quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Plataformas digitais vieram para ficar

A economia da partilha veio para ficar. Cada vez mais são as plataformas digitais que estão ao nosso dispor, possibilitando a obtenção, a previsão e a partilha de bens e serviços que contribuem para o nosso bem-estar e melhoria do nível de vida. Contudo, os problemas relacionados com estas aplicações existem. De uma forma geral, as plataformas digitais devem ser vistas como benfeitoras ou claramente o contrário?
Uma das principais e mais polémicas aplicações que se encontra disponível com apenas alguns cliques no nosso smartphone é a Uber. Esta aplicação permite-nos obter transporte para o local desejado, contudo funciona sobretudo nas cidades, não tendo uma gande cobertura nas restantes regiões do nosso país.
Segundo um estudo da Deloitte, realizado entre Setembro de 2017 e Janeiro de 2018, o impacto da Uber em Lisboa revelou-se positivo para a economia, contribuindo para a criação de oportunidades de emprego nesta cidade.
A Uber está presente no nosso país desde 2014, colaborando para a criação de 5300 postos de emprego nesta Área Metropolitana, dando oportunidade de trabalho a cerca de 630 desempregados. Os dados estimados apontaram para um impacto económico total na ordem dos 90 milhões a 130 milhões, apenas nesta cidade, em 2017. Prevê-se, com base no histórico, que em 2020 atinja um impacto na economia de 170 milhões a 235 milhões e ainda a capacidade de criação de novos empregos.
Do ponto de vista dos utilizadores, parceiros e motoristas, esta aplicação contribuiu para a melhoria da mobilidade em Lisboa. Efetivamente, estes serviços digitais facilitam a vida dos cidadãos locais e, sobretudo, turistas, permitindo que através de alguns procedimentos consigamos ter à nossa disposição um conjunto vasto de serviços úteis, que outrora não eram tão acessíveis.
Apesar destas vantagens, um dos problemas associados a estas plataformas que vieram revolucionar o mercado de transporte é a menor segurança, quando comparadas com o sistema tradiconal. Efetivamente, o aparecimento de novos dilemas relacionados com estas aplicações estão em cima da mesa. Manifesta-se a necessidade dos serviços tradicionais “acompanharem” estes novos serviços digitais, sendo que setores que persistam mais desatualizados acabam por ficar prejudicados.
Mas não são só as plataformas digitais com o objetivo de tornar a mobilidade mais fácil que estão presentes em Portugal. Outro caso que contribuiu para a geração de riqueza no nosso país e incremento do setor turístico é a aplicação conhecida por Airbnb, que permite a qualquer pessoa a possibilidade de encontrar e oferecer estadias, experiências e restauração em vários países. Surgiu com o objetivo de tornar a procura de alojamento mais acessível e rápida.
Segundo dados divulgados pela Airbnb, em 2018, Portugal recebeu 3,4 milhões de turistas graças à plataforma digital de reservas de alojamento, gerando mais de 2 mil milhões de euros. O nosso país foi o 10º maior mercado desta aplicação em todo o globo, ultrapassando a Alemanha e a China.
Esta plataforma revelou que “84% dos anfitriões portugueses que no ano passado receberam hóspedes através da Airbnb são proprietários da casa”. Isto significa que o rendimento extra obtido permite-lhes melhorar o seu nível de vida, ajudando-os a pagar hipotécas e despesas, por exemplo.
Salienta-se que algumas plataformas empregam trabalhadores de forma direta, enquanto outras aplicações permitem que qualquer indivíduo use a sua marca e obtenha um bónus nas suas remunerações. Deste modo, contribuem para o crescimento do PIB português, assim como a divulgação do nosso país.
A economia da partilha tem cada vez mais relevância, proporcionando a diminuição dos custos de transação e do tempo dispendido, tal como a redução do número de intermediários. Por outro lado, esta economia essencialmente online, ocasionalmente, pode originar problemas de ineficiência na economia e desafios propensos a provocar alterações que afastam os diversos mercados de um sistema competitivo justo.
Mas será que ainda há margem para expansão destas aplicações? E quanto ao turismo derivado das plataformas digitais, ainda poderá ter acréscimos significativos? No meu ponto de vista, a economia da partilha veio para ficar e, decerto, este mercado online veio para prosperar. Apesar das questões complicadas que possam surgir, uma coisa é certa: o mercado digital tem potencial para crescer nos próximos anos e é com esta nova realidade que temos de aprender a viver.

Filipa França da Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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