segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Internacionalização das empresas: aposta, incentivos e atualidade (versão revista)

A forte modernização das empresas portuguesas nos últimos dez anos tem colocado várias questões no que diz respeito à sua internacionalização. A opinião pública afirma que Portugal tem ótimas condições para apostar no mercado global devido à sua recente modernização em vários setores e ao facto do peso das exportações no Produto Interno Bruto ter subido mais de 10%, sendo cada vez mais recorrentes casos de sucesso no exterior que são considerados improváveis por outros países, como é o caso da GSD Dental Clinics, um exemplo abordado em maior detalhe nos parágrafos que se seguem.
A internacionalização envolve sempre riscos, visto que requer investimento e introduz nas empresas numa nova perspetiva pois está a entrar num mercado muito mais competitivo e implacável. Citando João Miranda, CEO da Frulact, num artigo de opinião do Diário de Notícias, “Internacionalizar é isso mesmo, assumir risco! Mas não será um risco maior não o fazer”. A aposta na internacionalização começa pelo apoio contínuo e sustentado da banca portuguesa, capaz de reagir aos interesses económicos e estratégicos das empresas nacionais, ou seja, ser capaz de dar o primeiro passo e introduzir as nossas empresas no mercado global.
A entrada no mercado internacional sem o suporte da banca portuguesa seria bastante difícil, sendo que geraria desconfiança nos stakeholders locais, logo é essencial uma relação estável e de confiança com a nossa banca de modo a gerar mais incentivos para um maior proveito do mercado global. Iniciativas como a netinvestPortugal, que permite o fomento de parcerias entre investidores portugueses e potenciais clientes em novos mercados, representam um dos exemplos de apoio bancário português. Sendo assim, as entidades bancárias nacionais procuram potenciar e apoiar investimentos nacionais privados que promovam a imagem de Portugal no exterior, bem como projetos economicamente responsáveis e eficazes que necessitam de uma base sólida, de modo a expandir-se em mercados que ainda não confiam nem estão completamente assegurados acerca do potencial português.
São vários os exemplos de empresas que encontram sucesso no exterior, como é o caso do grupo português GSD Dental Clinics, investindo meio milhão de euros numa clínica de medicina dentária em Londres, onde a maior parte das empresas internacionais tem demonstrado receio de apostar devido à recente saída do Reino Unido da União Europeia. O vinho português é outro produto de enorme sucesso no mercado internacional, especificamente nos Estados Unidos.
Portugal apresenta todas as condições para ser um país que aposta no mercado internacional. Recentemente, o governo português disponibilizou 160 milhões de euros para apoiar pequenas e médias empresas no seu esforço de internacionalização, qualificação e desenvolvimento tecnológico. De modo a aumentar as receitas, pretende-se “alargar a base exportadora nacional” e aumentar o número de novas empresas exportadoras, ou seja, o apoio continuado da banca e do governo português através destes incentivos, bem como uma nova administração da AICEP, são apenas alguns dos motivos para um maior domínio português nos mercados internacionais recentemente, sendo possível observar um maior peso no investimento de Portugal no exterior. No entanto, nem todas as empresas que investem no exterior apresentam sucesso, sendo necessárias mais medidas de apoio. As medidas atualmente em vigor são, respetivamente, a promoção da competitividade das empresas e projetos de inovação produtiva através da participação e prospeção das empresas em mercados, e workshops que destaquem a conceção e os mais recentes produtos das empresas.
É ainda relevante discutir o elevado interesse do governo neste tópico visto que planeia criar um fundo para captar investimento estrangeiro de modo a cofinanciar fundos setoriais, reforçando assim a presença e a importância das empresas nacionais no mercado internacional. Um dos objetivos definidos pelo governo e que assenta na aposta da internacionalização é atingir a meta de 50% das exportações no Produto Interno Bruto.

Ivo Barros Brito

Referências:
Simões, A. C. C. (2010). Internacionalização das empresas portuguesas: processos e destinos (Doctoral dissertation, Instituto Superior de Economia e Gestão)

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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