A privatização da Caixa Geral de Depósitos é um tema que tem sido notícia
nos últimos tempos. Porém, devido à elevada controvérsia da questão diversas
opiniões têm sido lançadas. Deste modo, os argumentos a favor ou contra têm
sido bastante divulgados pela comunicação social.
Um dos argumentos apresentados
contra a privatização da CGD é a necessidade de existência de um banco público
para manter o equilíbrio do setor. Um outro motivo apresentado foi que a
existência de um banco público é muito importante, isto porque, se um banco
privado tiver dificuldades, existe um instrumento capaz de o salvar. Outro
argumento apontado foi a ideia de que os bancos públicos sofreram menos na
atual crise. Defendendo a mesma posição, manter a CGD pública é necessário pois
é este banco que financia as Pequenas e Médias Empresas, sendo que a componente
empresarial do país é formada em 90% por PME. Por fim, tendo por base os
resultados consolidados dos cinco maiores grupos bancários entre 2008 e 2010,
verifica-se que a CGD apresenta elevada rendibilidade.
A favor da privatização da CGD
também surgem argumentos. Todavia, maioritariamente refutações dos argumentos
apresentados contra a privatização. Uma das refutações apresentada exprime-se na
ideia de que a CGD não é importante para manter o equilíbrio do setor visto que
o banco regulador é o Banco de Portugal. Outro argumento é o facto de a crise
não ter afetado apenas os bancos privados. A CGD também foi afetada. Ainda no
mesmo sentido, dado que 90% da componente empresarial em Portugal são PMEs, a
CGD não é o único banco a financiar as empresas. Todo o sistema bancário tem
financiado as PME. Além disso, não é por passar a banco privado que a CGD
deixará de financiar estas empresas. Defendendo a mesma posição, apontam que,
dado a CGD ser o maior banco português, devia apresentar maior rendibilidade
que os restantes bancos. E, entre 2008 e 2011, a rendibilidade da
CGD tem vindo a decrescer, apresentando em 2011 prejuízo. Uma outra ideia
apresentada foi: “Não vai cair o Carmo e a Trindade se a CGD for privatizada”.
Isto, porque outras empresas foram privatizadas e não houve grande problema.
Por exemplo, a PT e a EDP, apesar de privatizadas são grandes referencias a
nível mundial.
Embora ambas as posições, acerca da
privatização da CGD, terem vantagens e desvantagens creio que esta decisão não
deve ser tomada de ânimo leve. A privatização é uma forma de captar mais
investimento estrangeiro e ganhar eficiência. No entanto, existem outros
fatores a considerar. Apesar de saber que o país precisa de liquidez, não creio
que privatizar a CGD nos afaste desta situação económica de crise.
A CGD é a marca nacional bancária mais valiosa, e a confiança que advém
de ser pública é um aspeto bastante considerado pelos consumidores. Há quem
justifique a venda à conta dos maus resultados. Contudo, estes provêm do facto
de a CGD ter amortecido o escândalo do BPN e o receado risco sistémico, o que
lhe custou muitos milhões de euros. A concessão de crédito às PME e a sua
função económica de equilibrar o mercado (indiretamente reguladora) são aspetos
dos quais não de deveria abdicar. Além disso, avançarmos com a privatização
levaria a uma quebra da "balança de rendimentos" porque as empresas
cairiam "em mãos estrangeiras".
Assim, medindo as partes, penso que não privatizar é a melhor solução.
Aliás, as privatizações não são mesmo uma boa solução, pois os efeitos que têm
na economia são sempre temporários. A longo prazo, esta será a melhor opção
visto que privatizar traria mais problemas financeiros do que vantagens ao
país.
Carina Alexandra Pereira Miranda
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