quinta-feira, 27 de novembro de 2014

INSURANCE MARKET IN LITHUANIA

Insurance is a contract by which one party, in consideration of a price paid to him adequate to the risk, becomes secure by the other that he shall not suffer loss, damage or prejudice by the happening of the perils specified to certain things which he may be exposed to.

At the end of 2013, insurance services in the Lithuanian market were provided by 24 insurers, of which 10 are insurance undertaking registered in Lithuania and 14 are branches of insurance undertakings established in other EU countries. Insurance licences of two insurance undertakings, i.e. UAB Būsto paskolų draudimas and UADB Industrijos garantas, were suspended. 
The share of Lithuania’s overall insurance market held by branches expanded to 49 per cent, from 40 per cent (53% of non-life insurance market, 42% of life assurance market), primarily due to a merger between three non-life insurance undertakings of ERGO in the Baltic countries early in 2013 and the continuation of the insurer’s operations in Lithuania through a branch of ERGO Insurance SE. 
In 2013, Lithuania’s insurance market continued to grow steadily: the insurance undertakings registered in the country and the branches of insurance undertakings established in Lithuania by other EU countries last year grew to LTL 1.946 billion in insurance premiums, 8.8 per cent more versus 2012. Growth rates of life assurance and non-life insurance markets were broadly similar, in particular, the life assurance market expanded by 8.9 per cent, or LTL 626.0 million, and the non-life insurance market — by 8.7 per cent, or LTL 1,319.5 million. 
However, neither life assurance nor non-life insurance segments managed to match the highest scopes seen in previous years. Record premiums written in traditional life assurance by the life assurance segment reflect increased demand for more conservative investment products. At the same time, a rather significant increase (of 9%) in the scope of unit-linked insurance has shown that, despite higher investment risks, policyholders also choose investments in riskier products of life assurance undertakings in the environment of low interest rates. 
For the non-life insurance market, 2013 was a year of record volumes. Last year, the scope of compulsory motor third-party liability (MTPL), status, general civil liability, financial loss, railway rolling stock and assistance insurance classes was the largest in a decade. However, the amounts paid by the latter insurance groups in claims were record high as well, thus, the loss ratio of non-life insurance market  (excluding claims handling expenses and subrogation amounts) decreased marginally by meagre 3 percentage points (to 58%). 
According to unaudited data, insurance undertakings registered in Lithuania earned LTL 61.2 million in profit in 2013, i.e. LTL 15.5 million less than in 2012. In contrast to previous periods, profitability of insurance undertakings was mostly driven by successful core, i.e., insurance operations. The prevailing environment of low interest rates affected investment performance of insurance undertakings’ last year, in particular, the return on investment (ROI) decreased by 2.7 percentage points to 2.6 per cent, and investment performance was one of the weakest as compared with performance in the past five years. In line with the previous periods, undertakings pursuing life assurance activities scored better in terms of the aggregate performance than non-life insurance undertakings. 
In 2013, as compared to 2012, assets of insurance undertakings grew by 8 per cent and amounted to LTL 2.8 billion. Growth was driven by a 3.7 per cent increase in the value of insurance undertakings’ investments and by an increase of as much as 14.7 per cent in the amount of life assurance investments, where the investment risk is borne by insurance policyholders. The composition of the insurers’ investment portfolio remained virtually unchanged, i.e., it remained conservative with the biggest amounts invested in government securities, corporate bonds and term deposits with banks. At the same time, insurance undertakings started looking for more profitable, albeit riskier, investments. As a result, investments in shares and other variable-yield securities increased by 14 per cent (to LTL 105.6 million) to account for 6.6 per cent of total investments. 
One of the major indicators of financial stability in the insurance market (solvency margin coefficient) was rather high, of 2.6 (solvency margin requirements are met where the solvency coefficient is above 1). Sufficient coverage of technical provisions of the insurance market with assets and a high solvency margin mean a financially stable market. 
In 2013, two planned inspections of insurance undertakings were carried out with focus on the adequacy of reserves formed by insurance undertakings, i.e. insurance technical provisions, as well as on the assessment of other areas relevant to the financial standing of the undertakings and the quality of their management system.

In my opinion, insurance is very important because it contributes a lot to the general economic growth of the society by providing stability to the functioning process. The insurance industries develop financial institutions and reduce uncertainties by improving financial resources. Insurance generate funds by collecting premium. These funds are invested in Lithuanian government securities and stock. These funds are gainfully employed in industrial development of the Lithuania for generating more funds and utilised for the economic development of the country. Employment opportunities are increased by big investments leading to capital formation. Insurance generates significant impact on the economy by mobilizing domestic savings. It turns accumulated capital into productive investments, enables to mitigate loss, financial stability and promotes trade and commerce activities those results into economic growth and development. Thus, insurance plays a crucial role in sustainable growth of an economy.

AIRA JANONYTĖ

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Multinacionais

As multinacionais, além de grandes, são também empresas fortemente rentáveis e produtivas. Geram concorrência nos mercados externos em que se inserem, produzem bens e serviços dos melhores níveis de qualidade, criam um vasto número de postos de trabalho, o que atrai fortemente os governos dos países onde se instalam e todos os consumidores que estão dispostos a pagar apenas pelos melhores produtos.
Recentemente, foi tornado público que algumas multinacionais pagavam baixos impostos ou até nenhuns, nomeadamente, a Starbucks, rede mundial de cafés, foi manchete nos sites e jornais do Reino Unido por nos últimos anos ter pago zero ao fisco. Á lista de multinacionais que fogem aos impostos, podemos acrescentar ainda a Google,a Apple, a Amazon, entre outras.
Segundo a OCDE, cerca de 400 multinacionais pagam apenas 4% a 5% de impostos sobre os lucros. Valores bastante irrisórios e cerca de 32-57% abaixo da média dos impostos das empresas nacionais.
A pergunta que se coloca agora é: como é que estas grandes empresas evitam o pagamento ao fisco? Uma das principais formas de fuga é a atribuição dos lucros a subsidiárias que se encontram localizadas nos chamados “paraísos fiscais”, como é o caso das Ilhas Caimão e das Bermudas, onde a lei facilita a aplicação de capitais estrangeiros, oferecendo uma espécie de dumping fiscal com alíquotas de tributação muito baixas ou nulas. Outra das estratégias utilizadas é a manipulação dos preços de transferência e rácios de dívida.
Com a divulgação deste problema, a OCDE em parceria com o G-20, grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia, irão atuar de forma a eliminar as lacunas nos tratados fiscais que as multinacionais aproveitam para não pagar impostos. Isto irá implicar um aumento da pressão em países como a Irlanda, a Suíça, o Luxemburgo e a Holanda, onde as empresas internacionais estabelecem sede e têm facilidade em fugir ao fisco.
A verdade é que este comportamento por parte das multinacionais é legal, mas imoral, ou seja, a lei permite, no entanto os princípios éticos estão a ser violados. A mesma empresa acaba por ter duas imagens contraditórias, no mercado é lucrativa e no fisco deficitária.
Não desconsiderando todas as contribuições que as multinacionais fazem para a economia, a meu ver, empresas como a Starbucks, a Apple e a Google, que estão em todo o lado do mundo, fazem diariamente parte do nosso dia, têm um vasto público fiel à sua marca e aos seus produtos, deveriam ser as primeiras a demonstrar os conceitos de transparência, lealdade e igualdade. Como é óbvio, este comportamento revolta todos aqueles que fazem sacríficos, levando-os também a procurar planos de fuga aos impostos. E como todos nós sabemos, nenhuma economia sobrevive quando a evasão aos impostos se torna “o pão nosso de cada dia”.

