quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Novo episódio, mesmo protagonista: Donald Trump

O tempo vai passando e as marcas do mandato de Donald Trump não param de aumentar, sendo já bastantes as polémicas geradas ao longo dos últimos 2 anos. O presidente norte-americano continua a acumular “inimizades” e climas de tensão com outras nações, como por exemplo com o seu país vizinho, o México, aparte a Coreia do Norte, o Irão ou até mesmo com a China, com a qual mantém uma relação baseada em polémicas.
Os Estados Unidos e China têm vindo a rivalizar de forma crescente no panorama económico mundial, o que se refletiu numa queda das trocas comerciais entre ambos os países. No foco desta situação estão as taxas alfandegárias impostas pelo governo aos bens importados do país rival. Deste modo, numa tentativa de garantir a supremacia americana, Donald Trump já alegou intenções de elevar o valor destas taxas para os 30% sobre os 250 mil milhões de bens comprados à China, bem acima dos 15% anteriormente fixados, como forma de diminuir a importação de bens chineses. O líder norte-americano afirma ainda que os EUA “perderam estupidamente” biliões de dólares para a China nos últimos anos, incluindo “no roubo de propriedade intelectual”.
As repercussões desta disputa fizeram-se de imediato sentir: ocorreu uma queda de 22% nas importações de produtos americanos por parte da China durante o mês de agosto, comparativamente ao mesmo mês do ano transato, o que representa a perda de 10.3 milhões de dólares. No sentido oposto, o consumo de produtos chineses pelos norte americanos (maiores consumidores dos mesmos) sofreu uma quebra de 16%, cerca de 44.4 milhões de dólares.
Deste processo resultou que as empresas norte-americanas receberam um aviso para que cessassem quaisquer negócios que mantivessem com entidades chinesas, e começassem a procurar parcerias noutros países. Um dos casos que teve mais destaque no seio desta situação foi a proibição imposta no início de maio do ano corrente (que mais tarde nesse mesmo mês foi levantada por um período de 3 meses, a pedido de empresas norte-americanas) à empresa “Huawei”, marca chinesa e maior representante do país na produção de smartphones no cenário internacional. O hardware e software utilizados na produção dos smartphones era em grande parte proveniente de empresas americanas.
O impedimento de ter acesso ao sistema operativo “Android” e ao maior motor de busca existente, o “Google”, como restrição de acesso a aplicações americanas, como “Facebook” e “Instagram”, levou a que a empresa tivesse quebras nas receitas a rondar os 30 milhões de dólares até ao passado junho, e espera que até ao final do ano atinjam os 100 milhões de dólares, cerca de 10% face ao ano anterior.
Na outra face da moeda, levantam-se algumas preocupações em relação ao homólogo americano da fabricante de smartphones chinesas, a “Apple”.
A “Apple” deverá ser provavelmente o gigante americano que mais depende dos produtos chineses uma vez que a grande maioria dos seus fornecedores são entidades chinesas. A multinacional norte-americana tem, em solo chinês, cerca de 17% das suas receitas, e 29% dos lucros da empresa advêm das margens sobre os produtos de alta qualidade lá vendidos. Contudo, a confirmar-se o cenário negativo para a “Apple”, o Goldman Sachs estima que os lucros da empresa possam cair 30%, cerca de 15 biliões de dólares.
Outro ponto importante carateriza-se pelos problemas associados à realocação do elevado volume de negócios para fora de território chinês, assim como ações associadas a empresas de produção do mesmo. É de realçar que a “Apple” é a primeira empresa com valor superior a 1 trilião de dólares.
Várias questões se levantam: e se a China retribui da mesma forma? Que impacto terá na empresa mais rentável dos EUA? Caso a China retalie, irá Donald Trump reagir da mesma forma, como reagiu perante a resposta da China face às taxas aduaneiras e agravar ainda mais esta guerra comercial instaurada?

Daniel Andrade

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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