Os baixos níveis de escolaridade e formação e as fracas qualificações em algumas áreas, como a ciência, a tecnologia, a inovação, a gestão e a liderança dos nossos ativos humanos são duas das causas decisivas para o atraso estrutural de Portugal face aos parceiros europeus e a algumas economias emergentes. O caminho para uma maior produtividade, criadora de riqueza, de empregos e de um desenvolvimento integrado e sustentável passa por debelar estas fraquezas.
A consciência de que o conhecimento, o talento e as competências são ativos críticos de elevada importância estratégica em qualquer sociedade tem levado a que, de uma certa forma continuada e sistemática, se debatam e se procurem identificar as melhores práticas nesta área. Porém, os factos continuam pouco animadores, pois, de acordo com as estatísticas oficiais, boa parte da força de trabalho em Portugal possui menos de seis anos de escolaridade, apenas 45% dos jovens, concluem o ensino secundário e apenas uma pequena parte possui uma qualificação de nível superior. Os efeitos desta problemática são bem visíveis no quotidiano dos portugueses: fecho ou deslocalização de empresas, baixa produtividade da mão-de-obra, aumento do desemprego de licenciados, baixo potencial de reconversão profissional de muitos desempregados devido ao longo período de desinvestimento nas suas qualificações, e, ainda, a nível macroeconómico, a perda de poder de compra e de qualidade de vida da sociedade portuguesa.
Na vida interna das organizações empresariais, o núcleo da nossa economia, temos também uma realidade que merece uma atenção aprofundada. A pouca qualificação dos gestores e empresários (nomeadamente nas PME´s), o estado de pouca maturidade dos processos de gestão de recursos humanos e o seu peso pouco significativo nas decisões de gestão trazem um desafio a todos nós: apresentar, de uma forma objetiva, mensurável e quantificada, as boas práticas de gestão de capital humano e os benefícios objetivos que essas práticas trazem às organizações e à sociedade em geral.
Deste modo, apesar dos esforços feitos ao longo dos últimos anos, e do contínuo aumento do nível de escolaridade dos ativos portugueses, ainda existe um grande fosso entre Portugal e os restantes países europeus, o que provoca um atraso no nosso potencial de desenvolvimento e torna a nossa economia pouco competitiva e pouco atrativa.
Ângelo Rafael Correia da Silva
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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