quinta-feira, 26 de setembro de 2019

“Desta vez é diferente!”

O grande problema é que não é! Passados mais de 10 anos desde que a Crise Imobiliária dos Estados Unidos da América se manifestou, a resolução da situação na Europa ainda está por vir. Se é que vai chegar.
O Banco Central Europeu (BCE) pouco mais pode fazer que “zombificar” a economia. Manter as taxas de juro baixas e aceitar as dívidas dos estados-membro como colateral, pois caso contrário ninguém aceitaria comprar dívida de países que não sejam a Alemanha, e baixar as taxas de depósito de reservas no Banco Central Europeu, com o argumento que incentiva os bancos a fazerem empréstimos. Para empréstimos serem concedidos, tem de haver procura deles. E a procura deles só é feita quando há confiança, ou desespero.
De momento, do outro lado do Atlântico, a situação aparenta estar melhor, embora as medidas tomadas pelo governador da Reserva Federal dos Estados Unidos da América (FED) levarem-nos a pensar que não.
Com taxas de desemprego em níveis que não se viam há mais de 30 anos, no presente, em cerca de 3,6%, com um crescimento do Produto Interno Bruto a rondar os 2% e com o Mercado Bolsista em máximos históricos, porque é que as decisões da FED não vão ao encontro do que a teoria mostra? Por um lado, a FED parece estar a atuar como o Banco Central do Mundo, já que as suas ações beneficiam mais o resto do mundo que a eles mesmos, por outro, parece que se está a formar uma crise de liquidez nos EUA por causa de incerteza. Perto de 70% dos dólares físicos em circulação estão amealhados fora dos EUA. Isto deve-se à confiança que as pessoas têm na moeda, já que é comummente aceite que tem um estatuto de moeda de reserva mundial.
As medidas que estão a ser tomadas para contrariar a tendência de acumulação de moeda física são tão diversificadas como implementar nano-chips nas notas, para saber o seu paradeiro (isto foi proposto na Austrália), eliminar as notas de maior denominação (como na India) ou, o preferido da próxima presidente do BCE, eliminar por completo a moeda física, tornando assim toda a moeda digital. A narrativa para que isto aconteça é que só detém moeda física quem quer fugir a impostos, ou seja, os criminosos. Mas como disse Jean Claude Juncker, “When it becomes serious, you have to lie”.
Claro que esta desconfiança está enraizada na má gestão efetuada pelos sucessivos governos. Provavelmente, o preço que se paga quando a eleição não é feita com base na competência das pessoas, mas nas promessas infundadas de políticos ou, como Ayn Rand escreveu no seu livro “Atlas Shrugged”:
“When you see that in order to produce, you need to obtain permission from men who produce nothing - When you see that money is flowing to those who deal not in goods, but in favors - When you see that men get richer by graft and by pull than by work, and your laws don’t protect you against them, but protect them against you - When you see corruption being rewarded and honesty becoming a self-sacrifice - You may know that your society is doomed.”
Carlos Jorge Costa Leite
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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