Depois de vários
períodos de crise fazerem parte da história da economia portuguesa, com a
necessidade de já três resgates por parte do Fundo Monetário Internacional
(FMI), seria de esperar que a lição estivesse aprendida por parte dos líderes
políticos do nosso país. Todavia, não é isso que se vê quando analisamos a
proposta do Orçamento de Estado (OE) para 2018.
A experiência de
Portugal relativamente a crises financeiras e sucessivas tentativas falhadas de
recuperação, já devia ser suficiente para o governo perceber que uma solução
baseada no consumo e na dívida e, ainda, no aumento das despesas estruturais
não é aquilo que deveria estar a ser feito. No entanto, tal aluno repetente que
se recusa a aprender, Portugal apresenta uma proposta que é, nas palavras de
João Miranda Sarmento, uma “oportunidade perdida”, que poderá agravar o défice
em 0,3%. Isto porque, mais uma vez, o Governo se recusa a fazer uma reforma
estrutural que, a longo prazo, poderia deixar o país economicamente mais
sólido.
De facto, desde a última
crise e até 2015, estavam a ser aplicadas medidas que, apesar de menos populistas,
teriam um impacto positivo no longo prazo e a população portuguesa já estaria a
“acostumar-se” com as políticas em questão. Curiosamente, as primeiras ações do
Governo seguinte incidiram efetivamente apenas em reverter essas políticas,
adotando as tais medidas populistas. Esse comportamento continua bem visível na
proposta que foi apresentada, onde despesas com a função pública, diminuição da
carga fiscal e aumento de pensões são constantes. Estão a “abrir-se os cordões
à bolsa”, o problema é que a bolsa está vazia e tem dívidas que devem ser
saldadas pelo bem da economia.
Com este OE, Portugal
fica preso por “quatro grandes arames”, uma vez que a economia fica dependente
do setor do turismo, do baixo preço do petróleo, do moderado crescimento das
economias europeias e das políticas expansionistas do BCE, ou seja, fontes de
rendimentos cíclico que não poderá suportar a economia para sempre. Na minha
opinião, Portugal deve aproveitar as atuais condições económicas para
impulsionar o seu crescimento, mas não fazê-lo depender única e exclusivamente das
mesmas.
É já altura de a nossa
política passar a olhar para o futuro longínquo e não apenas o próximo.
A verificar-se a continuação destas atitudes reativas, Portugal continuará a enfrentar crises financeiras. É necessário tomar uma atitude proactiva e prevenir a ocorrência de novas crises, ao invés de esperar por elas e tentar resolvê-las. É preciso realmente adotar o provérbio português que sempre nos disse que “mais vale prevenir do que remediar”.
A verificar-se a continuação destas atitudes reativas, Portugal continuará a enfrentar crises financeiras. É necessário tomar uma atitude proactiva e prevenir a ocorrência de novas crises, ao invés de esperar por elas e tentar resolvê-las. É preciso realmente adotar o provérbio português que sempre nos disse que “mais vale prevenir do que remediar”.
Segundo João Miranda
Sarmento, “o défice estrutural está, na melhor das hipóteses a manter-se,
embora possa agravar-se” e “com uma política orçamental conservadora e
prudente, Portugal teria já em 2017 atingido um equilíbrio orçamental nominal”.
Todavia, o governo parece ser o único a não ver isso e, mais uma vez, vemos a
reforma estrutural necessária a ser posta de lado aquando da elaboração do OE.
Bárbara Gomes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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