Num mundo cada vez mais global, em que a concorrência é cada vez mais forte, torna-se fundamental que as empresas reúnam um conjunto de condições que lhes permita sobreviver e, se possível, singrar neste ambiente económico cada vez mais severo. A globalização e a concorrência devem ser vistas portanto, como o ambiente mais benéfico, tanto para o consumidor, como para as empresas. Estas devem aproveitar a oportunidade para se tornarem produtivas e competitivas. Embora esta relação não seja, muitas vezes, de causa-efeito, visto que em algumas situações é exigida a internacionalização, a verdade é que já é um grande passo.
Segundo dados recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, referentes ao 2º semestre de 2009, a produtividade apresentada pelas empresas do Estado (16,91 mil euros por trabalhador) é superior à média nacional, que é de cerca de 6,9 mil euros (menos de metade). Considerando apenas os principais sectores de actividade no nosso país, tais como o da construção ou dos transportes, a média sobe para os 11,5 mil euros por trabalhador, continuando aquém da do Sector Empresarial do Estado (SEE). Dado que as empresas que constituem o SEE, na sua maioria, têm por objectivo a satisfação de necessidades colectivas, por estarem em causa recursos públicos, e não aumentar a sua rentabilidade, estes números, se por um lado revelam uma boa imagem do Estado, por outro, mostram que a iniciativa privada se encontra aquém das suas expectativas. Para além disso, a variação face ao período homólogo do ano transacto, foi menor para as empresas públicas, que registaram uma diminuição de 2,5%, comparativamente à evolução registada nos principais sectores de actividade (-5,23%).
Uma análise mais detalhada, e começando pelo SEE, permite inferir que as empresas mais produtivas são as das infra-estruturas, tais como as administrações portuárias (254,85 mil euros) e as Estradas de Portugal (204,85 mil euros), ao contrário das dos transportes, como é exemplo a Metro do Porto, com um valor acrescentado bruto negativo (-213,08 mil euros). Ainda se pode referir que estas empresas, ao abrigo do Programa Pagar a Tempo e Horas do Governo, reduziram em 40 dias os seus prazos médios de pagamento (PMP), de 133 dias, no 2º semestre de 2008, para 93 dias, no mesmo período de 2009. Apesar desta mudança positiva ao nível dos seus PMP, relativamente aos rácios do endividamento não se verificou o mesmo, visto que estes subiram para 45%, o que pode ser explicado, em parte, pelas dificuldades inerentes à crise económico-financeira. Ao nível agregado, o sector imobiliário e as actividades financeiras são os sectores mais produtivos, segundo o INE, com uma média de 44,142 mil euros por trabalhador, enquanto na cauda deste “ranking” se encontra a agricultura (1,5 mil euros por trabalhador), como seria de esperar.
Feita uma abordagem à produtividade apresentada pelas empresas portuguesas, uma contextualização internacional torna-se agora necessária, para uma análise mais completa desta temática, bem como para avaliar a competitividade externa. Assim sendo, na versão 2009-2010 do “Global Competitiveness Report”, publicado pelo “World Economic Forum”, que avalia o nível de competitividade de 133 países, Portugal aparece colocado em 43º lugar. Reportando-nos apenas à União Europeia, países que recentemente aderiram a esta organização, tais como o Chipre (34º lugar), Estónia (35º lugar) ou Eslovénia (37º lugar), aparecem melhor classificados que o nosso. No entanto, a competitividade portuguesa supera a de países como a Itália (48º lugar) ou da Grécia (71º lugar). Para além da posição portuguesa no referido “ranking” não ser a melhor, tendencialmente o país tem vindo a perder posição nesta comparação internacional.
A grandeza deste relatório reside no facto de permitir identificar as principais vulnerabilidades que estão a sacrificar a nossa competitividade e assim encontrar as acções correctoras para melhorá-la e inverter a evolução por esta apresentada. Em termos de grandes agregados, a maior fragilidade apresentada pela nossa economia, está relacionada com a eficiência do mercado de trabalho, que se posiciona no 103º lugar, nomeadamente a dificuldades nos processos de contratação e despedimento. Ao invés, o indicador mais favorável, de entre os 12 pilares de competitividade, verifica-se nas infra-estruturas (23º lugar). À luz destes resultados, parece então difícil compreender que as prioridades governativas passem muitas vezes pelo investimento em infra-estruturas, em prejuízo, nomeadamente, da agilização do mercado de trabalho.
