A crise do euro pode ser descrita em três vertentes:
a crise bancária que levou a sucessivos empréstimos em ambos os sectores
público e privado; a acentuada queda da confiança nos governos dos países da
zona euro – vertentes consideradas ultrapassadas; e as diferenças crescentes
entre o Norte e Sul da zona euro.
O possível desmoronamento dos bancos europeus foi uma
notícia que afugentou inúmeros investidores, iniciando uma grande recessão na Europa,
contudo a confiança nos bancos parece ter sido reconstruída. Do mesmo modo, o
receio que os governos da Europa faltassem aos seus compromissos, devido às disfuncionalidades
políticas da União Europeia, que acabou por ter as mesmas consequências
negativas, começou a desaparecer.
Embora a possibilidade de evitar uma depressão
económica dependa da forma como a Europa lidar com estes dois aspectos, a perda
de crescimento económico depende da capacidade dos governos do Sul de voltarem
a restaurar a competitividade.
O Sul europeu tornou-se pouco competitivo através de
um processo de maus incentivos e decisões de mercado. O Norte da Europa tinha capacidade
de investimento e estava disposto a conceder empréstimos com condições
extraordinárias, o que levou as entidade sulistas a aumentar os salários quando
viram uma possibilidade de aumentar o seu financiamento. Adoptada uma estrutura
económica desfigurada, em que os níveis salariais, os preços e a produtividade
exigiam 13 euros gastos por cada 12 produzidos, sendo a diferença financiada
pelo Norte. Já a estrutura verificada nos países do Norte europeu fazia
sentido, gastando-se menos um euro por cada ganho.
Actualmente, para recuperar as décadas “perdidas”, a
produtividade do Sul europeu precisa de aumentar em relação aos níveis dos
países do Norte. Para tal será necessário um decréscimo de cerca de 30% dos
níveis dos salários e dos preços do países do Sul para que possam cobrir o seu
percurso com exportações e o Norte gaste os seus excedentes nesses produtos.
Para evitar a estagnação do euro e lutar pela sua
preservação devem ser tomadas diversas medidas políticas para aproximar os dois
grupos de economias europeias e encontrar, de novo, a estabilidade política e
monetária criadora da União Europeia.
Ana Sofia Noivo
[artigo de opinião
desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia”
do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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