O ano de 2016 bateu recordes no que diz respeito a
energia renovável. Cerca de 64% do total de energia elétrica consumida em
Portugal proveio de métodos “verdes”, “uma percentagem histórica” na expressão
da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). Mas o que mais deu nas
vistas foi o facto de Portugal ter conseguido passar 4,5 dias, ou seja 107 horas,
em maio, nas quais o país apenas consumiu eletricidade verde. Este feito
leva-nos a considerar perguntas mais ambiciosas: “Será possível em vez de 107
horas, aguentar 1 mês inteiro? E o ano todo? Será possível?”
Atualmente a resposta é “Não”. “Porquê? Já existem países
na Europa onde isto é uma realidade há bastante tempo. A Islândia vive de
energia geotérmica que tem origem na atividade vulcânica, e a Noruega sustem-se
das grandes barragens de produção hídrica” – podem pensar os leitores. A
resposta anterior provém da incerteza e incontância da produção de certas
fontes quando comparadas aos seus substitutos. No caso das centrais hídricas,
rios como o Douro não são de qualquer forma comparáveis ao lago “Blåsjø”, por
exemplo, (um lago artificial na Noruega) pois basta um ano seco, como os de
2004 e 2012, para “afundar” a produção hídrica. No caso da energia solar,
podemos afirmar com um elevado grau de certeza que o sol vai nascer em “tal” dia,
mas não podemos inferir sobre o grau de nebulosidade no mesmo.
A solução para esta imprevisibilidade das renováveis
passa pela adoção de métodos para o armazenamento da dita energia. A primeira consiste
no armazenamento em albufeiras, método principal nas barragens norueguesas, que
no caso nacional é bastante ineficiente e limitada. Em segundo lugar, temos
baterias de armazenamento de grande escala, que considerando a quantidade
necessária para suprir a procura, seria demasiado caro. Finalmente, temos as
reservas de combustíveis fosseis, a única forma possível na nossa realidade.
O estigma existente que todas as energias não renováveis
são “más” depende do juízo de cada um, mas é inegável a sua importância, pelo
que a inexistência de um plano de contingência poderia se provar deveras
desastroso. Centrais como a de Sines poderão ser ativadas e desativadas sempre
que necessárias para compensar as falhas dos seus substitutos verdes, de forma
a responder à procura e a estabilizar o sistema.
Todo este artigo tem sido direcionado ao curto prazo pelo
que, numa perspetiva de longo prazo, é possível observar uma tendência para a
adoção de energias cada vez mais limpas e um aumento na investigação neste
mesmo campo liderado por empresas como a “Tesla, Inc”, que, com inovações como
a “Powerwall”, podem levar ao desuso completo de fontes fosseis e a transformar
o “Não” anterior num “Sim”.
Adriano Lopes
Bibliografia:
http://www.apren.pt/pt/energias-renovaveis/producao
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário