlo da produção, aumentar a influência dos países produtores nas relações mundiais e reforçar o poder sobre as petrolíferas e os seus países de origem. Para além disso, tinha também objectivos económicos, como a gestão da relação entre oferta e procura com o maior lucro possível.
Contrariamente ao que aconteceu no passado, nos últimos meses assistiu-se a uma redução do preço dos combustíveis. A cotação do petróleo está em queda desde Junho mas só agora é que surgem as grandes reduções de preços no gasóleo e na gasolina. As empresas que operam no sector em Portugal prevêem uma redução acentuada nos preços, reflectindo a descida das cotações internacionais do petróleo, que agora alcançaram níveis mínimos de quatro anos. A queda das cotações de petróleo está a ser forçada pelas grandes quantidades de petróleo que estão a chegar aos mercados internacionais, numa altura em que não houve aumentos no consumo - com a Europa e a China a evidenciarem abrandamentos. 
No momento presente, a OPEP está a registar os níveis mais elevados de produção petrolífera, com a Arábia Saudita e o Irão a praticarem os preços mais baixos dos últimos seis anos. "Além do aumento da produção petrolífera na América Latina, sobretudo no Brasil, os mercados estão a ter um excesso de oferta de petróleos de diversas proveniências, com grande expressão por parte das produções sauditas e do Médio Oriente, onde os contractos de futuros sobre o crude iraniano atingiram os valores mais baixos dos últimos seis anos, mas também dos produtores russos e do próprio petróleo norte-americano", analisa uma fonte de uma empresa portuguesa do sector.
Já Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal, refere que "há muitos reguladores que questionam o lento ajustamento da descida de preços da gasolina e do gasóleo, e isso acontece em vários mercados, dos EUA a Espanha", mas admite que "há factores cambiais (a desvalorização do euro face ao dólar) que amorteceram as quedas de preços dos refinados em euros". 
Em jeito de conclusão, é importante referir que a procura por combustíveis no mercado nacional recuou no mês passado, facto revelado pela Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis, apesar da crescente redução do preço dos combustíveis. O mercado de energia, bem como quaisquer outros mercados, passa por ciclos. Segundo diversos analistas russos, o preço do petróleo começará a aumentar já a partir do próximo ano, contrariamente ao que é previsto pelos portugueses que operam neste sector.

Rita Margarida Silva Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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