De qualquer das formas, dada a análise efectuada ao nível da produtividade e competitividade, conceitos intimamente relacionados, parece então ser necessário aprofundar a estruturação da economia portuguesa. Em termos genéricos, e para além da necessidade anteriormente referida, a capacidade de organização/gestão e, em especial, a formação dos recursos humanos, frequentemente apontada com uma das nossas maiores fraquezas, constituem as medidas centrais para alcançar a desejada competitividade.
Ricardo Pinheiro
Segundo dados recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, referentes ao 2º semestre de 2009, a produtividade apresentada pelas empresas do Estado (16,91 mil euros por trabalhador) é superior à média nacional, que é de cerca de 6,9 mil euros (menos de metade). Considerando apenas os principais sectores de actividade no nosso país, tais como o da construção ou dos transportes, a média sobe para os 11,5 mil euros por trabalhador, continuando aquém da do Sector Empresarial do Estado (SEE). Dado que as empresas que constituem o SEE, na sua maioria, têm por objectivo a satisfação de necessidades colectivas, por estarem em causa recursos públicos, e não aumentar a sua rentabilidade, estes números, se por um lado revelam uma boa imagem do Estado, por outro, mostram que a iniciativa privada se encontra aquém das suas expectativas. Para além disso, a variação face ao período homólogo do ano transacto, foi menor para as empresas públicas, que registaram uma diminuição de 2,5%, comparativamente à evolução registada nos principais sectores de actividade (-5,23%).
Uma análise mais detalhada, e começando pelo SEE, permite inferir que as empresas mais produtivas são as das infra-estruturas, tais como as administrações portuárias (254,85 mil euros) e as Estradas de Portugal (204,85 mil euros), ao contrário das dos transportes, como é exemplo a Metro do Porto, com um valor acrescentado bruto negativo (-213,08 mil euros). Ainda se pode referir que estas empresas, ao abrigo do Programa Pagar a Tempo e Horas do Governo, reduziram em 40 dias os seus prazos médios de pagamento (PMP), de 133 dias, no 2º semestre de 2008, para 93 dias, no mesmo período de 2009. Apesar desta mudança positiva ao nível dos seus PMP, relativamente aos rácios do endividamento não se verificou o mesmo, visto que estes subiram para 45%, o que pode ser explicado, em parte, pelas dificuldades inerentes à crise económico-financeira. Ao nível agregado, o sector imobiliário e as actividades financeiras são os sectores mais produtivos, segundo o INE, com uma média de 44,142 mil euros por trabalhador, enquanto na cauda deste “ranking” se encontra a agricultura (1,5 mil euros por trabalhador), como seria de esperar.
Feita uma abordagem à produtividade apresentada pelas empresas portuguesas, uma contextualização internacional torna-se agora necessária, para uma análise mais completa desta temática, bem como para avaliar a competitividade externa. Assim sendo, na versão 2009-2010 do “Global Competitiveness Report”, publicado pelo “World Economic Forum”, que avalia o nível de competitividade de 133 países, Portugal aparece colocado em 43º lugar. Reportando-nos apenas à União Europeia, países que recentemente aderiram a esta organização, tais como o Chipre (34º lugar), Estónia (35º lugar) ou Eslovénia (37º lugar), aparecem melhor classificados que o nosso. No entanto, a competitividade portuguesa supera a de países como a Itália (48º lugar) ou da Grécia (71º lugar). Para além da posição portuguesa no referido “ranking” não ser a melhor, tendencialmente o país tem vindo a perder posição nesta comparação internacional.
A grandeza deste relatório reside no facto de permitir identificar as principais vulnerabilidades que estão a sacrificar a nossa competitividade e assim encontrar as acções correctoras para melhorá-la e inverter a evolução por esta apresentada. Em termos de grandes agregados, a maior fragilidade apresentada pela nossa economia, está relacionada com a eficiência do mercado de trabalho, que se posiciona no 103º lugar, nomeadamente a dificuldades nos processos de contratação e despedimento. Ao invés, o indicador mais favorável, de entre os 12 pilares de competitividade, verifica-se nas infra-estruturas (23º lugar). À luz destes resultados, parece então difícil compreender que as prioridades governativas passem muitas vezes pelo investimento em infra-estruturas, em prejuízo, nomeadamente, da agilização do mercado de trabalho.
De qualquer das formas, dada a análise efectuada ao nível da produtividade e competitividade, conceitos intimamente relacionados, parece então ser necessário aprofundar a estruturação da economia portuguesa. Em termos genéricos, e para além da necessidade anteriormente referida, a capacidade de organização/gestão e, em especial, a formação dos recursos humanos, frequentemente apontada com uma das nossas maiores fraquezas, constituem as medidas centrais para alcançar a desejada competitividade.
Ricardo Pinheiro
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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