Nos momentos mais difíceis,
as pessoas lembram-se das coisas mais estranhas. Tal como aconteceu em Volos,
cidade Grega, onde o Euro deixou (quase) de ser utilizado. Esta iniciativa
surgiu com a criação de uma rede de 800 habitantes que não conseguiam manter o
seu poder de compra. Assim, esta rede alargada de habitantes começou a fazer uma
troca direta de bens por serviços, e vice-versa, os TEM. A ideia resultou tão
bem que esta se alargou a toda a cidade, sendo que a vontade destes habitantes
é que esta se alastre por toda a Grécia.
Será
esta solução possível?
Para Joseph Schumpeter, um dos
principais pensadores económicos da primeira metade do século XX, esta situação
já era prevista. Ele, há pouco menos de 100 anos, dizia que o capitalismo podia
durar mil anos mas que teria um fim, pois iria existir um modo de organização
social que não passasse pelas relações de mercado. Segundo Schumpeter, o fim do
capitalismo dar-se-ia com o fim dos valores capitalistas e com o fim da ética
capitalista. Aconteceria quando desaparecesse a inovação, o prémio pela
descoberta e o empresário. Para ele, quando o empresário deixar de ser um
administrador de carteiras para ser um “homem de gabinete” então aí dar-se-á o
fim da época capitalista.
Por outro olhar, Santo
Alberto Magno (que viveu entre os séculos XII e XIII) defendeu o preço justo
para cada mercadoria, assim como o salário justo para cada trabalhador. Tratou
o problema da moral do preço justo de acordo com Aristóteles. Para ele,
qualquer troca devia ser subordinada à exigência moral de não pedir pelos bens
preços exagerados. O Homem devia trabalhar para o seu consumo, não se
preocupando com o comércio, visto que o mesmo se tratava de um excedente, até
porque ele afirmava que o Homem devia trabalhar mas não viver para o trabalho.
Fez uma crítica ao lucro ilimitado e condenava a usura (a prática de cobrar
juros excessivos pelo empréstimo de uma determinada quantia de dinheiro),
condenando assim o empréstimo a juros. Defendeu, portanto, que a moeda devia
existir mas que não devia representar um valor para a sociedade, para que assim
todos pudessem viver numa sociedade mais justa.
Pelos vistos a crise
financeira só veio denotar o que já há muitos séculos se pensava. Os próprios
bancos reduziram automaticamente as suas taxas de juro só para que o investimento
não diminuísse. O pior é que nem as medidas que a banca tomou em 2008 e 2009
serviram para “salvar” um planeta na sua verdadeira época capitalista.
Será,
então, o futuro feito de Capitalismo ou de Comunismo?
Eu acredito que o esquema
criado é impossível de derrubar. Por um lado, temos um capitalismo que, se for
bem exercido, beneficiará aqueles que trabalham e que lutam por um futuro
melhor, mas que tende a agravar as diferenças entre as sociedades, onde os
ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
No caso do Comunismo, este
está “ansioso” por renascer das suas próprias cinzas. Como se sabe, o comunismo
é muito belo na teoria, onde todos temos as mesmas oportunidades, os mesmos
rendimentos, a igualdade em
tudo. Mas , também, é este comunismo que se derruba no
primeiro confronto. Não acredito, que uma população sobreviva numa sociedade
comunista em que uns trabalham e os outros não fazem nada, e que mesmo assim os
rendimentos sejam iguais para todos.
Dessa forma, acredito que o
capitalismo vai continuar a vigorar, necessitando apenas de uma reformulação na
sua estrutura atual.
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