Ângelo Rafael Gonçalves Moreira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Comportamento oligopolista das operadoras de telecomunicações em Portugal

No mercado Português das telecomunicação verifica-se uma “Estrutura Oligopolista” que, segundo a ANACOM (Autoridade Reguladora em Portugal de Comunicações) “sugere a possibilidade de os operadores terem incentivos para um comportamento coordenado, em detrimento de um comportamento concorrencial”. 
Para operarem neste setor, as operadoras necessitam de um vasta infraestrutura, sendo que o investimento é elevadíssimo. São necessárias concessões do governo para entrarem no mercado, através de leilões públicos. Em função do elevado investimento, é difícil verificarmos um elevado número de operadoras. Contudo, podem permitir o acesso à sua rede a outras empresas. 
Segundo dados da ANACOM, subscrições por pacotes e adesão à fibra aumentaram 10,6% num ano. O grupo NOS detém a quota de assinantes de televisão paga mais elevada, de 45,3% no final de Junho deste ano. A PT comunicações e a MEO detinham uma fatia de 41,9% no mesmo período. A Cabovisão e a Vodadone possuem uma cota de mercada mais baixa representando, respetivamente, 6,7% 3 e 5,9%. Contudo, é a Vodafone que tem vindo a conquistar mercado, sendo o líder de novas subscrições. 
No que respeita aos serviços móveis, as receitas destes caíram cerca de 10% no final do 2º trimestre deste ano. A MEO retém uma quota de 47,3%, a Vodafone de 34,5% e a NOS possui 16% de quota. Como podemos comprovar pelos dados mencionados, um número pequeno de empresas domina quase totalmente este mercado. 
O número de queixas junto da Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor (DECO), aumentou 20% entre Janeiro e Outubro do ano passado. As telecomunicações lideram o ranking das reclamações dos consumidores, incidindo sobretudo em questões de fidelização e falta de transparência e de informação. Segundo a mesma entidade reguladora, estas empresas atuam de forma coordenada, em detrimento de um comportamento concorrencial, impedindo a entrada de novas empresas no mercado e impossibilitando o acesso às suas redes a novos aspirantes que pretendam oferecer serviços de retalho. Este tipo de comportamento desvia-nos da ilusão da existência de um Oligopólio, chegando a funcionar mesmo como um Monopólio. 
Desde meados de 2001, verificou-se uma retração da concorrência, ao contrário do que sucedia anteriormente, em que “o mercado português era bastante eficiente e estava ao nível dos melhores da Europa”. Os preços de retalho dos três operadores (TMN, Vodafone e Optimus) mantiveram-se relativamente estáveis, exibindo um comportamento não consistente com a descida generalizada de custos.
Atualmente, Portugal é um dos poucos países da União Europeia onde os únicos a prestar serviços móveis de retalho são os operadores de rede. Na maioria dos países existem outras empresas que oferecem serviços no mercado de retalho utilizando o acesso às redes dos operadores. Por conseguinte, os consumidores portugueses são prejudicados por este “comportamento de cartel”, sendo “obrigados” a pagar preços elevadíssimos por um serviço que, neste momento, já não justifica tais custos. Há um “abuso” neste tipo de mercado pois é certo que todos nós necessitamos destes serviços.
Como sabemos, em Portugal não existe uma verdadeira tradição de política de concorrência nos mercados de bens e serviços. Uma boa regulação por parte Estado é essencial para combater este tipo de comportamentos que prejudicam o consumidor. Assim, excedente do consumidor é quase totalmente transferido para o produtor, afetando o bem-estar social da economia.
Será necessário, deste modo, uma intervenção pública mais ativa, criando condições e atenuando barreiras para que se permita a entrada de novas operadoras que, naturalmente, forçarão a descida dos preços. É necessário melhorar a utilização dos recursos, promover o investimento de infraestruturas economicamente eficientes, reduzir as barreiras à entrada e a promover uma concorrência efetiva.

Ana Marta Gomes Carvalho

Bibliografia:
http://www.telemoveis.com/tecnologia/anacom-denuncia-estrutura-oligopolista.html

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

“… Despesas com Rendimento de Inserção baixam 40% em três anos…”

O Rendimento Social de Inserção (R.S.I.) é uma medida de protecção Social criada para apoiar as pessoas/famílias mais carenciadas, com dificuldades económicas e em risco de exclusão Social. É constituído por um contrato de inserção que consiste em ajudar na integração Social e profissional através de uma ajuda pecuniária (subsídio) que, de certa forma, contribui para combater a exclusão social e satisfazer as necessidades básicas. Quem recebe o Rendimento Social de Inserção assina um contrato de inserção onde consta um conjunto de deveres e obrigações.  
Dos dados fornecidos pela Segurança Social, podemos dizer que o número de casos está a diminuir, mas esta diminuição de certa forma deve-se ao aumento dos “cortes do estado”. Sendo este tipo de ajuda atribuído a pessoas/famílias que, normalmente, são desempregados de longa duração, como podemos, então, analisar os dados da Segurança Social, entre 2004 e 2013? Os referidos dados apontam que, em média, assistimos na verdade a uma queda no Rendimento Social de Inserção nos últimos três anos. Entre 2004 até 2010, em média, verificou-se um aumento considerável no número médio de benificiários do R.S.I, passando de 84.316 em 2004 para 526.013 em 2010. Entretanto, note-se que a partir de 2010 até ao ano transacto (2013) se verificou uma diminuição no número de beneficiários em 165.860 beneficiários. Ou seja, em 2010 existiam 526.013 beneficiários com de R.S.I. e em 2013 passou-se, em média, para 360.153 beneficiários. Estes dados referem-se a Portugal, incluindo os Açores e a Madeira.
Podemos referir que no distrito de Braga, em média, em 2004, existiam 5.615 beneficiários do R.S.I., número que foi crescendo até 2010, para 31.387 indivíduos. Mas, de 2010 para 2011, passaram a ser 23.724 beneficiários, em 2012 tivémos 20.592 e em 2013 passámos a ter 15.224. 
Também o número de famílias com processamento de R.S.I., em média, em 2010, foi de 206.700 famílias. Devido à redução das despesas do Estado em R.S.I., em 2013 tivémos 148.107 famílias, menos 58.593 famílias com processamento de R.S.I.
Em conclusão, este auxílio económico, ao ser atribuído, tem de ter regras, e não é umas para os mais ricos e outras para os mais pobres, não sendo estas pessoas responsáveis pela sua situação actual. O Estado pode reduzir nas despesas sociais, mas para isso tem de fazer um estudo exaustivo e minucioso de cada caso em situação de carência económica. Devido à existência de casos fraudulentos, existem indivíduos/famílias a possuir este auxílio económico, sem tais carências. Aqui sim, o Estado deve intervir e penalizar estes actos. 
Por um lado, é bom o Estado reduzir nas despesas sociais, se a esta redução estiver associada uma economia mais estável, isto é, com maior empregabilidade. Por outro lado, o Estado não deve ignorar os casos em decadência económico-social. Nestes últimos três anos, como podémos verificar nos dados da Segurança Social, a despesa para este tipo de prestações sociais sofreu uma queda de 40%, certamente alta, já que ainda existem muitos casos com dificuldades económico-financeiras.

     Marília Fernandes Rodrigues 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

domingo, 16 de novembro de 2014

Economia Paralela: da fraude de milhões ao pequeno desvio ocasional

A dimensão da economia paralela num país dá-nos a ordem de grandeza da crise social, e não somente económica, do país. Ela é uma preocupação transversal à sociedade portuguesa. Ao mesmo tempo que se reivindica o seu fim no cartaz de manifestação, está nas preocupações do Governo ao analisar a política fiscal. Muitos reivindicam contra ela, vários declaram ou fingem combatê-la e alguns manipulam e controlam a sua existência e os seus grandes benefícios.

Ela tem vindo a crescer entre nós, facilitada pela livre circulação de bens e serviços e pela desmaterialização de boa parte das transações comerciais, mas também pela lentidão da justiça, pelas limitações de eficiência do aparelho tributário, pelo aumento contínuo da carga fiscal, do desemprego e dos “biscates” para poder sobreviver. Da fraude de milhões ao pequeno desvio ocasional.

Perante a dimensão da crise social, não surpreende o facto de que o valor da economia paralela em Portugal tenha crescido para os 44 mil milhões de euros, 27% do produto interno bruto oficial do país. Um montante de actividades que se pagassem impostos faria com que não tivéssemos “excessivo” défice no Orçamento do Estado (admitindo, com muita improbabilidade, que toda a sua actividade está aí reflectida).

