sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Comércio 24h

O comércio tradicional é baseado na proximidade entre cliente e vendedor. O cliente tem a possibilidade de ver o artigo que deseja comprar, experimentar se for o caso e até, por vezes, regatear o preço. Hoje em dia, este tipo de comércio já é escasso. As novas tecnologias tornam o que é tradicional em algo pouco apelativo, tornando o comércio tão simples quanto um clique no artigo que pretendem comprar.
As desvantagens de um comércio que não exige sair do sofá podem se basear na qualidade do produto não ser a expectável, o tamanho não ser o mais adequado, ou até mesmo o produto nunca chegar a casa e o dinheiro já estar no destino. Para além disso, o comércio local tem-se ressentido com este avanço tecnológico. Em alguns casos, há um acompanhamento deste desenvolvimento criando websites e vendendo os seus produtos online. No entanto, nem sempre existe esta opção, ou seja, nem sempre as pessoas se conseguem adaptar, principalmente as pessoas de mais idade, e, nesses casos, manter o negócio torna-se algo insustentável.
Os portugueses vão aderindo à moda e, segundo dados apresentados pelo jornal económico, 34% da população afirma que tenciona fazer compras online nos próximos 12 meses. Parte das suas compras são feitas em sites de marcas, mas nos últimos anos também a rede social Facebook tem vindo a ganhar espaço no que concerne à venda pela internet. Os produtos adquiridos são, na sua maioria, de sites nacionais, sendo este fator um contributo para o desenvolvimento da economia. Na realidade, o número de portugueses que realiza compras online aumentou para mais do dobro nos últimos setes anos, contudo, este aumento não é suficiente para Portugal se encontrar acima da média da União Europeia.
Todavia, o comércio 24h não se prende apenas com as grandes empresas, mas é também uma oportunidade para as pessoas venderem os produtos que não utilizam, de forma rápida e sem muito esforço. Sites como Amazon, Ebay, OLX e Aliexpress são exemplos de plataformas que permitem às pessoas adicionarem o produto que querem vender e pessoas do outro lado do planeta comprarem. O desenvolvimento da tecnologia gerou maior competitividade entre as empresas, tornando a competição de preços ainda mais visível. Promoções caso a compra seja feita online ou e o não pagamento dos portes de envio são fatores que pesam na decisão do consumidor.
As vantagens deste tipo de compras são visíveis: a comodidade, o facto de ninguém saber o que está a ser comprado, a variedade existente nas lojas online é mais elevada que a das lojas físicas, a possibilidade de criar filtros para a pesquisa ser mais eficiente e como, já foi referido, as promoções para produtos online. Contudo, também existem desvantagens: o tempo de espera, porque a compra em si é rápida, mas o produto demora a chegar até à casa das pessoas, as trocas são mais difíceis e, para além disto, o método de pagamento nem sempre agrada a todos, dado que na maioria das plataformas os cartões de créditos são os utilizados.
Em suma, é inquestionável dizer que o comércio vai se desenvolvendo e adaptando aos avanços tecnológicos. Para as gerações mais jovens, isto já é inato e não acarreta muitas complicações, parece algo natural e de fácil adaptação. Para as gerações mais antigas, a história já não é a mesma; ainda há um longo caminho a percorrer para a mudança. Acredito que, apesar de tudo, o comércio tradicional não morra completamente e que continuarão a existir pessoas em todas as gerações que prefiram o contacto humano às teclas de um computador.

Rita Sofia Mesquita

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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