Com a crise ainda instalada na Europa e também ainda não ultrapassada nos EUA, cabe essencialmente aos países emergentes manter o mundo em crescimento. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) Mundial em 2013 crescerá 3,6%. Esta previsão de crescimento do PIB mundial está assente na almofada de conforto que os países emergentes dão ao mundo numa altura em que as principais economias mundiais estão a passar por sérias dificuldades. O FMI conclui também que “(…) as economias emergentes devem apresentar um desempenho relativamente melhor do que seus pares desenvolvidos (…)”. Não fosse o forte impulso dos países emergentes e o mundo como um todo poderia estar a enfrentar dificuldades ainda maiores.
O peso económico destes países é cada vez maior. De acordo com o World Economic Outlook do FMI, a quota das economias emergentes no produto mundial aumentou de menos de 20% no início da década de 1990 para um valor que já é superior a 45%, ou seja, o PIB mundial depende quase 50% de países emergentes como por exemplo o Brasil, a China ou a Índia. Países estes que mostram muita resistência a choques económicos e que, apesar de todas as condicionantes que a economia mundial enfrenta, conseguem crescer e melhorar o nível de vida das suas populações, dando sinal que a economia mundial pode contar com o fulgor das economias emergentes. Segundo o Euromonitor Internacional: “(…) a China ultrapassará os EUA para se tornar a maior economia mundial em 2017 e haverá mais economias emergentes nas dez maiores economias até 2020.” e “O aumento da importância das economias emergentes vai ter implicações para o consumo global, o investimento e o meio ambiente”. Num outro estudo, um relatório executado pela Price mostra ainda que, até 2030, 5 das 10 maiores potências mundiais serão países que hoje em dia são considerados como emergentes.
É portanto um facto que estes países estão muito bem encaminhados para se tornarem grandes potências económicas a nível mundial. Em sentido oposto temos, por exemplo, a Europa, que está mergulhada numa crise sem fim à vista e que não consegue encontrar o caminho para o progresso e crescimento. O desempenho da Europa em 2012 tem sido ainda pior do que as estimativas já fracas que o FMI tinha traçado. Em vez de um crescimento de 0,9%, a instituição aponta para uma progressão de 0,2%.
Particularizando um pouco mais, Portugal é um dos países da Europa que se encontra em pior situação, tendo já recorrido a ajuda externa. Com políticas económicas que não parecem resultar, taxas de desemprego que não param de aumentar e contestações sociais a
todo o momento, Portugal é assim um país que necessita, entre outras coisas, de criar riqueza, de descobrir novos mercados e de aumentar as exportações. Exportações essas que estão demasiado centradas na União Europeia (UE): cerca de 75% do total das exportações portuguesas são para a UE, sendo que desse valor, 26% são para a Espanha (que é também um dos países da zona euro que está em pior situação). Ou seja, Portugal tem o grosso das suas exportações viradas para uma zona que enfrenta uma forte recessão e, como tal, está sujeito a ter quebras importantes nas suas exportações.
Ora, com os países emergentes a crescer e outros em grandes dificuldades, penso que uma possível ponte entre estas duas realidades pode ajudar bastante ambos os lados. Para os países que estão em crescimento, estreitar laços comerciais com países industrializados pode ser uma boa forma de ter melhores produtos e talvez até a um menor preço. Por outro lado, os países que estão a enfrentar dificuldades têm que olhar para os países emergentes como mercados com grandes potencialidades.
Como tal, Portugal deve aproveitar as oportunidades que surgem nos países emergentes, pois são países em crescimento, onde as suas populações têm vindo a ganhar poder de compra, podendo ser uma boa escapatória para algumas empresas portuguesas, que ao exportar para este tipo de economias podem vir a conseguir contrariar significativamente os efeitos nefastos da crise na Europa. Portugal deve então centrar-se no aumento da procura por bens e serviços que se tem verificado nos países emergentes e avaliar quais são esses bens e serviços em que apresenta vantagem comparativa, de forma a entrar nesses mercados.
Isto é algo que tem de ser feito! Um relatório da OCDE, divulgado recentemente pelo Económico, aponta para um crescimento médio anual de 1,4% nas próximas cinco décadas em Portugal, ou seja, até 2060. E isso não chega… Portugal precisa de mais. E sem dúvida que criar boas relações comerciais com economias emergentes irá ajudar a melhorar estes valores estimados, ajudando numa recuperação mais rápida da economia portuguesa.
O desejável é que, por um lado, estes países “pequenos” possam crescer de forma sustentável, aprendendo com os erros dos “grandes” e, por outro lado, que Portugal consiga aproveitar as oportunidades que estes países oferecem para ajudar a relançar a sua economia.
José Miguel Ferreira de Castro Lopes
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