domingo, 29 de setembro de 2019

Coitada da Greta

Greta Thunberg é uma miúda sueca que ficou famosa por faltar às aulas. Sofre de ansiedade por ver o mundo a transformar-se num inferno. Diz que a infância lhe foi roubada. Felizmente, nasceu num dos países do mundo onde a qualidade de vida está entre as melhores possíveis, o que lhe permitiu preocupar-se com questões como o das Mudanças Climáticas. Se tivesse nascido no meio da guerra ou da miséria, como milhões de crianças, que seria da Greta?

De momento, é o rosto do combate às Mudanças Climáticas. Fez um discurso no World Economic Forum, em Davos, e ainda outro na Cimeira de Ação Climática planificada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Porquê dar tempo de antena a uma criança que claramente não sabe do que está a falar, em vez de dar voz a alguém com mais conhecimento na matéria? Alguém que se dê ao trabalho de separar os factos da ficção e que não regurgite o mesmo “mantra” simplificado de como o clima no nosso planeta funciona.

Desde que Edward Bernays aplicou as descobertas do seu tio, Sigmund Freud, na técnica científica de moldar e manipular a Opinião Pública, que se sabe que as crianças podem ser usadas para fins políticos. Se estiverem a chorar baba e ranho, mais impacto têm.

Durante a Cimeira de Acção Climática o atual secretário geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, também discursou, tendo dito que a natureza está arreliada, e que nos iludimos se pensamos que podemos enganar a natureza, porque a natureza contra-ataca sempre. Que tinha ido à ilha de Tuvalu, onde testemunhou uma nação inteira a lutar pela sua existência contra a subida do mar. Se a natureza pode ser considerada um inimigo, que nos contra-ataca, é debatível. O que não é debatível é a situação que se vive no arquipélago de Tuvalu.

Num estudo feito pela Escola do Meio Ambiente da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, com o título “The dynamic response of reef islands to sea-level rise: Evidence from multi-decadal analysis of island change in the Central Pacic”, os investigadores concluíram que, apesar da subida do nível do mar, os resultados demonstram que a área das ilhas se manteve estável, ou aumentou durante o período em análise. Que não há evidência de uma diminuição da área em grande escala.

Mudanças Climáticas sempre existiram. Há períodos em que as temperaturas médias aumentam, e há períodos em que o contrário acontece. Isso é confirmado por evidência de Eras Glaciares. Há milhões de anos que as temperaturas oscilam sem influência da ação humana.

A mediatização das Mudanças Climáticas já tem barbas. Há mais de 80 anos que se reportam previsões de degelos. “Todos os glaciares do lado Este da Gronelândia estão a derreter rapidamente”, foi declarado pelo Professor Hans Ahlmann, um geologista sueco, em 1939. Depois, a narrativa mudou de direcção. Desta vez, em vez de as temperaturas estarem a aumentar, estavam a diminuir. Em 1970, James Lodge, um especialista em poluição, previa que por causa da poluição do ar a energia solar poderia não chegar à Terra o que originaria uma nova Era Glaciar. Outros especialistas corroboravam a versão de um Arrefecimento Global.

Nos anos 80, um consenso foi formado, o do Aquecimento Global. Em 1989, Noel Brown afirma que nações inteiras poderão desaparecer devido ao aumento de nível do mar se o Aquecimento Global não for revertido até ao ano de 2000. As previsões de que não existiria gelo no Ártico continuaram, sendo das mais famosas, entoada por Al Gore no documentário Verdade Inconveniente. A verdade inconveniente é que nenhuma das previsões se concretizou.

O ser humano tem por caraterística resolver problemas. Mas quando tenta perceber um problema com várias camadas de complexidade e reduz o problema a uma causa e a um efeito, assemelha-se aos curandeiros cuja solução para as doenças dos enfermos era expurgação de sangue. Durante anos, o tema do Aquecimento Global mudou para Arrefecimento Global, retornando a Aquecimento Global e hoje é batizado de Mudanças Climatéricas. E o culpado desta situação é o ser humano, que produz dióxido de carbono ou a flatulência das vacas que contém metano.

A narrativa é que o dióxido de carbono é um gás com efeito de estufa, que produzido e emitido para a nossa atmosfera provoca um efeito de aquecimento por não permitir que os raios infra vermelhos se escapem.

Num artigo elaborado pelo Departamento de Física e Astronomia da Universidade de Turku, os cientistas chegam à conclusão de que a contribuição do dióxido de carbono para o aumento da temperatura nos últimos 100 anos é de 0,1 graus Célsios e que o impacto antropogénico é ainda menor.

Apesar de novas descobertas, a narrativa persiste. Já Lenine sabia que uma mentira repetida frequentemente torna-se uma verdade.

Dentro do leque das soluções estão medidas de diminuição da emissão de gases de estufa, impostos sobre poluição ou ideias mais arrojadas como o lançamento de partículas na estratosfera para refletir os raios solares. Ainda há aqueles que defendem que devíamos deixar de procriar porque a solução passa por uma diminuição do número de seres humanos.

Concordo com a diminuição da emissão de gases de estufa. Por princípio, ar limpo é melhor que ar poluído. Mas a imposição de regras a nível global penaliza aqueles que sendo pobres não podem optar por alternativas “amigas do ambiente”, pois são substancialmente mais caras que combustíveis fosseis. Lançamento de partículas para estratosfera acho que é uma ideia de jerico. O mundo é demasiado complexo para deixarmos que o impacto das experiências de uns cientistas seja partilhado por todo o mundo. Quanto àqueles que acreditam que a solução passa pela diminuição do número de pessoas, não se fiquem pelas palavras, suicidem-se já.

Creio que esta narrativa ainda vai coabitar connosco mais umas temporadas. Como Charles Mackay escreveu no livro Extraordinary Popular Delusions and the Madness of Crowds: “Men, it has been well said, think in herds; it will be seen that they go mad in herds, while they only recover their senses slowly, and one by one.”

Carlos Jorge Costa Leite

Fontes:
https://www.sciencedaily.com/releases/2019/07/190703121407.htm

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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