terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O sector do turismo em Portugal

Portugal foi um país pioneiro na institucionalização do turismo na norma do Estado, há um século, e tornou-se um dos mais importantes países turísticos europeus. Os seus recursos naturais e culturais e os produtos e destinos turísticos próprios, reconhecidos nacional e internacionalmente, são aspectos fundamentais a abordar quando pensamos e falamos de como ultrapassar a crise actual. Um dos desafios fundamentais para a mudança é, seguramente, continuar a apostar no sector hoteleiro, através da sua inovação e incremento de novas políticas que permitam aos turistas gostar ainda mais de Portugal e terem vontade de regressar.
As comemorações do centenário do turismo em Portugal têm celebrado o passado, mas não deixando de perspectivar caminhos de futuro e procurar formas de actuação que se constituam como oportunidades para o nosso país. É determinante a aposta nas redes de conhecimento, externa e internamente, para a afirmação do turismo português como uma mais-valia para a nossa economia, conseguindo atrair turistas de países em crescimento económico, nomeadamente o asiático, onde o poder económico destes permite que consigam gastar uma boa parte do seu orçamento em viagens, sendo recentemente considerado o povo que mais viaja em todo o mundo e que o mais gosta de fazer. Se vierem para Portugal serão concerteza bem recebidos devido aos nossos valores solidários e hospitaleiros, e quanto mais gastarem aqui melhor será para nós, e para os nossos cofres muito debilitados pela crise económica.
O papel das redes é fundamental para a gestão da inovação e consequente melhoria da competitividade do sector turístico, a que se associa o impacto das tecnologias e das indústrias criativas e culturais na potenciação dessa inovação. Neste aspecto, o fortalecimento do papel de Portugal no turismo internacional passa por criar e liderar (se possível) uma Rede Lusófona em Turismo, a qual deve ter como objectivos constituir-se como uma plataforma de comunicação e promoção de programas de cooperação, mas também congregadora de maior intercâmbio social e económico. Tratar-se-ia de uma oportunidade para Portugal, tendo como característica a língua comum (com países lusófonos, para ganhar escala e antes que essa conjuntura esteja irremediavelmente perdida, pelo avanço da concorrência).
Internamente, a diversidade e a biodiversidade do nosso país sempre potenciaram a criação de produtos, destinos e marcas importantes de uma estratégia turística nacional que, por sua vez, se deve articular, com a própria marca do País. A acrescentar a isso, os últimos dados estatísticos demonstram o carácter exportador do sector turístico, além de que o valor do turismo no produto interno bruto (PIB) português é um dos maiores de entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). 
A oferta turística tem crescido também em qualidade e diversificando as experiências disponíveis. Com ela, devemos ser capazes de fazer algo de novo e diferente relativamente a outros destinos dos quais nos chegam sinais de boas práticas e, muito importante,  é necessário não descuidar os pormenores para satisfazer o consumidor, o alvo principal das atenções.
Mas será que o turismo faz hoje parte da estratégia da economia nacional? E da cultura? E da educação e ciência? E do ambiente e ordenamento do território? E da cidadania?
Temos consciência de que as mudanças e incertezas no mundo geram dificuldades aos governos, para estabelecerem agendas orientadas e esclarecidas para o futuro, e às empresas, no confronto com a actual situação económica e social. Mas é possível, porque o turismo é uma das chaves, pelo potencial que tem no confronto da crise, pelas redes de negócio e relações sociais que gera, pelo envolvimento das comunidades locais.
A transversalidade do turismo é um factor que poderia conduzi-lo a eixo estratégico e de relançamento do país. Para tal, a articulação entre todas aquelas áreas é fundamental, para que este sector continue a apresentar excelentes perspectivas de crescimento, e que seja cada vez um dos sectores com mais peso no nosso produto. Devemos apostar seriamente em atrair mais turistas, de forma a que Portugal continue como uma referência nos destinos turísticos mundiais. 
Condições geográficas e sociais já estão garantidas, faltando apenas a especialização de todos os trabalhadores do sector de forma a aumentar a qualidade dos serviços, e conseguirmos marcar os turistas de forma a regressarem, ao nosso belo país, Portugal!

Afonso António Peixoto Pereira

Fontes: 
http://www.appm.pt/blog/opiniao/o-efeito-do-turismo-na-economia-portuguesa/

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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