sábado, 20 de dezembro de 2014

O Peso do Petróleo na Economia Portuguesa

A partir de meados do século XX, o petróleo assumiu um papel determinante enquanto fonte de energia desencadeadora de crescimento e desenvolvimento dos países. 
A forte intensificação da sua utilização, quer enquanto combustível quer através da incorporação desta matéria-prima na produção de bens e serviços, explicam como as variações do seu preço estão intrinsecamente associadas a flutuações económicas tratando-se, portanto, de um fator preponderante na explicação das variações da atividade económica. Deste modo, variações positivas no preço do petróleo afetam positivamente e de uma maneira significativa a taxa de inflação e a taxa de desemprego. Já quanto ao emprego total, o PIB e o índice de produção industrial os efeitos são negativos.
Portugal apresenta um grau de dependência elevado (calculado através da diferença entre o nível de produção doméstica de energia comparada com a oferta total de energia primária), uma vez que a produção primária de energia se restringe a energias renováveis devido à inexistência de fontes de energia fósseis no nosso país.
No entanto, apesar do petróleo representar cerca de 55% da componente energética da nossa economia, tem-se vindo a verificar uma substituição gradual por gás, uma intensificação da aposta na produção de energia eólica e hídrica e até uma estratégia para assegurar um maior nível de segurança energético através da diversificação de fornecedores. 
Com isto, aliado ainda a fatores como a flexibilização do mercado de trabalho e políticas monetárias mais credíveis, comparativamente às praticadas na década de 70 (quando ocorreu o primeiro grande choque petrolífero), Portugal tem conseguido suavizar a exposição da sua economia ao preço do crude. Ainda assim, tratando-se de uma economia importadora de petróleo, permanece sensível às subidas no preço do crude, contribuindo tal para deteriorar a balança comercial.

Camila Helena Ӧlund Matos 

Bibliografia:
Robalo, Pedro Brito and Salvado, João Cotter (2008). “Oil Price Shocks and the Portuguese Economy since the 1970s”. FEUNL Working Paper Series No. 529;
Amador, J. (2010) “Produção e consumo de energia em Portugal: Factos estilizados”. Artigo do Banco de Portugal;
Barsky R., Kilian L. (2004). “Oil and the macroeconomy since the 1970s”. NBER working paper 10855;
Rotemberg, J. J., and Michael Woodford (1996). “Imperfect Competition and the Effects of Energy Price Increases”. Journal of Money, Credit, and Banking, 28 (part 1), pp. 549-577.

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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