Responsabilidade de cada um de nós? Responsabilidade do Governo, bode expiatório das nossas desilusões? Responsabilidade do sistema, declarada quando não conseguimos identificar as causas?

Quando, no início do presente milénio, analisámos a globalização, quando as perturbações da crise ainda não existiam, mas eram previstas, a partir da observação das suas características, concluímos da existência de uma importante actividade ilegal (droga, órgãos humanos, espécies protegidas, armamento, escravatura, etc.). Acrescentaríamos hoje uma forte dimensão da fraude e da corrupção, do branqueamento de capitais…

Os crimes socialmente mais relevantes são praticados por quem está profundamente integrado na sociedade, pela “criminalidade de colarinho branco”.

A crise de 2007 poderia ter conduzido a uma alteração dos modelos de comportamento, como pareciam indiciar algumas declarações políticas de então, mas o poder económico conseguiu subordinar o poder político, e tudo continuou parecido. Demonstram-no as políticas assumidas e a realidade dos paraísos fiscais e tributários, os offshores. Isto é, espaços legalmente constituídos e politicamente suportados para dificultar a criminalização nacional dos actos ilícitos, para aproximar actividades legais e a criminalidade económica internacional, para disfarçar a grande corrupção, para fluir o branqueamento de capitais, para implantar empresas-fantasma e reforçar a fraude fiscal.
E tudo isto está estreitamente associado a uma profunda desigualdade na distribuição do rendimento, assumindo frequentemente formas que qualquer moral do senso comum rejeitaria: as fraudes e crimes de uns (uma elite económica e política defraudadora) são pagas pelos que nada têm a ver com o assunto e, muitas vezes, se encontram no limiar que separa o viver do sobreviver: para que o capital financeiro não se desvalorize, desvalorizam-se as condições de vida das populações.

A tendência de aumento da economia “não registada” nas últimas décadas é, em primeiro lugar, resultado da integração do nosso país nesta dinâmica global da globalização. Contudo, tal não reduz a responsabilidade dos poderes políticos neste processo: durante grandes períodos tem havido uma cumplicidade e envolvimento nessa dinâmica internacional, facilitou-se o controlo de importantes segmentos do Estado pelo poder económico. A crise acelerou as tensões existentes e aumentou as desigualdades sociais no nosso país.

Neste contexto, foi-se assistindo nacionalmente a um conjunto de atuações de curto prazo, mas duradouras, que corroeram a confiança entre o Estado e os cidadãos. Quando ela se rompe, ou continua destruída, a incerteza aumenta, as relações sociais enfraquecem-se, a ética degenera e os desonestos reforçam o seu poder, porque ficam em melhores condições de “vencer a concorrência”.

E há razões para essa quebra de confiança. É importante reforçar que a corrupção, a fraude fiscal e o crime económico-financeiro são menos combatidos que os “crimes de rua”, que o não cumprimento de obrigações de muitas famílias por estritas razões de sobrevivência. As desigualdades na distribuição do rendimento agravam-se obscenamente.
Quanto às responsabilidades de cada um, elas são muito diferenciadas. Há quem canibalize, quem viva e quem sobreviva.

O Homem deveria ser a razão da actividade económica, mas quem anseia respeito e dignidade tem de procurar substituir o Estado-mercado pelo Estado-nação.
Só em democracia se reduz a economia “não registada”, mas não acontecerá enquanto o poder político estiver exclusivamente subjugado à dinâmica económica, aos “mercados”.

Susana Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

INTERNATIONAL SOURCING

1) O QUE E O SOURCING INTERNACIONAL?
international sourcing consiste na deslocalização total ou parcial de funções até então realizadas por uma empresa residente num determinado país, para outras empresas localizadas nesse país ou no estrangeiro e com as quais existiam ou não relações de grupo. As funções deslocalizadas podem constituir o core business da empresa (negócio principal) ou funcionarem como atividade de suporte.
Estamos perante sourcing internacional quando as funções são deslocalizadas para outras empresas no estrangeiro.

2) COMPARATIVA SOURCING INTERNACIONAL NO PERÍODO 2009-2011 E PLANOS PARA 2012-2015.

2.1) Introdução
No período 2009-2011, 15,3% das empresas em Portugal com 100 ou mais pessoas ao serviço realizaram sourcing internacional, principalmente dirigido a países da União Europeia e dos PALOP.
Cerca de 12% tiveram planos para realizarem sourcing internacional no período 2012-2015. Os países da UE a 15 e os PALOP seriam também destinos preferenciais, adquirindo os PALOP uma importância acrescida.
Em 2011, 9,1% das empresas com 100 o mais trabalhadores tinham filiais no estrangeiro, constituindo os PALOP, os países da UE15 e o Brasil os destinos prediletos para a sua localização. Cerca de 24% das empresas subcontrataram funções de negócio a fornecedores externos estrangeiros, localizados maioritariamente nos países da UE15.

2.2) O sourcing internacional no período 2009-2011.
No período 2009-2011, 15,3% das empresas com 100 o mais trabalhadores realizaram sourcing internacional (mais 3,1% que no período 2001-2006). Mais de 72% das empresas que realizaram sourcing internacional faziam parte de um grupo económico.
Em portugal, 18,2% das empresas da indústria deslocalizaram atividades para o estrangeiro, 5% mais do que observado no conjunto dos outros setores de atividade.
O sourcing internacional continua a ser um modelo sobretudo usado por empresas do setor da indústria, sendo crescente a utilização por empresas de outros setores. Em relação ao período 2001-2006, Portugal registou um acréscimo de 8,7% na proporção de empresas de outros setores que realizarem sourcing internacional.
Também em relação ao período 2001-2006, no período 2009-2011 foi notório o incremento da deslocalização das funções de suporte ao negócio (acréscimo em Portugal de 8,9%).
Em Portugal, as funções de suporte mais deslocalizadas para o mercado internacional foram as administrativas e de gestão e as TIC.
No contexto Europeu, as TIC foram as funções mais frequentemente objeto de sourcing internacional; as funções de I+D e engenharia foram outras das funções de suporte mais deslocalizadas para o mercado internacional.
Em Portugal, cerca de 70% das empresas realizaram sourcing internacional com parceiros localizados na UE.Também foi elevada a frequência de empresas portuguesas a deslocalizarem funções para o resto do mundo, incluindo no “resto do mundo” os PALOP (percentagem significativo).
Por tipo de funções de negócio, os países de UE foram o primeiro destino escolhido pelas empresas portuguesas para a deslocalização quer de funções de core business quer de funções de suporte ao negócio.
Os PALOP ocupam a segunda posição enquanto destino para o sourcing internacional de parte ou da totalidade das funções de core business e a terceira posição para a deslocalização de funções de suporte ao negócio.
Em Portugal, as decisões estratégicas do cabeça de grupo foram consideradas como a principal motivação para a deslocalização, e o acesso a novos mercados foi a segunda motivação.
No contexto europeu, as decisões estratégicas do cabeça de grupo e a redução de gastos de pessoal foram as motivações mais valorizadas aquando da deslocalização de funções para o mercado internacional.
2.2.1) Retorno do sourcing internacional 2009-2011.
2,3% das empresas com 100 ou mais trabalhadores ao serviço fizeram regressar a Portugal funções de negócio alvo de sourcing internacional. Para 25,9% das empresas, os custos superiores ao esperado foram a principal motivação para o retorno do sourcing internacional.
2.2.2) Atividades das filiais de empresas portuguesas no estrangeiro em 2009-2011.
9,1% das empresas com 100 ou mais trabalhadores tinham filiais localizadas no estrangeiro.
Cerca de 40% das empresas com filiais tinham filiais localizadas nos PALOP dedicadas a realização de parte ou totalidade de funções do seu core business. Por outro lado, cerca de 52% tinha filiais na UE para onde deslocalizaram pelo menos uma das suas funções de suporte ao negócio principal. 34,8% registaram incremento do emprego das filiais no estrangeiro.
2.3) Planos outsourcing internacional 2012-2015.
Cerca de 12% das empresas com 100 ou mais pessoas ao serviço tem planos de deslocalizar. Esta percentagem sobe para 56,4% se forem consideradas só aquelas que realizaram sourcing internacional em 2009-2012.
UE e os PALOP continuam sendo os primeiros lugares para a deslocalização de funções de core business.
Mais de 69% das empresas portuguesas optaram pela UE. Os PALOP e o Brasil acolheram 32,4% e 24,7% das empresas, respetivamente.
Cerca do 40% das empresas com planos futuros para a realização de sourcing internacional referiram esperar que este tenha impactos no emprego da sua empresa ao nível da deslocalização para o estrangeiro de postos de trabalho de elevada qualificação.

