quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Islândia, um exemplo a seguir

    A Islândia foi um dos países afetados pela grande crise que se atravessa, tendo afetado todo o sistema financeiro do pais, em 2008. Agora, mais de quatro anos depois, tem uma Economia estável e que ainda recupera da crise, uma recuperação um pouco diferente da de Portugal, pois não teve de recorrer à troika. 
  Tudo começou quando em 2008: os três maiores bancos do país, que representavam quase todo o sistema financeiro, tinham colapsado. As suas dívidas eram superiores a 1000% do PIB e, nessa altura, ninguém tinha bem a noção dos prejuízos.
  A revolução social iniciou-se logo em 2008 e exigiu sobretudo uma democracia transparente e soluções para as questões que abalavam o país. O governo foi escorraçado por furiosas manifestações nas ruas de eleitores desiludidos. Tudo começou quando a população, não contente com a situação social e económica do pais se revoltou e tentou remediar a situação pelas próprias mãos. Foram realizadas investigações a banqueiros e a membros do Estado para apurar as incompetências e as fragilidades, acusar os corruptos e procurar novos líderes capazes de controlar a situação.
  Depois do sucedido, foi preciso levantar a cabeça.  Cortou-se nas importações, privilegiou-se o consumo de bens nacionais, de bens em segunda mão e de marca branca, e incentivou-se a produção de bens alimentares pelas famílias. As atividades de lazer foram ‘cortadas’ dos planos familiares e as próprias habitações sofreram alterações a nível funcional e energético de modo a poupar ao máximo. Por sua vez, a moeda perdeu mais de metade do valor, o que fez com que as exportações aumentassem e as importações de bens de luxo diminuíssem. Desvalorizada, a coroa dificultou a vida de quem emprestou dinheiro em moeda estrangeira para comprar imóveis, mas as autoridades islandesas orquestraram um socorro para esse devedor. O encarecimento de produtos importados também trouxe inflação. O índice de preços ao consumidor subiu 26% desde 2008. Na Islândia, a queda de 80% da moeda (a coroa islandesa) face ao euro, em 2008, ajudou a transformar o défice comercial num excedente logo no final daquele ano. O desemprego, que se tornou nove vezes maior entre 2007 e 2010, caiu para 4,8% em Junho face ao pico de 9,3%, atingido em 2008.
   A decisão da ilha de se proteger de uma fuga de capitais, restringindo a circulação da moeda, permitiu ao Governo repelir um ataque especulativo, estancando a hemorragia da economia. Isso ajudou as autoridades a concentrarem-se no apoio às famílias e às empresas. No fundo, o objectivo era proteger o estado social, e pode-se dizer que foi cumprido.
  Na minha opinião, acho que todos devíamos olhar para o exemplo da Islândia. Quer os países que estão pior, como Portugal e Espanha, quer também aqueles que estão bem, pois a Islândia foi um grande exemplo de como dar a volta por cima de uma grande crise. Acho que grande parte desta reviravolta deve-se ao Povo que sempre teve esperança e coragem para seguir em frente e trabalhar para que pudessem ter melhor qualidade de vida. A luta contra a corrupção e desigualdades sociais é notável e pode revelar-se essencial na mudança que certos países precisarão, nomeadamente Portugal, Espanha e Itália. 
Embora Portugal e a Islândia sejam países muito diferentes, quer em termos sociais, já que as mentalidades dos povos serão bastante diferentes, quer em termos económicos,  uma vez que não estamos numa situação parecida pois, pertencendo à União Europeia, não poderíamos tomar muitas das medidas tomadas pela Islândia, é importante ter em conta a mudança por que esta pequena ilha com 331 mil habitantes passou e o que conseguiu realizar com força de vontade, coragem e muita inteligência. Embora tenham ainda um longo caminho a percorrer, a mudança que ouve em 2008 em prol da igualdades sociais e do combate à corrupção fizeram deste um grande exemplo a seguir. 

Ivo Barbosa

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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