Com
vista a reduzir a taxa de desemprego em França, a partir do ano 2000
reduziram-se os horários de trabalho dando oportunidade aos trabalhadores
desempregados, que preencheriam esse restante horário, de terem uma fonte de
rendimento, no entanto com salários mais baixos. Esta medida foi bem-sucedida durante algum tempo (até 2008).
Em Portugal, Sócrates, implementou
esta medida, no entanto, no caso português, não teve tanto sucesso e a taxa de
desemprego não diminuiu, bem pelo contrário.
Esta
medida não ia de encontro aos interesses nem dos trabalhadores nem dos
empregadores.
Para
todos os trabalhadores, trabalhar é um sacrifício, uma vez que o objectivo
deles é pagar os bens e os serviços que querem consumir. Quanto maior o sacrifício
maior a quantidade de bens que poderá consumir de bens ou serviços. No entanto,
a exaustão também será maior.
As
variáveis que distinguem as pessoas que trabalham mais das que trabalham menos
são:
-
a riqueza (quanto maior a riqueza implica trabalhar menos)
-
o salário horário (mais salário horário implica trabalhar menos)
-
a taxa de juro (maior taxa de juro implica trabalhar mais)
Aos
portugueses interessa-lhes um horário de trabalho maior, uma vez que se atravessa
uma crise em Portugal.
Tudo indica que as pessoas querem trabalhar mais porque:
-
houve uma perda da riqueza das famílias (os imóveis e os ativos financeiros
desvalorizaram muito nos últimos anos);
-
antecipa-se uma diminuição dos salários;
- as
taxas de juro aumentaram muito.
Pelo
lado dos empregadores, temos que as empresas consideram que os turnos e os
empregos não são divisíveis, por exemplo, nunca seria possível fazer um turno
de uma hora ao fim do dia: as pessoas desempregadas não saberiam executar as
tarefas, primeiro porque uma pessoa não é facilmente substituída, as pessoas
não são dotadas das mesmas capacidades nem têm a mesma prática, segundo, porque
os primeiros a perder o emprego são os menos eficientes pelo que a substituição
levará a perda de produção, e, terceiro, porque o desemprego é um problema de
re-estruturação da economia em que uns sectores têm que diminuir para que
outros possam aumentar pelo que os desempregados não têm capacidades e saberes
para rapidamente substituírem quem está empregado.
Esse
processo leva tempo e tem custos: as empresas são equipas. Não se podem substituir uns trabalhadores rotinados
das empresas competitivas por outros porque cada um já sabe qual a sua função.
As equipas das empresas demoram muitos anos a criar (a resolver conflitos
pessoas, a determinar qual a função de que cada pessoa é mais capaz de executar,
a aprender a fazer as coisas) não sendo possível meter atuais desempregados a
substituí-las.
Concluindo, em Portugal deve
aumentar-se o horário de trabalho mantendo os salários e não diminuir o salário
diminuindo o horário de trabalho. Os desempregados serão absorvidos pelo
mercado de trabalho para se juntarem a equipas, no entanto esse será um
processo demorado pois não podem trabalhar a salários mais baixos tendo em
conta as leis laborais. Não existe uma maneira instantânea de acabar com o
desemprego, no entanto diminuir a TSU dos empregadores, aumentar o horário de
trabalho e a alargar o conceito de “capacidade diminuída de trabalho” seriam um
bom ponto de partida para atenuar este fenómeno.
Carolina
Fonseca de Oliveira
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