Rosana Pilar López Alvez

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Vantagens para Portugal do abandono da zona-euro

Portugal está com enormes desequilíbrios não só nas finanças públicas como também na economia: mercado de trabalho e balança comercial desequilibrados.
Imaginando que é tomada a decisão de Portugal abandonar a moeda Euro, existia desde já uma vantagem: Portugal tem a possibilidade de valorizar ou desvalorizar a nova moeda adotada, desde que não seja uma moeda comum a outros países, tal como acontece atualmente com o Euro, em que não pode ser Portugal a tomar a decisão de valorizar ou desvalorizar esta moeda, mas sim a própria UE.
Considerando um cenário em que Portugal sai do Euro e desvaloriza a nova moeda (ex.: Escudo), teria as seguintes vantagens: 
- desvalorizando a moeda nacional, o preço dos produtos nacionais ficaria mais baixo nos mercados internacionais, o que permitiria aumentar a venda de produtos nacionais nos mercados externos, com consequente estímulo e aumento das nossas exportações que constituem um dos principais motores da economia nacional; passaria assim a existir um protecionismo natural dos produtos nacionais e consequente redução  das importações e aumento das exportações;
uma moeda Portuguesa fraca, iria tornar o país ainda mais atrativo para o turismo internacional, com consequente aumento da receita e consequente vantagem para o setor do turismo, restauração e afins, bem como para a nossa balança comercial externa;
o aumento das exportações arrastaria uma série de novas vantagens que se auto-sustentam e se influenciam reciprocamente, nomeadamente:
c.1) aumentando o volume das exportações, o que significaria que o volume de vendas nacional iria aumentar na mesma proporção;
c.1.1) se o volume das exportações e das vendas aumenta, a balança comercial com o exterior tende a equilibrar e aumenta a riqueza e o PIB Nacional; por sua vez, o Estado vai aumentar proporcionalmente a sua receita fiscal; existindo uma maior receita fiscal, o défice das contas públicas tende a baixar, passando a existir um maior equilíbrio entre despesa e receita do Estado e, consequentemente, um Estado com as suas Contas Públicas e défice equilibrados poderá aliviar um pouco a carga fiscal que incide sobre os contribuintes; é também, assim, um Estado que não depende de ajudas externas, como por exemplo financiamento da Troika e de países e entidades diversas, não tendo assim que depender desses financiamentos, nem que suportar o pagamento dos respetivos juros altíssimos;
c.1.2) Existindo um maior alívio da carga fiscal sobre os cidadãos/famílias, estes dispõem de um maior rendimento disponível para consumo interno e, naturalmente, de um maior poder de compra; maior poder de compra significa aumento das vendas e da produção para as empresas, com resultante aumento de receita fiscal para o Estado; no entanto, será de prever um aumento da taxa de inflação, sobretudo numa fase inicial; porém, na globalidade da economia nacional, atendendo ao aumento de produtividade das empresas portuguesas e à redução da taxa de desemprego, será de prever  um aumento do poder de compra que contribui positivamente  para uma maior capacidade de poupança das famílias; daqui decorrem benefícios para a Banca, passando esta a dispor de um aumento e de um maior reforço dos depósitos de clientes, bem como de uma menor necessidade de se financiar no exterior;
c.1.3) por outro lado, aumentando o volume das exportações e das vendas, é necessário que as empresas aumentem a sua produção e, deste modo, precisam de mais mão-de-obra; a necessidade de um aumento de mão-de-obra cria novos postos de trabalho e reduz o número de desempregados.
Assim, do meu ponto de vista, se não fosse o nosso elevado endividamento a outros países que compraram a dívida pública portuguesa, com a contrapartida de pagamento de juros altíssimos, e se o Banco de Portugal mantivesse a paridade de 1 euro = 200,482 escudos em todos os empréstimos celebrados no período de vigência do Euro, seria vantajoso que Portugal saísse da Zona Euro, por todas as vantagens mencionadas.

Sara Filipa Azevedo Rijo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

União Europeia?

O tema que vou abordar tem sido bastante falado nos últimos tempos: a presença do Reino Unido na União. Volta a debate público a questão da saída do Reino Unido da União, após nova troca de ameaças entre Angela Merkel e James Cameron, com a primeira a demonstrar o seu desagrado relativamente às restrições de circulação a cidadãos da União no Reino Unido, e com a resposta do primeiro-ministro inglês, ameaçando a saída da União Europeia. 
O Reino Unido chega à União Europeia em 1973, juntamente com a Dinamarca e a Irlanda. Atualmente, com uma população de 63,2 milhões de habitantes, 1,84 triliões de euros de Produto Interno Bruto, uma taxa de desemprego de 8%, o Reino Unido aparenta sinais de firmeza económica no cenário europeu. Como é conhecimento de todos, de todas as lacunas da sua participação na União (que são muitas), destacam-se duas de grande relevo: a não adesão à unidade monetária comum, o Euro; e a não presença no espaço Schengen. 
Por razões económicas e culturais, a libra esterlina continua a vigorar, o que é visto por muitos como uma forma de manter a soberania financeira. Estratégias de política monetária como intervenções na taxa de juros ou desvalorizações da moeda continuam a ser possíveis para regulação da atividade económica, o que acaba por ser um instrumento importante. Mas, no meu entender, a principal razão pela qual o Reino Unido manteve a sua moeda foi o facto de o seu maior parceiro comercial ser os EUA, que usam o dólar. Em termos comerciais, os principais países de exportação de produtos do Reino Unido são Estados Unidos (12%), Alemanha (11%), Holanda (7.6%), França (6.9%), e Bélgica-Luxemburgo (5.5%), e, em relação a importações, temos em primeiro ligar a Alemanha (13%), seguida da China (8.7%), Holanda (7.5%), Estados Unidos (7.0%), e França (5.7%).
Posto isto, países com a importância dos Estados Unidos e China levaram-nos à recusa da adesão à moeda única, não sendo vista como tão atrativa numa nova moeda sem grandes benefícios comerciais, face ao custo de perda da sua soberania financeira. 
Em relação ao Espaço Schengen, acho que Merkel tem toda a razão em apontar este defeito, pois o conceito de União requer que todos sejam tratados da mesma forma, segundo os mesmos valores, direitos e deveres. Segundo rumores da imprensa britânica, pensa-se que esteja em cima da mesa uma proposta que visa limitar a entrada de cidadãos de outros estados-membros, que viola um dos pilares essenciais da União Europeia, o que na, minha opinião, não faz sentido e é uma provocação aos princípios básicos daquilo que é uma unidade económica. 
Como dizia Durão Barroso na entrevista no seu último dia enquanto Presidente da Comissão Europeia: “Se num país nem os agentes políticos apoiam a permanência na União Europeia, dificilmente os cidadãos vão ter uma opinião diferente.”. Afirmações com as quais não posso deixar de concordar. Na minha opinião, o histórico de ameaças do Reino Unido dava para escrever uma novela, sendo já há vários anos que as sucessivas ameaças surgem, começando a perder credibilidade.

