Não
há como fugir à triste realidade: estamos perante o ano mais negro de sempre no
que toca a incêndios em território nacional. Foram mais de 500 mil hectares de
área ardida que resultaram em mais de uma centena de mortos. Mas de quem será a
responsabilidade? Será da negligencia e desleixo das pessoas? Serão apenas
causas naturais? Ou serão causados por atos criminosos?
É
evidente que o calor e os períodos de seca são propícios a estas catástrofes,
porem não me parece justificação para tanta área ardida. Se assim fosse, Itália,
com o dobro dos fogos do nosso país, não teria apenas ¼ da nossa área ardida.
Para
mim, é evidente que a falha está no sistema Português, e na sua especialização
no combate aos fogos. É aqui que o Governo deveria entrar em ação. Existem
milhares de bombeiros espalhados pelo país que combatem todos os anos incêndios
atrás de incêndios, dão a cara pelo país e protegem a nossa população, servem o
povo, dever esse que toca também ao Governo. Na minha opinião, há falta de
investimento no que toca a formação e equipamento de combate aos incêndios,
havendo também falhas óbvias no tocante à prevenção que deve existir durante
todo o ano.
A
instabilidade é tanta no Governo que o Presidente da Republica discursa em
direto dizendo: “É preciso pensar, abrir um novo ciclo. Com quem? E é preciso
romper com quem provoca a descrença”. É evidente depois desta afirmação que a
Ministra estava, no máximo, a dias de se tornar Ex-ministra, aquilo que se veio
a verificar.
E
quem beneficia com o circuito de madeira queimada? Exatamente, não pode haver
dúvidas que há mão criminosa nestes atos. Sendo que quando há um incêndio, o
preço que a empresa paga pela madeira sofre uma queda brutal. É evidente que
com tanto dinheiro em jogo existam pessoas sem olhar aos meios para atingir os
fins.
Mas não é só. Durante anos, empresas do setor da aviação
terão feito um “esquema de consórcio cartelizado” para garantir o concurso público,
levando o Estado a pagar muito mais do que as operações efetivamente custavam. O
Estado chegou a pagar entre 20 e 30 por cento mais por um helicóptero ligeiro
do que paga atualmente, porque as empresas se juntavam e “faziam o que queriam”.
Até 2015, cada hora de voo de um Kamov custava cerca de 35
mil euros. Atualmente são 5333 euros por hora de voo. Os contribuintes
atualmente pagam o mesmo pela sua operação e manutenção que até à data pagavam
só em manutenção, manutenção essa, tão eficaz, que deixou 4 helicópteros
parados.
Não nos podemos esquecer de Miguel Macedo, ministro acusado
ainda no Governo de Passos Coelho, no processo Vistos Gold, de ter enviado à Faasa os cadernos de encargos do concurso de
2014 para a operação e manutenção dos Kamov. É importante realçar que a Faasa é
investigada em Espanha por uma alegada ligação ao “cartel de fogo” espanhol.
Esta explicação sobre o que se passa, ou se passou, nos concursos
públicos dos meios aéreos explica bem o porquê de eu ter centrado
responsabilidades no Sistema e não no Governo. Quando sucessivos governos
falham, a falha está no sistema e não só no Governo em atividade.
Como
solução, gostava que fosse experimentada a plantação de mais “árvores
bombeiras” (bidoeiros, carvalhos e castanheiros).
São árvores que no verão estão verdes e no outono deixam cair folhas pouco
inflamáveis, o que impede as mesmas de arder em caso de incêndio, travando a
propagação do mesmo. Estudos revelam que raríssimos fogos têm origem em zonas
onde existem estas árvores. Outra solução é estabelecer um preço mínimo para a
madeira queimada, medida essa que já foi posta em prática pelo governo, já
estando em vigor atualmente.
O
Senhor Primeiro Ministro enumerou as principais causas destes dias de Inferno,
pela seguinte ordem: mau ordenamento e limpeza das florestas; negligencia e desleixo
das pessoa; e Crime.
Gostava
então de concluir, dizendo que a minha opinião difere totalmente da de António Costa.
Para mim, a principal causa dos incêndios tem sido a prática criminosa. Se bem
se recordam, no início deste comentário disse que em Itália existe o dobro dos fogos
mas apenas ¼ da área ardida do nosso país. Com isto quero dizer que em Portugal
arde demasiada área. Tanta que leva a pensar que só um ato criminoso extremamente
organizado conseguiria levar avante. Como disse o diretor-adjunto de Informação
da SIC, José Gomes Ferreira, “Quem faz isto sabe estudar os dias e o vento para
arder o máximo possível”.
1 comentário:
Lindo!! Excelente opinião! Ainda bastante atual...
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