terça-feira, 24 de setembro de 2019

Ainda vamos a tempo?

Sabe-se que o Desenvolvimento é um processo complexo e um desafio multidimensional, com interligações entre as diversas variáveis económicas, sociais e ambientais. O desenvolvimento sustentável refere-se a um modo de desenvolvimento capaz de responder às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de crescimento das gerações futura. Visa, assim, melhorar as condições de vida dos indivíduos, preservando simultaneamente o meio envolvente a curto, médio e, sobretudo, longo prazo, comportando um triplo objetivo: um desenvolvimento economicamente eficaz, socialmente equitativo e ecologicamente sustentável.
Só em 2015 foi possível conceber uma agenda global de desenvolvimento, aprovada ao mais alto nível político, que integrasse as três dimensões do desenvolvimento sustentável numa visão comum e universalmente partilhada do que queremos para a humanidade nos próximos anos. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030, adotados pela quase totalidade dos países do mundo, no contexto das Nações Unidas, definem as prioridades e aspirações do desenvolvimento sustentável global para 2030 e procuram mobilizar esforços globais à volta de um conjunto de objetivos e metas comuns.
São 17 ODS, em áreas que afetam a qualidade de vida de todos os cidadãos do mundo e daqueles que ainda estão para vir. Um relatório feito por cientistas independentes para a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável para 2019, apresentado este mês em Nova Iorque, coloca Portugal em 26.º lugar de um total de 162 países avaliados. Com 76,4 pontos de um máximo de 100, Portugal encontra-se entre os 30 países mais sustentáveis do mundo, segundo o relatório, que avalia o desempenho de 162 países nos 17 ODS. Desses 17, Portugal está a cumprir da melhor forma o sétimo - energias renováveis e acessíveis, que deve garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e modernas para todos. À semelhança da maioria dos países, Portugal tem tido um desempenho negativo no objetivo 13, da ação climática, que consiste em adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas nas políticas, estratégias e planeamentos nacionais.
Os cientistas consideram que o progresso feito nos últimos 20 anos está em risco de se reverter, devido às desigualdades sociais e declínios "potencialmente irreversíveis" no ambiente. De forma geral, o relatório conclui que as mudanças e o desenvolvimento sustentável do mundo são demasiado lentos e não vão garantir o cumprimento dos ODS até 2030. Na sequência destes dados, António Guterres alertou que o mundo precisa de um novo modelo de desenvolvimento, ligado às alterações climáticas, que garanta justiça e igualdade entre as pessoas, mas também uma boa relação entre a população e o planeta.
Na minha opinião, é urgente e obrigatório a existência de mudanças de atitude por parte de todos, em especial por parte das autoridades públicas, que devem adotar políticas e soluções apropriadas, de modo a limitar e combater as emissões de dióxido de carbono, melhorar a gestão dos recursos naturais, especialmente, o seu consumo, e combater a exclusão social e a pobreza na Europa e no mundo. É fundamental que ciência e política assumam papéis mais significativos para a transformação das quatro áreas mais importantes da relação humana com a natureza: o uso de recursos naturais, o sistema alimentar, a produção e o consumo, e a sustentabilidade das cidades. 
A formação, a educação e a consciencialização humana são também instrumentos importantes para alcançar o desenvolvimento sustentável. Numa era de sinais contraditórios, em que por um lado existem cada vez mais pessoas preocupadas com as alterações climáticas, estando a população jovem cada vez mais mobilizada, e, por outro lado, temos as mudanças políticas em países importantes, como os EUA ou o Brasil, que põem em causa as metas estabelecidas nos últimos anos, torna-se necessário consciencializar os países e os seus governantes que os padrões de desenvolvimento económico têm que ser outros. Estes padrões devem basear-se numa relação diferente com os recursos naturais e a sua exploração, sendo necessário que os governantes mundiais percebam que o problema da sustentabilidade do planeta não é uma fábula, mas sim um problema real e cada vez mais preocupante.

Sara Vieira Ribeiro

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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