Segundo a Base de Dados
Portugal Contemporâneo (PORDATA), realizada pela Fundação Francisco Manuel dos
Santos, o défice público português, em percentagem do PIB, oscilou da seguinte forma
nos últimos três anos: -7,2% (2014), -4,4% (2015), -2,0% (2016). Além disso, é
ainda importante referir que, neste último período analisado, Portugal diferenciou-se
apenas por 0,3 pontos percentuais do défice da União Europeia. No entanto, a
questão mantém-se: como se explica a ascensão da economia portuguesa? Turismo.
O turismo tem a sua quota-parte para este, aparente, sucesso.
Vejamos: antes de poder
refletir sobre o impacto económico que o turismo tem na nossa economia, temos
de o compreender, isto é, questões como o tipo de turismo e sazonalidade são
cruciais para esta análise.
Primeiramente, o
turismo português é um turismo muito diversificado, onde encontramos tipos de
turismo como o balnear, rural, religioso e cultural. Segundo, Portugal é mais
visitado no verão, apesar de na última meia década ter duplicado as suas
presenças estrangeiras no inverno (fonte: OMT – Organização Mundial do
Turismo). Deste modo, podemos afirmar que o turismo português é peculiar, uma
vez que tem expressividade o ano inteiro e, devido aos vários tipos de turismo,
consegue criar impacto em todas as regiões do país, de norte a sul, do litoral
ao interior. O que é que isto significa? Entrada constante de fundos monetários
estrangeiros.
Contudo, o que nos
serve um turismo tão sofisticado se não tivermos um plano de comunicação ao
mesmo nível? É aqui que entra o Estado Português e, na minha opinião, o
principal motivo do crescimento económico supra apresentado. Por outras
palavras, a ferramenta de trabalho do século XXI, o Google e o antigo
presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim de Figueiredo. A partir de 2014,
grande parte das verbas do turismo foram canalizadas para o marketing digital. As
redes socais passaram a ser tão ou mais importantes do que a presença em
qualquer feira de turismo.
Afinal de contas, é
através da internet que se escolhem os destinos de férias, se compram voos e
marcam hotéis. Deste modo, com o objetivo de enfatizar a relação entre a
internet e o turismo, cito as palavras de Luís Barra: “Mais de metade de todo o
orçamento do Turismo de Portugal passou a ser entregue à Google, nomeadamente
para a compra de palavras-chave que garantiam que fosse dada prioridade a sites nacionais. E para o Facebook
seguia outra fatia de leão: 25% das verbas”.
Ponto de situação: já
refletimos sobre dois temas determinantes para o sucesso do turismo português
(carateristícas sazonais e geográficas, assim como a restruturação do plano de
comunicação). No entanto, pouco podemos fazer se não tivermos infra-estruturas
adequadas, isto é, aeroportos. A implementação de companhias aéreas low cost, como a EasyJet e RyanAir no
Porto, Faro e Lisboa, permitiu um aumento sem precedentes do número de
passageiros a aterrar em Portugal.
Assim sendo, já temos a
receita para o sucesso. O que nos falta analisar? Os resultados obtidos pela
mesma. Como todos sabemos, o ano passado foi “ouro sobre azul” para o turismo
português e, respetivamente, para economia portuguesa. Em 2016, a balança de
viagens e turismo foi de 8830,63 milhões de euros, comparada com os 1923,31
milhões em 1996. Vejamos. em 10 anos, este balança quase que quintuplicou e
atualmente o sector do turismo representa 15,3% das exportações nacionais e
8,2% do emprego nacional.
Em suma, nunca houve
tantos turistas a visitar Portugal. O turismo é o maior exportador de serviços
e afirmou-se em definitivo como um dos principais motores da economia. Por fim,
estes recentes acontecimentos devem-se, em grande parte, às infra-estruturas
aeroportuárias, ao investimento feito pelo governo no marketing digital e às
carateristícas do nosso turismo. Tudo isto contribuiu para a diminuição do
défice português, aproximando-o do da União Europeia.
José
Miguel F. Fernandes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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