Entende-se
como incêndio florestal toda a destruição, total ou parcial, da fauna e da
vegetação em áreas florestais, provocada pela ocorrência de fogo não
controlado. A exposição a um incêndio pode levar à morte, maioritariamente pela
inalação dos gases ou pelas queimaduras graves.
Em Portugal, os incêndios correspondem
a uma das catástrofes naturais mais graves, quer pela elevada frequência com
que acontecem e dimensão que alcançam, como pelos efeitos destruidores que
originam. São vários os prejuízos causados, nomeadamente económicos e
ambientais. Segundo a base de dados nacional, entre 1 de janeiro e 30 de
setembro do corrente ano, há registo de um total de 14.097 ocorrências (2.951
incêndios florestais e 11.146 fogachos), o que levou a uma área ardida de 215.988
hectares de espaços florestais. Até ao dia 30 de setembro, o ano de 2017
apresentava-se como o 5º valor mais baixo em número de ocorrências e o valor
mais alto em termos de área ardida.
Em 17 de junho, a palavra “incêndio”
ganhou especial popularidade devido à tragédia sucedida em Pedrógão Grande. De
acordo com a contabilização oficial, são conhecidas 64 mortes e mais de 250
feridos. Em termos de perdas materiais, a estimativa provisória do montante
total de prejuízos ascende a 500 milhões de euros. Apesar de existir um
conjunto de razões que são apontadas como a origem do incêndio, o Estado tem
igualmente responsabilidade nesta matéria. A ausência de intervenção pública no
ordenamento e na gestão da floresta e a desadequação da proteção civil em
termos de competências são alguns exemplos de aspetos em que o Estado deixa
muito a desejar no que toca ao combate e à prevenção dos incêndios florestais.
Mais recentemente, a 15 de outubro, as
chamas reacenderam e provocaram um número de mortos de 42 pessoas e cerca de 70
feridos. Este ficou conhecido como o pior dia de fogos do ano. O Instituto
Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) informou, com 72 horas de antecedência,
que o dia 15 seria o mais perigoso. No entanto, apesar dos avisos
meteorológicos, o Estado foi incapaz de mobilizar os meios de prevenção necessários
e de impedir o alastramento das chamas. Isto é, a meu ver, um Estado fracassado.
O país ardeu, de norte a sul. Muitas localidades foram evacuadas, as populações
realojadas, auto-estradas cortadas e apenas a chuva conseguiu acalmar os
ânimos. A carência de sucesso na gestão do território fez com que Portugal,
sendo um país com uma dimensão tão reduzida, tenha quase metade da área ardida
na Europa.
Em resposta às destruições provocadas
pelos fogos, o governo promete agora mobilizar uma quantia avultada para o
combate aos incêndios e reflorestação. Esperamos que o dinheiro seja bem
aplicado pois existem medidas urgentes que têm de ser tratadas, nomeadamente, o
realojamento das pessoas que perderam as suas casas, a recuperação da atividade
das empresas que tiveram as suas instalações destruídas, entre outras. A
população precisa de voltar ao ativo, de recuperar os seus postos de trabalho e
de recuperar a qualidade de vida, o que passa pela questão ambiental. Para isto
acontecer, não basta que o Estado se disponibilize a contribuir
financeiramente. É indispensável a resolução de questões estruturais.
O objetivo primordial do Estado deveria
consistir em proteger os seus cidadãos, algo que não foi respeitado, de todo,
nestes últimos tempos. O governo teima em não aprender com as lições do passado
(recente), e as consequências cada vez mais se fazem sentir. Mesmo depois do
aterrorizador aviso de Pedrógão, nada mudou. A irresponsabilidade política que
presenciamos leva que a muitos morram ao abandono, e outros percam tudo o que
construíram ao longo de uma vida.
É
preciso respeitar a terra em que vivemos. É preciso proteger a população e tudo
o que a envolve. É precisa determinação e capacidade de liderança para que se
faça sentir confiança. É preciso reorganizar e remodelar. Não basta ocupar o
poder, é preciso exercê-lo. Chega de desculpas, é precisa responsabilidade!
Diana Esteves Antunes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular
“Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da
EEG/UMinho]
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