A Islândia foi um dos países afetados pela grande crise que
se atravessa, tendo afetado todo o sistema financeiro do pais, em 2008.
Agora, mais de quatro anos depois, tem uma Economia estável e que ainda
recupera da crise, uma recuperação um pouco diferente da de Portugal, pois
não teve de recorrer à troika.
Tudo começou quando em
2008: os três maiores bancos do país, que representavam quase todo o
sistema financeiro, tinham colapsado. As suas dívidas eram superiores a
1000% do PIB e, nessa altura, ninguém tinha bem a noção dos prejuízos.
A revolução social iniciou-se logo em 2008 e exigiu sobretudo uma
democracia transparente e soluções para as questões que abalavam o
país. O governo foi escorraçado por furiosas manifestações nas ruas de
eleitores desiludidos. Tudo começou quando a população, não contente
com a situação social e económica do pais se revoltou e tentou remediar
a situação pelas próprias mãos. Foram realizadas investigações a
banqueiros e a membros do Estado para apurar as incompetências e as
fragilidades, acusar os corruptos e procurar novos líderes capazes de
controlar a situação.
Depois do sucedido, foi preciso
levantar a cabeça. Cortou-se nas importações, privilegiou-se o consumo
de bens nacionais, de bens em segunda mão e de marca branca, e
incentivou-se a produção de bens alimentares pelas famílias. As
atividades de lazer foram ‘cortadas’ dos planos familiares e as
próprias habitações sofreram alterações a nível funcional e energético
de modo a poupar ao máximo. Por sua vez, a moeda perdeu mais de metade
do valor, o que fez com que as exportações aumentassem e as importações
de bens de luxo diminuíssem. Desvalorizada, a coroa dificultou a vida de
quem emprestou dinheiro em moeda estrangeira para comprar imóveis, mas as autoridades islandesas orquestraram um socorro para esse devedor. O
encarecimento de produtos importados também trouxe inflação. O índice
de preços ao consumidor subiu 26% desde 2008. Na Islândia, a queda de
80% da moeda (a coroa islandesa) face ao euro, em 2008, ajudou a
transformar o défice comercial num excedente logo no final daquele ano.
O desemprego, que se tornou nove vezes maior entre 2007 e 2010, caiu
para 4,8% em Junho face ao pico de 9,3%, atingido em 2008.
A decisão da ilha de se proteger de uma fuga de capitais, restringindo
a circulação da moeda, permitiu ao Governo repelir um ataque
especulativo, estancando a hemorragia da economia. Isso ajudou as
autoridades a concentrarem-se no apoio às famílias e às empresas. No
fundo, o objectivo era proteger o estado social, e pode-se dizer que
foi cumprido.
Na minha opinião, acho que todos devíamos
olhar para o exemplo da Islândia. Quer os países que estão pior, como
Portugal e Espanha, quer também aqueles que estão bem, pois a Islândia
foi um grande exemplo de como dar a volta por cima de uma grande crise.
Acho que grande parte desta reviravolta deve-se ao Povo que sempre teve
esperança e coragem para seguir em frente e trabalhar para que pudessem
ter melhor qualidade de vida. A luta contra a corrupção e desigualdades
sociais é notável e pode revelar-se essencial na mudança que certos
países precisarão, nomeadamente Portugal, Espanha e Itália.
Embora
Portugal e a Islândia sejam países muito diferentes, quer em termos
sociais, já que as mentalidades dos povos serão bastante diferentes, quer
em termos económicos, uma vez que não estamos numa situação parecida pois, pertencendo à União Europeia, não poderíamos tomar muitas das medidas
tomadas pela Islândia, é importante ter em conta a mudança por que esta
pequena ilha com 331 mil habitantes passou e o que conseguiu realizar
com força de vontade, coragem e muita inteligência. Embora tenham ainda
um longo caminho a percorrer, a mudança que ouve em 2008 em prol da igualdades sociais e do combate à corrupção fizeram deste um grande
exemplo a seguir.
Ivo Barbosa
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