A
dívida portuguesa continua a ser um tema que paira sobre as conversas e debates
do futuro, sendo uma vez mais assunto dado que, pela primeira vez, a dívida ultrapassou
o limiar dos 250 mil milhões de euros. Este número impressiona, no entanto não
revela a solidez das nossas finanças públicas. O que realmente é relevante é o
peso do endividamento do estado na economia, que por sua vez sofreu uma queda
no dia 16 de outubro deste mesmo ano.
Na
realidade, nos últimos anos, a dívida tem renovado sucessivos máximos históricos,
sendo que na década de 90 esteve estabilizada, flutuando entre os 50% e os 60%
do PIB. Na década passada, assistiu-se a um agravamento sério com a chegada da
crise financeira global, a que se seguiu a crise do euro e de Portugal. Em
apenas quatro anos, entre 2008 e 2012, a dívida alcançou os 126% do PIB. Nos
últimos anos ela tem rondado os 130%, sendo das mais elevadas entre os países
da área euro, apenas superada pela Grécia e pela Itália.
Contudo
isto, Mário Centeno prometeu a maior redução anual do endividamento público dos
últimos 19 anos, com o pagamento de uma obrigação do tesouro bem como com o
pagamento antecipado ao FMI, que provocou uma queda no endividamento público de
3,5% do PIB. Porém, em termos absolutos, a dívida continuará a aumentar nos
próximos meses.
Numa análise ao Orçamento de Estado para 2018,
verifiquei a ausência de medidas para reduzir estruturalmente a dívida,
contendo apenas a estratégia de consolidação orçamental baseada quase
exclusivamente no crescimento económico.
Deste
modo, na minha opinião, perante o que se tem vindo a verificar nos últimos anos
e considerando a melhoria na economia do nosso pais, acho necessário aplicar
estratégias de consolidação orçamental com medidas estruturais, e não só
estratégias que permitam exclusivamente obter crescimento nominal. Também é minha
opinião que existe uma grande necessidade de voltar a atrair os investidores
institucionais estrangeiros, apesar das condições de mercado não ajudarem mas, para
os atrair, é preciso demonstrar que as obrigações portuguesas são uma
oportunidade de investimento interessante. Talvez assim seja possível trabalhar
para uma redução da dívida de forma consistente.
Rui Magalhães
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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