Pedro Marques de Abreu

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

As avaliações “pós-Troika”

Após as visitas das equipas, que representam o FMI e a Comissão Europeia, a Portugal, no âmbito da monitorização pós-programa da troika, foram lançadas as avaliações económicas por parte das mesmas para o nosso país. As previsões resultantes das avaliações em nada foram positivas para a credibilidade do Orçamento do Estado para 2015. Há um pessimismo em volta dos prognósticos de crescimento do Governo português e da previsão para o défice. Enquanto o Governo prevê um défice orçamental de 2,7% do PIB, a Comissão Europeia antevê uma maior derrapagem do défice, afirmando que chegará aos 3,3%, já a antevisão do FMI vai mesmo aos 3,4%. 
A diferença é explicada, segundo a Comissão Europeia, por um cenário macroeconómico mais conservador e por uma visão menos optimista quanto às receitas no próximo ano, baseando-se no acautelamento dos resultados do combate à fraude e evasões fiscais. Existe mesmo um receio, por parte de Bruxelas, que o modelo crescimento da economia portuguesa volte a ser sustentado pela procura interna (regressando assim ao modelo passado) pois, como o processo de redução do endividamento das famílias, empresas e Estado está longe de estar terminado, colocaria um entrave à melhoria sustentável da atividade económica, assim como poderá colocar em risco a redução dos desiquilíbrios externos. Aliás, esta foi mesmo uma das medidas impostas durante a implementação do programa de ajustamento em Portugal, que era tornar o crescimento da economia mais dependente da procura externa do que o consumo interno. 
O que se está a verificar, após a saída da “Troika” do país, é mesmo um crescimento para 2014 baseado no consumo interno (1,2 p.p do PIB), sendo até que as exportações líquidas (-0,3 p.p) deverão dar um contributo negativo e, para 2015, o crescimento continuará à boleia do consumo doméstico (previsão 1,3%, enquanto para o Governo é de 1,5%) já que as exportações líquidas deverão ter saldo nulo, confirmando assim o receio por parte da Comissão Europeia. 
Por sua vez, o FMI justifica a diferença de 0,7 p.p para o défice orçamental num crescimento da economia menos que o esperado pelo Governo (1% para o FMI, 0,5 p.p mais baixo que o previsto por S. Bento), o que afetará as receitas fiscais, e também que este pode estar a ser demasiado optimista nas medidas de consolidação orçamental previstas. 
Um crescimento económico mais baixo que o previsto e uma receita fiscal insuficiente poderão ser uma realidade e, além de afateram a redução da dívida, poderão inviabilizar várias medidas propostas para o Orçamento do Estado e que resultarão em correções traduzidas por mais austeridade, que é algo que os portugueses manifestamente não aguentam mais. 
Porquê voltar a cometer erros passados, quando que o que “nos” ensinaram até está a ter resultados? O Governo vê-se assim seriemente avisado para o futuro, e quanto a supostas tentações eleitoralistas, pois afinal este poderá não ser tão positivo como previam.

Hernâni Monteiro

Fontes: 
http://economico.sapo.pt/noticias/portugal-arrisca-regressar-ao-crescimento-insustentavel-do-passado_205332.html http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/em_cinco_avaliacoes_independentes_todas_suspeitam_das_contas_do_governo.html

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

O lado pouco amigo do ambiente económico das renováveis

Estávamos em 2001 e José Sócrates, na altura ministro do Ambiente, foi um dos maiores responsáveis pelo programa E4 e os decretos-lei de 2001 que fixaram as regras e remuneração tarifária para a futura produção de electricidade através de energias renováveis. Passados 4 anos, em 2005, Sócrates já como Primeiro-ministro acelera o processo. Nesse ano a produção eólica atinge 4%.
Em 2007, na Cimeira da Primavera, realizada em Bruxelas, com intuito de aprovar medidas pioneiras de combate às alterações climáticas, confrontado com a ideia de alguns estados, liderados pela França, que defendiam que os renováveis eram insuficientes e pretendiam outras fontes, como a nuclear, José Sócrates reage da seguinte forma: “Em Portugal, nós não usamos o nuclear, nem pretendemos usá-lo. A nossa aposta é nas energias renováveis “; “os países que quiserem tomar a opção pelo nuclear, façam o favor. Em Portugal, não, o nosso caminho está definido”. O caminho estava então definido e seria caminhado a grande velocidade. Já em 2010, na 65ª sessão da assembleia geral das Nações Unidas, Sócrates realça o seguinte: “Portugal ocupa hoje o quinto lugar europeu e mundial na utilização de energias renováveis. 
O nosso país tem o maior parque eólico em operação na Europa e é o segundo país do mundo com maior peso da energia eólica no mix energético”. Ora, são então motivo de orgulho nacional a aposta em energias renováveis, principalmente na eólica. Mas a que custo?
Os custos dos parques eólicos começam, em primeiro lugar, pela destruição paisagística. Em segundo lugar, é agora preocupação de ambientalistas a morte de vários pássaros que colidem com as lâminas dos aerogeradores, sendo em alguns casos pássaros de espécies ameaçadas. Em terceiro lugar, está o caso da eficiência: os principais produtores de aerogeradores dizem nos últimos 10 anos terem aumentado a eficiência de 25% para 50%. Estes números em si já são alarmantes tendo em conta o período em que foram colocados a maioria dos aerogeradores em Portugal. No entanto, a realidade é ainda pior: estes números, segundo estudos recentes, não se verificam. Um exemplo é o estudo realizado em 2011 pelo JMT, um dos mais importantes organismos conservacionistas Escocês.
O estudo, baseado numa amostra de 395 dias, mostrou que na realidade a eficiência fica-se pelos 22%. Isto num dos países mais ventosos e com maior potencial para a eólica do que Portugal. Em quarto lugar, temos o custo: os portugueses têm um dos preços s/ IVA dos mais elevados de energia eléctrica da Europa e isto deve-se às energias renováveis. Em 2013, os portugueses pagaram 102€/ Mwh pela energia eólica e estrondosos 350€/ Mwh pela energia fotovoltaica. Para comparação, se em vez de produzir essa energia a tivéssemos comprado a Espanha, pagaríamos menos de 50€/ Mwh, e se a tivéssemos produzido com carvão pagaríamos ainda menos, por volta dos 40€/ Mwh, isto é, aproximadamente 8,5 vezes menos do que pagamos pela fotovoltaica.
Isto leva-nos ao quinto problema relacionada com os renováveis: a sua intermitência. Devido à sua dependência das condições atmosféricas, estas não garantem a segurança de abastecimento. Isto leva ao chamado “paradoxo das energias renováveis”. É que, devido à actual ainda baixa eficiência e à intermitência, a redução na produção de CO2 é muito menor do que seria de esperar pois, como a qualquer momento a energia disponibilizada pelas renováveis pode cair devido à alteração das condições atmosféricas, é necessário ter sempre centrais de produção tradicionais a trabalhar para entrar em cena no caso de falha das renováveis; e têm que estar sempre a trabalhar, pois uma central não se liga e desliga de um momento para o outro. Uma, de carvão lignito, por exemplo, tem de estar a queimar a aproximadamente 40% da sua capacidade.
Então a quantidade de energia produzida pelas renováveis tem um limite técnico, que já foi ultrapassado em Portugal. Este limite estaria por volta dos 2000 Mw, mas já produzimos acima dos 4700 Mw, mais do dobro!
Este paradoxo, para além do custo ambiental, tem custos financeiros. Estes custos foram calculados pelo IST. Os sobrepostos imputados às eólicas, devido às perdas na bombagem (7€/ Mwh), os custos fixos das centrais de bombagem dos períodos em que armazenam à noite e a turbinagem de dia (21€/ Mwh), e os custos fixos das centrais térmicas de back up durante o dia às eólicas (34€/ Mwh) têm então que ser somados à tarifa das eólicas, fazendo com que o custo em 2013 não tenha sido 102€/ Mwh mas sim 164/ Mwh! Aqui não estão incluídas nem as ineficiências no uso das térmicas, nem os custos de ligação dos parques eólicos e centrais de bombagem à rede de transporte, tendo a ERSE proposto um investimento de mais de 450 milhões de euros para isto. 
Para concluir, deixo os argumentos contra a forma como já foi dirigida a política para as energias renováveis. Vejamos as conclusões da comissão da especialização em energia da ordem dos engenheiros: 
“ 1. As Renováveis são mais caras que as convencionais?
Resposta: As energias renováveis para a geração eléctrica são ainda substancialmente mais caras que as convencionais, quer directamente, quer pelos efeitos induzidos pela sua intermitência e não controlabilidade.
2. Se há sobrecusto os benefícios directos e indirectos podem compensá-lo? Serão esses benefícios indirectos quantificáveis?
Resposta: Os benefícios directos e indirectos não compensam esses custos, no estado actual da tecnologia e para o já elevado nível de injecção renovável na rede, com excepção da hídrica, em certas circunstancias, os benefícios indirectos são plenamente quantificáveis, quer na redução das importações de matérias-primas para a geração substituída, quer pela redução de GEE´s, que têm no ETS o sistema de internalizar esses benefícios.
3. A política portuguesa de renováveis está actualmente ajustada? Se não quais as propostas de alternativa?
Resposta: a política portuguesa de renováveis está totalmente desajustada e é insustentável, como o parecer do conceito tarifário da ERSE o confirma. A proposta alternativa é de urgentemente se proceder à avaliação, séria e sem preconceitos, da problemática situação nacional e dos seus efeitos directos e indirectos sobre a actividade económica e as contas nacionais, com incidência na reformatação do funcionamento do mercado eléctrico.”
Assim não é de estranhar que ainda este ano Carlos Tavares, presidente da PSA Peugeot Citroën, tenha dito que o preço da electricidade em Portugal é 40% mais caro do que em França, sendo isto um factor de não competitividade. Isto num país em plena crise económica no qual o governo usa como argumento para a não subida de salários a perda de competitividade. Esperaríamos então um corte com esta política desajustada, mas não, enquanto a UE tem como objectivo até 2020 20% da electricidade ser produzida por renováveis, o objectivo de Portugal 31%. 
É de referir também que a Alemanha, um dos líderes das renováveis, planeia construir 26 novas centrais de carvão linito, uma das formas mais poluentes de carvão, sendo a razão o seu baixo custo. Isto apesar da sua economia estar em muito melhor estado que a portuguesa.
Cada um tirará as suas ilações mas, perante tal panorama, não será descabido questionarmos para quem trabalham os sucessivos governos: para o povo que os elege ou para os grandes interesses económico, neste caso as grandes empresas eléctricas, que em 2013 receberam 112€/ Mwh, enquanto os seus homólogos espanhóis apenas receberam 88€/ Mwh pela energia eólica produzida?

Diogo Rocha

Referências:
Yale environment 360, “On the road to Green Energy, Germany Detours on Dirty Coal”, 2014
ERSE, Tarifas e preços para a energia eléctrica e outros serviços em 2014
UNric, Cento Regional de informação das Nações Unidas, “Discurso do Primeiro-Ministro, José Sócrates, à 65ª Sessão da Assembleia geral das Nações Unidas, em Nova Iorque”, 2010
www.telegraph.co.uk, “Wind turbines ´less efficient than claimed´”, 2011
IMF, Informação Electricidade, 2014
Ordem dos Engenheiros, Ciclo de encontros debate sobre o preço da energia, “O preço das renováveis”, 2011

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Ébola – a maior epidemia da história

Ébola é neste momento a maior epidemia da história. Está a ser combatida desde Março de 2014 e apesar de terem sido registados por todo o Mundo aproximadamente cinco mil mortos, esta epidemia está longe de estar controlada. Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) estão a actuar no terreno no combate a esta doença ainda desde antes do surto ter sido oficialmente declarado. Foram criados centros de tratamento do Ébola em alguns países asiáticos onde foram detectados cerca de 3200 doentes, entre os quais apenas aproximadamente 1100 sobreviveram.
Em termos económicos, o vírus do ébola ameaça a existência da economia dos países aonde o mesmo se faz sentir. Se virmos bem, grande parte da população infectada pelo ébola está na África Ocidental, onde a sua população sustenta a economia destes países essencialmente na agricultura. Nestes países, um dos principais hábitos alimentares é o consumo de carne de caça, sendo incluídos animais que sejam potencialmente portadores do vírus. 
A doença começa a atingir a economia. Na Serra Leoa, o Produto Interno Bruto (PIB) de 2014 aponta para uma redução até 4% em relação ao último ano. A epidemia está a fazer grandes estragos na economia destes países: não só está a fazer com que projectos económicos sejam cancelados, como também está a provocar a fuga de empresários do país. Algumas companhias aéreas interromperam o tráfego aéreo, tendo um efeito directo no turismo e no comércio. Países com quem os países infectados faziam trocas recusam-se agora a fazê-las, não deixando também pessoas que tenham estado nos países infectados entrem no seu país.
Com o alastramento da doença por todo o Mundo, Portugal teve de se prevenir, ainda que a doença não tenha atingido o nosso país. Teve a necessidade de investir em equipamentos médicos, medicamentos, material específico. Com esta necessidade repentina de investimento extra, foi dada “luz verde” ao ministro da saúde, Paulo Macedo, para um eventual reforço adicional do orçamento da saúde, podendo solicitar mais recursos às Finanças, conforme as necessidades enfrentadas, apesar dos gastos necessários até agora não serem muito dispendiosos. 
Só o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), entidade responsável pelo transporte de suspeitos ou doentes com o vírus, investiu 200 mil euros na aquisição de material de protecção contra a doença. Também os hospitais têm procedido à aquisição de material, nomeadamente material de protecção individual. 
Paulo Macedo aprovou um documento de comunicação de resposta ao ébola. Numa primeira fase, serão distribuídos folhetos e cartazes sobre a doença, sintomas e formas de transmissão para serem distribuídos em locais públicos, como hospitais, farmácias, escolas, transportes públicos. A previsão de custos para os folhetos é da ordem dos 100 mil euros. Numa fase seguinte, serão criados spots publicitários para televisão, rádio e internet, e será ainda avaliada a hipótese de se criar uma aplicação para smartphones com informação sobre a doença. 
Até agora, foram identificados cinco casos suspeitos de ébola em Portugal, tendo todos acusado como negativos nas análises feitas da hipótese de infecção pelo vírus ébola. Portugal vai enviar uma equipa para as áreas mais afectadas pelo vírus, que irá criar um hospital de campanha nesta fase de prevenção do Ébola. Portugal está a ajudar a combater o risco da doença se alastrar para outros países. A TAP não tem estado a fazer ligações directas de Portugal para Bissau. Desta forma, dificulta ainda mais o contacto com a doença. 
O impacto financeiro do Ébola está a trazer para o mundo grandes consequências. Segundo um relatório do Banco Mundial, estima-se que os custos da epidemia podem chegar aos 32,6 mil milhões dólares. Segundo o Presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, se a epidemia não for rapidamente contida, o impacto financeiro regional pode atingir os 32,6 mil milhões de dólares em 2015, sendo devastador na zona da África Ocidental.

Inês Sofia Fernandes da Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Reestruturação ou Renegociação?

João Cravinho, Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix, Ferro Rodrigues e Vítor Martins foram alguns dos subscritores do manifesto pela reestruturação da divida pública que referia, entre outras coisas, o seguinte: «Os mecanismos de reestruturação devem instituir processos necessários à recuperação das economias afectadas pela austeridade e recessão, tendo em atenção a sua capacidade de pagamento em harmonia com o favorecimento do crescimento económico e do emprego num contexto de coesão nacional». Que tal deixarem para a geração seguinte a tarefa de resolver os problemas graves que vocês lhes deixaram? 
É importante sublinhar que 70 das mais importantes personalidades do país vieram propor que se diga aos credores internacionais o seguinte:
“– Desculpem lá mas nós não conseguimos pagar tudo o que vos devemos, não conseguimos sequer cumprir as condições que nós próprios assinámos”.
O Manifesto dos 74, apresentado em Março, foi o pontapé de saída para um debate que se acentuou nas últimas semanas e que já levou o PS, sem se comprometer com nenhuma posição, a também querer discutir o assunto. A reestruturação de uma dívida implica, à partida, um incumprimento nos termos previamente acordados e, muito provavelmente, uma redução da dívida. Essa solução está fora de questão uma vez que voltaria todos os mercados contra Portugal.
Na hipótese, remota, espero, de o Governo pedir uma reestruturação da nossa dívida, os juros no mercado secundário iriam aumentar imediatamente e deitar a perder mais de três anos de austeridade necessária e incontornável para recuperar a confiança dos investidores, obrigando, assim, a um novo programa de resgate e ainda a mais austeridade.
Os credores externos, nomeadamente os alemães, iriam imediatamente responder: porque é que não começam por vocês próprios?
Os nossos bancos têm mais de 25 por cento da nossa dívida pública nos seus balanços, mais de 40 mil milhões de euros, e o nosso Fundo de Capitalização da Segurança Social tem mais de 8 mil milhões de euros de obrigações do Tesouro. 
Iriam dizer: peçam-lhes um perdão parcial de capital e de juros.
Um facto que tem sido recentemente explicado é o de que uma reestruturação de dívida pública não se pede nem se anuncia publicamente. Portugal já fez e continua a fazer uma reestruturação discreta da nossa dívida pública.
Vitor Gaspar, como ministro das Finanças, e Maria Luis Albuquerque, como Secretária de Estado do Tesouro, negociaram com o BCE e a Comissão Europeia uma baixa das taxas de juro do dinheiro da assistência, de cerca de 5 por cento para 3,5 por cento, negociaram a redistribuição das maturidades de 52 mil milhões de euros dos respetivos créditos para o período entre 2022 e 2035, quando os pagamentos estavam previstos para os anos entre 2015 e 2022, esse sim um calendário que era insustentável. Ao mesmo tempo, juntamente com o IGCP dirigido por João Moreira Rato, negociaram com os credores privados Ofertas Públicas de Troca que consistem basicamente em convencê-los a receber o dinheiro mais tarde.
Este “fenómeno” chama-se um “light restructuring”, ou seja, uma reestruturação suave e discreta da nossa dívida, que continua a ser feita mas nunca pode ser anunciada ao mundo como uma declaração de incapacidade de pagarmos as nossas responsabilidades.
A única solução realista e que não atirará o país para uma situação de emergência é continuar a satisfazer pontualmente as obrigações contratualizadas, esperando que os credores sugiram uma extensão do prazo de pagamento. Este é um assunto que, dada a sensibilidade dos mercados, tem de ser conduzido com muito tacto e grande bom senso, porque a mais pequena dúvida ou desconfiança pode significar o descalabro das taxas de juro da dívida pública, que depois se estenderá às empresas e aos bancos, com consequências desastrosas para o conjunto da economia.
Caros subscritores do Manifesto para a reestruturação da dívida pública, desculpem a franqueza: a vossa geração está errada. Não agravem ainda mais os problemas que deixaram para a geração seguinte. Façam um favor ao país: não criem mais problemas. Deixem os mais novos trabalhar.

Maria Alexandra Pereira Lima

Fontes:
http://www.imf.org/external/country/PRT/ndex.htm

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Invasão Chinesa

A China representa um caso de sucesso mundial uma vez que apresenta a maior taxa de crescimento nos últimos 25 anos, aproximadamente 10% por ano. Este acontecimento fez com que se tornasse a segunda potência económica, sendo uma ameaça para os Estados Unidos que, por enquanto, se encontram na liderança. Grande parte do sucesso deste país reside na ética de trabalho das sociedades confucionistas, assim como na capacidade de adaptação dos seus habitantes. Características que são manifestadas nas comunidades espalhadas pelo mundo.
Apesar da população estrangeira em Portugal ter apresentado um decréscimo de 3,8 porcento em 2013, segundo o Relatório de Imigração, Fronteiras e Asílio (RIFA), as únicas comunidades que registaram um aumento foram a chinesa e a guineense. Nesse mesmo ano, a comunidade chinesa residente em Portugal apresentou um aumento de 6,8 porcento em relação a 2012. A partir dos estudos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (FSE), foi possível verificar que existem mais de 20 000 chineses a viver no nosso país. Imigrantes que não pensam em regressar ao seu país de origem e vêem a nossa nação como uma grande oportunidade de investimento.
Inicialmente os restaurantes, depois as “lojas dos 300”. Com o programa “vistos dourados”, o investimento feito pelos chineses seguiu direcções diferentes. Lançado em Outubro de 2012, concede autorização de residência em Portugal e direito de circulação no espaço Shenghen aos cidadãos não-europeus. Porém, para ter acesso a esses privilégios, é necessário que: comprem uma casa no valor de, pelo menos, meio milhão de euros; depositem um milhão de euros num banco português; ou invistam num projecto que crie no mínimo 10 postos de trabalho. 
Portugal concedeu 470 visto “gold” apenas em 2013, totalizando um volume de negócios que alcança os 300 milhões de euros. Cerca de 90% deste valor foi para o sector imobiliário, sendo também onde o investimento da comunidade chinesa foi maior. “Até agora, a China foi, de longe, o país que mais investiu neste programa”, referiu Jorge Torres-Pereira, embaixador de Portugal na China. Para além de estarem a aproveitar esta oportunidade, os investidores chineses estão a tirar vantagem da crescente valorização do Yuan em relação ao Euro. “A maioria não tenciona radicar-se em Portugal, mas quer usar o visto para fazer negócios com outros países europeus e viajar livremente dentro do espaço Shengen, que inclui 26 países”, revela o Global Times.
O investimento feito em Portugal tem sido de tal forma crescente que a China foi responsável por 40% das fusões e aquisições tendo empregas portuguesas como alvo. Nos últimos 3 anos, o total rondou os 14,28 mil milhões de euros não apenas em compras do total de capital de empresas como também a compra direta de grandes participações em entidades portuguesas. A compra do Espírito Santo Saúde por parte dos chineses da Fosun fortaleceu a influência das entidades. O investimento total da República Popular da China (RPC) na compra de empresas portuguesas sobe para 5,65 milhões de euros nos últimos 3 anos com os cerca de 478,5 milhões de euros que a Fidelidade (na qual 80 porcento da empresa é liderada por um chinês) se propõe pagar para ficar com 100 porcento da entidade que detém o Hospital da Luz. 
Apesar dos sectores de eleições permanecerem a energia e os seguros, o radar dos chineses está também atento à área da saúde e das águas. Na energia, o investimento chinês alcança os 3,43 mil milhões de euros nas compras das participações na EDP e REN, e também na aquisição de ativos da EDP Renováveis.
Contrariamente a este grande investimento por parte dos chineses, encontram-se os investimentos dos portugueses. As entidades portuguesas foram responsáveis por apenas 15% das compras. Os compradores portugueses surgem apenas no quarto lugar, atrás dos chineses, franceses e brasileiros. As compras não vão além dos 2,2 mil milhões de euros e nos maiores negócios em que se podem considerar os compradores como portugueses estão envolvidos investidores estrangeiros. 
A República Popular da China está, gradualmente, a controlar o mundo da economia, e Portugal não é excepção. Apesar de ter aspectos positivos, é uma tendência que é necessário conter pois Portugal precisa de crescer e recuperar da crise, através da qual os chineses têm aproveitado para aumentar o seu poder económico. É essencial proteger as nossas empresas dos diversos acordos feitos com a China que, de certa forma, poderão prejudicar-nos. Portugal tem que investir no seu próprio país, de forma a acelerar a saída da crise que nos tem arrastado por já muito tempo.

