quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Inteligência artificial: um parceiro ou um rival?

Todos os dias observamos à nossa volta crianças cujas brincadeiras advém de óculos de realidade virtual, bebés que adormecem a ouvir a música de embalar no tablet, animais de estimação com chips identificadores e telemóveis que nos relembram coisas básicas da vida como a hora de acordar e as tarefas que temos para fazer. Daqui, podemos concluir que o ser humano está a evoluir de uma forma diferente e que a tecnologia segue as leis de Darwin que ditam que apenas “o mais apto sobrevive” e que todas as máquinas se têm de adaptar a ambientes em constante mudança. Prova disso é o facto de o fax ter tido um final semelhante ao dos dinossauros e que os Iphones só sobreviverão se conseguirem continuar a ser superiores à concorrência, em geral. Logicamente, poderíamos concluir que o futuro da tecnologia é algo bastante incerto, porém os especialistas da área afirmam que a evolução tecnológica é algo mais previsível do que aparenta. Dadas todas as componentes que a mesma possui, é possível traçar padrões e tendências evolutivas - "A trajetória real de uma gota da chuva que desce o vale é imprevisível, mas a direção geral é inevitável".
Uma das possíveis ilações relativamente ao futuro da inteligência artificial (IA) é que será cada vez mais uma realidade do nosso quotidiano, uma vez que a IA já se encontra muitas vezes presente nos nossos dias, mas em segundo plano, como, por exemplo, o GPS, as preferências que a Netflix e o Facebook nos apresentam e algumas avaliações de provas jurídicas. Segundo um relatório elaborado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual, o crescimento da IA é consequência da grande quantidade de dados que se encontram digitalizados e dos avanços a nível do processamento computacional. Este relatório menciona ainda que o progresso referido poderá espoletar uma revolução através da deteção de padrões entre biliões de pontos de dados aparentemente não relacionados.
Assim, podemos denotar que o futuro assenta na base de tornar a tecnologia cada vez mais inteligente, ou seja, cognificar. Logo, através da cognificação, a IA poderá vir a impulsar o rendimento das colheitas, aperfeiçoar o diagnóstico de cancro e melhorar a produtividade industrial, sendo este último exemplo de elevada relevância, já que um dos autores do estudo declara que o crescimento da automatização da economia vai conduzir ao que os economistas denominam de “desindustrialização prematura”, por exemplo, isto é, ao desaparecimento dos trabalhos fabris. Por conseguinte, a IA é algo assustador para a maioria das pessoas devido ao número de empregos que podem vir a desaparecer e às consequências que podem advir do seu crescimento.
Todavia, os especialistas observam o futuro de uma forma distinta. Ou seja, a IA quando é corporizada origina robots, que, contrariamente aos seres humanos, não se distraem com as pequenas coisas e cuja função consiste simplesmente em fazer tarefas. Os especialistas afirmam que os robots vão redefinir os nossos empregos dado que irão realizar algumas tarefas, mas eles também vão gerar empregos e tarefas completamente distintas, dos quais não era conhecida a existência, da mesma forma que automatização deu origem a um conjunto de coisas que nós nem sabíamos que precisávamos e agora não conseguimos viver sem elas.
No entanto, a questão central está no tipo de tarefas que lhe serão atribuídas, dado que as mesmas têm de ser definidas em termos de eficiência e produtividade. A produtividade e a eficiência serão a principal característica dos robots, uma vez que estes são programáveis, enquanto que o ser humano é essencial em coisas “ineficientes”, tais como a ciência, uma vez que consiste em várias experiências falhadas que nos levam à aprendizagem e à inovação. Tal também, por si, só é “ineficiente” dado que construímos protótipos que falham e não funcionam. Porém, a melhor forma de observar a IA é como uma parceira de equipa, dado que os robots pensam de maneira diferente do ser humano e isso faz com que se completem.
No caso português, de acordo com um estudo da Microsoft, 75% das organizações em Portugal têm uma “baixa maturidade digital”, o que implica que ainda exista um longo caminho a percorrer. Contudo, os responsáveis da Sogrape, da Navigator e da Efacec afirmam que "Estamos a introduzir a IA na operação com vista a obter benefícios ao longo do tempo”. Todavia, também afirmam que "não adianta fazer apenas a transformação digital, é preciso mudar os processos e a cultura organizacional e apostar nas pessoas".
Concluindo, na minha opinião, a inteligência artificial é essencialmente o processo que as pessoas desenvolveram para que um computador realize as tarefas por elas de forma eficiente e produtiva, o que faz com que o ser humano possa utilizar o tempo que gastava a realizar essa tarefa a desenvolver novas ideias, a inovar. Durante os últimos anos, o slogan “A inovação é a chave para o sucesso” tem sido uma constante, o que me permite concluir que o ser humano vai ser sempre a base do sucesso de algo, porém um auxiliar como a IA só vai acelerar e aperfeiçoar todo o processo.

Ana Catarina Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: