quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Alojamento universitário

O alojamento nos centros universitários tem sido um tema alvo de debate e preocupação social. A cada ano letivo a situação repete-se. Vagas completas nas residências universitárias e rendas insuportáveis nas habitações privadas, para a maioria das famílias portuguesas.
A posição da Secretária de Estado do Ensino Superior, Fernanda Rollo, segundo o jornal público, encontra-se dividida em duas vertentes: “um problema que é bom”, porque vem mostrar a existência de muitos alunos deslocados, alunos que estudam fora da sua área de residência; mas que, por outro lado, torna-se um fator de desencorajamento ao ingresso do ensino superior. Está à vista de todos, portanto, que são necessárias medidas como forma de resposta a este problema social. Um dos objetivos do Plano de Alojamento no Ensino Superior é a aposta na reabilitação de edifícios públicos para a conversão em residências.

 No que concerne a estudantes deslocados, a região do Algarve e a área metropolitana de Lisboa (AM Lisboa) são as únicas regiões onde se verificam valores inferiores a 40%. Pela observação da figura percebe-se que são várias as regiões onde os valores passam os 50%, culminando em 42% de deslocados do total de estudantes. 

É importante observar quantos destes alunos têm vaga em residências públicas. Nesta vertente, o Algarve apresenta uma das maiores taxas de cobertura, 31,2%. Já no Porto o cenário é bem diferente uma vez que apenas 9,7% dos estudantes deslocados conseguem cama nas residências. Em Lisboa a proporção é semelhante, 9,2%. As 13.971 camas disponíveis nas residências para estudantes do ensino superior só garantem alojamento para 12% dos 131.813 alunos deslocados.
Com o agravamento da situação ao longo dos anos, os universitários este ano letivo podem contar com mais 595 camas. Este aumento resulta, principalmente, de protocolos de colaboração estabelecidos com pousadas de juventude, Santa Casa da Misericórdia, exército e diocese do Porto. E irá sentir-se, na sua larga maioria, em Lisboa e no Porto, representantes de 44% e 31% deste aumento, respetivamente, por força da procura. De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, trata-se de um aumento de 4% face ao último ano, aumentando para 15.965 o número de camas disponíveis.
Perante esta situação as associações académicas começam a fazer-se ouvir. Em Vila Real, na academia transmontana, como forma de protesto foram colocados 600 tecidos e almofadas representantes das “camas que não atravessaram a serra do Marão”, segundo a Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (AAUTAD), “nas universidades do interior, onde se verifica um número significativo de alunos deslocados, e o aumento de camas foi zero ou abaixo de dez”. Nesta instituição cerca de 72% dos alunos são deslocados, e neste novo ano letivo verificou-se um aumento do número de entradas na primeira fase de acesso ao ensino superior.
Já em Braga a medida foi diferente, mas com o mesmo intuito. A Associação Académica do Minho (AAUM) lançou neste início de ano o movimento “Uma Pedra Por Mim” para o apelo ao aumento de alojamento público. Nesta academia, cerca de 74% dos alunos são deslocados.

Margarida Pimenta

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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