O
envelhecimento da população é um tema de que ouvimos falar com mais frequência,
seja porque esta
questão merece mais atenção, seja porque o “ser velho” é uma realidade que está
gradualmente mais presente na nossa sociedade. Este assunto
sempre me suscitou muita curiosidade, não só pela especulação de que esta
apenas se irá estabilizar em 2049 mas, também, pelas projeções de que o ano de 2031 será marcado pelo número simbólico dos 10
milhões de habitantes em Portugal, que todos nós decorámos desde o ensino
básico.
Na verdade, o envelhecimento da
população é um fator preocupante na Europa, pois é um continente onde a taxa de
natalidade tem diminuído, progressivamente, na maioria dos países, e a esperança
média de vida tem vindo a aumentar consideravelmente, sendo já apelidada de
“Europa idosa”. E Portugal não é exceção, uma vez que somos os quintos mais velhos na Europa,
nomeadamente o Alentejo, que é a região mais envelhecida,
seguindo-se o Centro do país e o Algarve. Em termos médios, os idosos
representam, nestas duas primeiras regiões, uma percentagem mais alta do que a
média verificada no país. Por outro lado, os Açores e a Madeira destacam-se
como as regiões mais jovens.
O facto de a população portuguesa estar
a envelhecer, a decrescer e com falta de ativos para suportar os custos do
envelhecimento tem provocado um aumento da preocupação nos portugueses. De
facto, em 2050, os idosos deverão representar 32% da nossa população, o que se
traduz numa sociedade muito grisalha, caraterística dos dias de hoje pois já é visível
uma estrutura etária muito envelhecida. O número de idosos duplicou em Portugal
desde 1970, com especial destaque para as pessoas com 80 anos, que são cinco
vezes mais.
Podemos apontar como principais
causas para este crescente envelhecimento as condições socioeconómicas da
sociedade, nomeadamente a diminuição do número de residentes no
país, os nascimentos já não compensarem as mortes (desde 2005), e o saldo
natural (diferença entre os nados-vivos e os óbitos) estar cada vez menor. Porém,
este poderia ser compensado com o número de estrangeiros que escolhem Portugal
para viver, mas até estes últimos são cada vez menos face aos que saem. Por sua vez,
o declínio na taxa de mortalidade infantil e o aumento significativo da
esperança média de vida, que resulta da melhoria das condições
de vida, dos progressos da medicina e da assistência médica, juntamente
com a baixa natalidade que se verifica entre os portugueses, já não asseguram a
renovação de gerações.
O mais alarmante, na minha opinião, é o número de
idosos ultrapassar o de jovens crianças, o que leva ao aumento da dependência
dos mais idosos bem como ao aumento da longevidade média da população.
De facto, o número de idosos passará de 2,1 milhões
para 2,8 milhões entre 2017 e 2080, o que pode ser explicado pelo decréscimo da
população jovem, a par do aumento da população idosa. O índice de
envelhecimento mais do que duplicará, passando de 147 em 2017 para 317 idosos
por cada 100 jovens em 2080, e este só tenderá a estabilizar perto de 2060.
Efetivamente, conseguimos desde já alertar para uma “morte
previsível” se os portugueses e os europeus nada fizerem.
Por outro
lado, já há muito que se houve falar em incentivar a
natalidade através do aumento do abono de família, da licença de parto, maior
apoio da legislação laboral às futuras mães, como medidas socioeconómicas que invertem a tendência para o envelhecimento. Porém,
penso que o envelhecimento da população é, atualmente, um
fenómeno universal e é preciso também mudar mentalidades, o que faz com que
estas medidas não sejam suficientes.
As consequências do envelhecimento da população são
bem visíveis no que concerne ao aumento das despesas com a saúde, sustentabilidade
da Segurança Social, devido ao pagamento de reformas, à diminuição da
produtividade e do espírito criativo e de iniciativa, que são tão
caraterísticos dos mais jovens.
Em suma, esta visibilidade permite que cada um de nós
possa refletir com um maior conhecimento do que está em causa e, assim, poder
dar um contributo mais adequado e mais eficiente para solucionar este problema.
Inês Isabel
Carvalho Garcia Pinto Pereira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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