domingo, 10 de janeiro de 2010

A passo de caracol

A helicicultura ou o cultivo de caracois é: “A criação sistematizada em cativeiro, com fins comerciais, de caracóis terrestres comestíveis” (SETAA - Sindicato da Agricultura, Alimentação e Florestas).
Apesar de fazer parte da alimentação do Homem à milhares de anos e das tentativas de criação de caracóis em algumas civilizações antigas, onde eram utilizados para a medicina, a cosmética e a gastronomia, a sua criação acompanhada e manipulada, só aconteceu no século XX, em grande parte devido ao aumento do consumo mundial, o que originou uma maior procura e consequente subida de preço.
Actualmente em Portugal a helicicultura ainda é um actividade em expansão, em contraste com a Itália e a França onde já se criam caracóis em cativeiro à mais de 30 anos, produzindo anualmente milhares de toneladas.
Pelo método italiano designado "Ciclo Biológico Completo", esta actividade, não necessita de grande investimento nem mão-de-obra a tempo inteiro, podendo ser apenas um passatempo familiar ou uma segunda fonte de rendimento. O método francês ou "Sistema Intensivo" onde os animais são criados em mesas específicas colocadas em recintos fechados com parâmetros de luz, temperatura e humidade controlados e alimentados exclusivamente com rações próprias para helicicultura, permite retirar maior rendimento do espaço disponível e os processos de controlo da colheita são muito facilitados, porém, à custa de um maior investimento e de uma absoluta dedicação a tempo inteiro.
O tempo necessário para que o caracol atinja a idade adulta (≈ 2 anos), a elevada taxa de mortalidade (até 30% é considerado normal), o não poder ser praticado no Inverno e não ser possível controlar a quantidade de caracol criado, assim como, factores como o financiamento, a manutenção da exploração, acondicionamento, elevados custos na contratação de mão-de-obra para a época da apanha, a electricidade gasta nos viveiros descobertos e a água indispensável à sobrevivência do caracol, além das pragas de ratos que devoram o pâncreas dos caracóis sem os poder combater com pesticidas, desmotiva possiveis investidores, pois a colheita tende a ser um processo lento o que leva a que o negócio esteja ainda a um passo de caracol de se tornar comercial
Anualmente é consumido, em todo o mundo, cerca de 300.000 toneladas de caracol, gerando um volume de negócio na ordem dos 850 milhões de euros por ano. Todos os países europeus à excepção do Reino Unido consomem caracóis sendo que a França é o país onde se consomem mais caracois (75.000 toneladas / ano), seguido da Itália (30.000 toneladas / ano), da Espanha (20.000 toneladas / ano) e de Portugal (13.000 toneladas / ano). Os EUA e o Japão têm vindo a aumentar a sua procura por caracol para o consumo em diversos restaurnates "gourmet", onde é considerada “uma iguaria sofisticada e de paladar delicado”.
Cerca de 60% da procura mundial de caracois incide sobre a sua reprodução e comercialização para o consumo. Existe o caracol pronto a consumir, que provem normalmente dos principais paises consumidores, o que em épocas como o verão, faz subir os preços em flecha, existe tambem o caracol destinado para à reprodução e engorda e futuro consumo, proveniente dos países como Marrocos, Argélia e Jugoslávia que como não grandes consumidores, optam por exportar para a Europa.
A procura continua a ser muito maior do que a oferta, mesmo em países onde o seu consumo não é tão sazonal como em Portugal e onde se consome caracol todo ou quase todo o ano.
A criação de caracóis anda a 'passo de caracol' num país de grandes apreciadores, onde apesar de existirem excassas explorações, as poucas são grandes, como é o caso da «Esgargots Oeste» na Corujeira em Torres Vedras, que consegue uma produção de 1,5 milhões de caracóis prontos para consumo.
Além da criação de caracóis adultos para venda, esta empresa é a primeira do país a reproduzir moluscos bebés, para potenciar a produção no país e satisfazer as necessidades de consumo. Por ano estima-se que sejam consumidas 42 mil toneladas de caracóis em Portugal. Os 20 mil reprodutores da exploração são responsáveis pelo nascimento de cinco milhões de bebés em cada ano. Carlos Candeias, um dos sócios, considera que esta é já a «maior sala de sexo de caracóis do país» para potenciar toda a produção destes moluscos em Portugal. Se o projecto de ampliação da exploração for concretizado, poderá vir a tornar-se na maior da Europa, atingindo os 100 mil (noticiado pela Lusa).

Joana Araújo
Netegrafia:
Agência Lusa - http://www.lusa.pt/
Biojogral – “A Helicicultura” - http://www.biojogral.com/
SETAA - Sindicato da Agricultura, Alimentação e Florestas – Helicicultura
http://www.setaa.pt/
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

3 comentários:

Ernesto Morgado disse...

Boa Tarde,
Gostaria de lhe perguntar onde conseguiu os dados estatísticos que apresenta, pois estou a elaborar um Plano de Negócios para uma exploração de caracóis e estou com muita dificuldade em encontrar dados credíveis para fundamentar o projecto.
Ainda gostava de referir que os nº que apresenta sobre o consumo em Portugal são dúbios pois relata dois valores antagónicos.
Desde já agradecendo a sua disponibilidade em me ajudar.
Cumprimentos

J. Cadima Ribeiro disse...

Caro Ernesto Morgado,
Agradeço a sua visita e o comentário que deixou. Infelizmente, não estou em condições de lhe ser útil, isto é, o texto que comentou foi produzido por um aluno que entretanto terminou o seu curso e de que, por isso, não tive mais notícias. Pessoalmente, não é uma matéria que trabalhe ou sobre a qual me tenham chegado novos dados.
Desejo o maior sucesso ao seu empreendimento.

Erick disse...

Boa tarde Ernesto Morgado,

Sei que já faz algum tempo que postou vosso comentário, porém apenas agora localizei este site.
Estou em buscar de informação sobre a helicultura e se puder compartilhar os dados de sua pesquisa para elaboração do Plano de negócio para exploração de caracóis eu agradeço.
Pode me contactar pelo email erickfigueiredoteles@gmail.com?

Com os melhores cumprimentos,

Erick Teles