Nós, seres humanos,
olhamos para nós próprios como um animal “racional”, isto porque nos focamos no
uso da razão e a utilizamos como uma ferramenta para aprender e conhecermo-nos
a nós próprios e ao mundo que nos rodeia.
Foi a partir desta
conceção que a teoria económica predominante desenvolveu a premissa da
racionalidade económica (responsável pela criação do “Homo Economicus”). Somos
um ser com uma capacidade inesgotável e capazes de considerar todas as opções e
fazer as escolhas racionalmente perfeitas, otimizando sempre o nosso processo
de decisão.
Então, porque tomamos
más decisões a toda a hora? Porque adquirimos produtos que não necessitamos?
Porque é que, intencionalmente, pagamos mais por coisas com a mesma utilidade
que outras mais baratas sem nos importarmos? Porque é que a comparação social é
um dos principais influenciadores no processo de compra?
Esta metáfora
racionalista tem sido cada vez mais inútil para as diferentes disciplinas que estudam
o ser Humano, desde a psicologia até ao marketing, passando pela economia. Alguns trabalhos realizados
ao longo dos anos demonstraram que o que nos diferencia de tudo o resto - restantes
animais e computadores- são as emoções, pois são elas que, entre outros
aspetos, interferem e orientam o processo de tomada de decisão e as relações
interpessoais.
É isso que nos faz
tomar uma certa e determinada decisão - por exemplo, o escolher uma marca em
detrimento de outra - e a forma como a decisão nos faz sentir, a relevância que
tem para nós e para aqueles que nos rodeiam, independentemente de se tratar ou
não da melhor opção a nível da relação custo/benefício.
Neste sentido, uma
alternativa mais compreensiva do conceito de ser Humano é a metáfora
“narrativa”, que nos faz olhar para nós como contadores de histórias. Estamos,
de certa forma, “programados” para ouvir, construir e partilhar histórias,
connosco e com quem nos rodeia.
Atualmente, é aqui que
se encontra o grande desafio das marcas: o terem a capacidade de conseguir com
que as pessoas se relacionem e se revejam nos seus produtos e na história que a
marca quer passar. Hoje em dia, vivemos num contexto em que mais do que a
valorização da marca, está presente no pensamento das pessoas a história da
mesma, os valores que a marca representa e que vão despoltar emoções nas
pessoas, e que podem ter um enorme potencial e um grande poder aquando da
tomada de decisão das pessoas quando optam por escolher uma marca em detrimento
de outra.
Conseguir delinear esta
história de forma cativante exige uma ideia criativa, a partir de uma espécie
de introspeção genuína acerca da relação entre o produto e a vida. Desta forma,
penso que o “storytelling” tem um papel fundamental na comunicação das marcas e
apresenta-se como uma grande oportunidade quando estas, juntamente com os
consumidores, têm a capacidade de construir uma história que dê significado e
que envolva “emocionalmente” as pessoas com a presença do produto nas suas
vidas.
Miguel
Vasconcelos
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário