Após décadas a poluir
constantemente este planeta, nos últimos anos vemos uma crescente preocupação
com a Natureza. Esta preocupação levou a que nos
anos 90, com os novos acordos ambientais (por exemplo, a norma EURO 0 –
imposição de limites máximos de emissões de poluente), surja um renascimento da
discussão sobre a sustentabilidade rodoviária e os veículos elétricos. Sim,
renascimento.
O primeiro carro elétrico
já data de 1884, construído pelo engenheiro Thomas Parker. E os carros
elétricos “dominavam” o quotidiano até…Henry Ford construir o Model T, a
gasolina. Assim, a produção de carros elétricos passou a ser praticamente nula
até que nos anos 70, devido à crise petrolífera
provocada pelo embargo dos países da OPEP, muitos viram os automóveis elétricos
como uma possível solução. Hoje,
mais de 1 século depois de Parker, temos as maiores marcas do mercado com
carros elétricos no mercado.
Mas voltando ao carro
elétrico, afinal o que é um carro elétrico? Os carros elétricos diferenciam-se dos demais pelo facto de
utilizarem um sistema de propulsão elétrica e não terem a
necessidade de recorrer à combustão interna. O motor elétrico converte
a energia armazenada (em baterias recarregáveis), alimentando um motor que,
por sua vez, fará a conversão da energia em energia mecânica,
possibilitando que o veículo se mova.
Agora a
questão que se prende é: os carros elétricos vão cair novamente em desuso ou,
desta vez, é para se imporem firmemente no mercado?
Por um
lado, quem compra um carro elétrico ainda tem direito a muitos benefícios por
optar por esse tipo de viaturas. Deste modo, os governos, as leis, as normas
tentam impor a ideia de que os carros elétricos vão ter uma posição cada vez
mais forte no mercado. Um dos incentivos, a nível nacional, prende-se com o
facto das pessoas singulares poderem receber um incentivo de € 3 000 e as
pessoas coletivas receberem até quatro unidades de incentivo (€ 2 250 cada
incentivo, num total de 9 000 euros). Outro exemplo é a aquisição destas
viaturas e as respetivas despesas não estarem sujeitas a qualquer tributação
autónoma e, ainda ser possível deduzir o IVA (os valores limites de dedução
referem-se ao preço base dos carros, sem impostos). Mesmo o IUC destes carros é
consideravelmente mais baixo. Além disto tudo, todos sabemos que já existem
zonas (em Lisboa, por exemplo) que impedem a entrada de viaturas que tenham
determinados níveis de emissão de poluentes. Estas medidas sugerem que a um
curto/médio prazo vão surgir (possivelmente, até já existem) zonas de países que
estejam restritas ao acesso a carros elétricos.
Contudo,
nem tudo é bom nestas viaturas. Um dos principais problemas prende-se com o
custo e recarregamento das baterias destes carros. Outro é o custo de instalação
de postos de recarregamento de baterias.
Assim,
volto a perguntar: esta ideia de carros elétricos não está a começar a ficar em
desuso, novamente?
E, de
facto, já há algum tempo que se vem mencionando o novo “modelo” de carros:
carros movidos a… hidrogénio!! Isso mesmo, hidrogénio e, os próprios
responsáveis de algumas marcas defendem esta ideia. De acordo com o responsável
da Mercedes na Índia, Roland Folger, “…dentro de pouco mais de
duas décadas, todas as populações vão conduzir automóveis a hidrogénio!”. Outro
a defender esta ideia é um dos diretores executivos da Continental. Segundo
este, as baterias dos carros elétricos são muito
limitadas. Estas limitações permitem assim abrir portas aos veículos movidos a
hidrogénio. Outra desvantagem apontada por este diretor é o facto dos carros
elétricos terem uma relação qualidade/preço mais baixa do que os modelos a
gasolina ou diesel. Assim, o mesmo conclui
que a Continental já está a considerar investir na tecnologia das células de
combustível a hidrogénio.
Uma das
principais vantagens do hidrogénio é o facto de ser o elemento mais abundante
no universo e ter grande densidade energética. E depois, claro, também não
contribui com efeitos nocivos para o ambiente. A nível de custos, são
ligeiramente superiores aos elétricos. Além disso e como ainda não são tão
populares como estes, ainda não têm tantos benefícios.
Num
futuro próximo, os carros elétricos ainda continuarão muito provavelmente a
circular, a par dos carros movidos a hidrogénio (apesar de neste momento só a
Toyota, Hyundai e Honda comercializarem estes carros). Como tal, a nossa
escolha deverá recair em dois principais aspetos: preferimos ter um carro com
bateria, que pode carregar em casa todos os dias (sem contudo, estar assegurado,
neste momento, um sistema nacional de rede elétrica que permita esse
carregamento numa situação dos carros serem elétricos a 100%) ou preferimos ter
um carro a hidrogénio, mais eficiente e que abastece muito mais rápido, com um
custo ligeiramente superior?
Esta
luta entre estes dois tipos de células de combustível será resolvido pelas
marcas e pelos produtores. No entanto, as decisões deles serão influenciadas
diretamente pelo mercado, no qual os consumidores (e os governos de todos os
países) têm uma palavra muito importante a dizer.
Pedro Luís Pereira de Sousa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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