Rita Margarida Silva Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Parcerias Público Privadas no Sector Rodoviário

A crise que nos finais de 2008 assolou o mundo inteiro culminou, na Europa, na chamada crise das dívidas soberanas, tendo feito transparecer a urgência do reequilíbrio das contas públicas e da suavização da dívida pública em vários países, incluindo Portugal.
Assim sendo, e dada a gravidade da situação, estabeleceram-se programas de ajuda internacional coordenados pela União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu.
No entanto, esta necessidade de assistência internacional não é o resultado de uma maleita repentina, mas sim de uma sucessão de más decisões económicas e políticas que se foram acumulando ao longo de décadas e que se transformaram em desequilíbrios económicos estruturais. É neste contexto de austeridade e tendo em mente os crescentes sacrifícios pedidos à sociedade portuguesa que se torna importante focar nalgumas destas más decisões, nomeadamente na questão das parcerias público privadas rodoviárias.
Considerou-se que era de suma importância garantir a construção destas infraestruturas quer para o aumento da mobilidade quer para o desenvolvimento económico e para a redução da sinistralidade rodoviária. Optou-se pelo modelo de parceria público privada já que a divida pública era crescente, permitindo que as obras se realizassem sem que isso afetasse diretamente o défice. Deste modo, o Estado pagava uma renda aos privados, sendo estes responsáveis pela construção e exploração das infraestruturas, garantindo que a população fosse servida por estas vias de comunicação.
Porém, este modelo de financiamento que parecia ser uma “win-win situation” revelou-se um fracasso segundo uma recente auditoria feita pelo Tribunal de Contas. De entre os diversos critérios avaliados, apontam-se o pagamento de rendas excessivas aos privados, o facto de estar contratualmente estipulado que os riscos inerentes ao investimento nestes empreendimentos seria totalmente coberto pelo Estado, e tornou-se ainda evidente que os estudos que serviram de base aos cálculos de tráfego nas fases de projeto não eram realistas.
Como tal, os contribuintes portugueses são hoje obrigados a suportar uma fatura de muitos milhares de milhões de euros por uma rede de estradas cujo volume de tráfego existente não justifica. Mas a este sacrifício dos contribuintes adicionam-se ainda os cortes em subsídios, salários e pensões e o aumento progressivo da carga tributária, através de medidas como o reescalonamento das tabelas de IRS e aumento do IMI, por exemplo.
A renegociação destes contratos entre o Estado e as entidades privadas seria um passo importante para reequilibrar os encargos enfrentados pelo Estado, processo que tem vindo a conhecer alguns progressos, sendo o mais recente o da renegociação de cinco contratos com a Ascendi, em Setembro deste ano.

Camila Helena Olund Matos

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

sábado, 15 de novembro de 2014

Indústria Têxtil

A indústria têxtil e do vestuário é característica pela sua diversidade e heterogeneidade, que abrange um vasto número de empresas desde a transformação de fibras em fios e tecidos até à produção de uma ampla variedade de produtos. Este sector, que nos últimos anos tem sofrido sérias mudanças, representa um papel crucial na economia e no bem-estar social de inúmeros países da União Europeia. 
Segundo um relatório preparado para a Comissão Europeia – Empresas e Indústria, os principais fatores que levaram a estas alterações no sector têxtil, entre 2000 e 2010, foram os mercados industriais e de consumo, a globalização, o conhecimento e a mudança, a política e a regulação e a crise financeira. Em 2010, o volume de negócios era de 172 biliões de euros, tendo sido empregues cerca de 1,9 milhões de pessoas em mais de 127000 empresas. No entanto, de 2000 a 2010, o volume de negócios diminuiu 25%, o emprego sofreu uma queda de 50% e o número de empresas caiu 27%. 
A crise que se despoletou em 2008 só veio acelerar o declínio. Prevê-se que em 2020 a indústria será ainda menor que a de 2010, devido ao crescimento limitado ou estagnação do mercado europeu e ao aumento das importações. A compra de tecidos a países fora da Europa, nomeadamente à China, que produz a um baixo custo, tem um impacto negativo neste sector a nível europeu. Contudo, existirá também um grande potencial em termos de inovação e expansão das exportações, o que implicará que algumas regiões da Europa tenham condições positivas para aumentar o número de empresas e o volume de negócios. 
Em Portugal, a indústria têxtil e vestuário representa 9% das exportações totais, 20% do emprego da indústria transformadora e 8% do volume de negócios e da produção da indústria transformadora. Braga e Porto são os dois distritos que acolhem cerca de 81% do número total de empresas.  
Segundo os últimos dados da ATP (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal), 2012 registou os valores mais baixos desde 1999. A produção diminuiu de 8.316 milhões de euros em 1999 para 4.905 milhões de euros em 2012. Entre 2008 e 2009 a produção sofreu uma queda mais significativa, de cerca de 1 milhão de euros. O volume de negócios baixou de 8.521 milhões de euros para 5.774 milhões e o número de pessoas empregue no sector desceu de 260277 para 138000. Estes valores são a prova que o sector têxtil tem passado uma fase delicada. 
As principais fraquezas apontadas à indústria têxtil portuguesa são a produtividade deficitária, o nível educacional insuficiente, as muitas empresas com reduzida dimensão, baixa capitalização e baixa terciarização. Por outro lado, tem como principais vantagens a sua tradição, o equipamento e progresso tecnológico, e o facto de ser um sector completo, estruturado e dinâmico. 
Os principais desafios para esta indústria são resistir ao embate da liberalização do comércio internacional, à crise económico-financeira global, desenvolver novas competências que possam reforçar a área produtiva, continuar a apostar fortemente na inovação, investigação e desenvolvimento, incentivar a internacionalização das empresas, a qualificação dos recursos humanos e estimular o aumento da dimensão das empresas.

 Luís Carlos Faria 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Reflexão sobre as Pequenas e Médias Empresas em Portugal

“Portugal é um país maioritariamente composto por PME’s, empresas que comprovadamente têm uma maior flexibilidade, uma maior capacidade de adaptação à mudança, e que sendo compostas por capitais nacionais não são regidas pelas duras directrizes internacionais. Não será por isso correcto afirmar que as PME são, por isso, e actualmente, o motor da nossa economia?!?”, refere Mafalda Vasquez no seu artigo de opinião “Uma Fábula dos Tempos Modernos”
Sim, Mafalda, é correcta essa afirmação. As pequenas e médias empresas representam 99.9% do tecido empresarial português, sendo responsáveis por mais de metade (58.8%) do volume de negócios do nosso setor empresarial. Existem então cerca de 1.120.000 PME’s em Portugal com um volume de negócios combinado de 220 mil milhões de euros. Estes valores correspondem, em termos percentuais, a 61.1% da produção nacional (valor que tem vindo a diminuir desde há alguns anos por razões que explicarei mais à frente). Quanto ao emprego, em média, cada PME emprega 3.39 pessoas, enquanto uma grande empresa emprega 756.11. Porém, são as PME´’s que empregam a maior parte dos trabalhadores ao serviço das empresas, com uma percentagem de 77.6% de empregados contra 22.4% nas grandes empresas.
Apesar da expressividade comprovada por estes dados, a fragilização das PME’s tem vindo a agravar-se desde 2008, ano que marca o surgimento da crise financeira e no qual se regista o primeiro de sucessivos decréscimos no número de pequenas e médias empresas e trabalhadores ao serviço destas no nosso país. 
A principal causa deste decréscimo foi, como referi no parágrafo anterior, a crise financeira, mas também a condução pouco feliz desta que foi feita pelo actual governo. Como maior exemplo temos o aumento desmensurado dos impostos que levou a uma grande diminuição da procura interna, a grande base destas empresas.
Outra grande causa foi a consolidação do mercado asiático em Portugal, que fez com que muitas das empresas nacionais perdessem uma grande quota de mercado para um mercado que produz a custos extremamente baixos e com o qual não podemos competir neste parâmetro. Podemos sim competir através da qualidade, mas com a crise e consequente diminuição do poder de compra dos portugueses, torna-se insustentável para grande parte dos consumidores preferir qualidade a baixos preços. 
Mais uma consequência desta crise foi a dificuldade na obtenção de crédito e financiamento que se seguiram, que por sua vez levaram a que o número de insolvências e falências das PME’s crescesse 444,4% desde 2007, no nosso país. 
Estas dificuldades na obtenção de fundos são muito diferentes nas PME’s em relação às grandes empresas. Em primeiro lugar, as PME’s em conjunto com as famílias, são as últimas a beneficiar das melhorias nas condições de financiamento e, dada a sua menor dimensão, é maior a sua dependência do crédito bancário. O financiamento é um fator de grande importância nestas empresas pois apenas este permite que as empresas subam um degrau no nível da qualidade / quantidade do seu produto e recursos humanos, inovação, etc. É então absolutamente necessário desenvolver outro tipo de alternativas de financiamento para estas empresas.  
Existem várias soluções em estudo que permitiriam melhorar a situação das PME’s em Portugal, como, por exemplo, a dinamização da bolsa de valores para estas empresas, o acesso a fundos comunitários e incentivos para o aumento de capital e retenção de lucros. O estado pode também intervir de forma a proporcionar as mesmas condições existentes noutros mercados internacionais através do regime tributário simplificado para as PME’s. Com este regime, segundo Paulo Nuncio, secretário de estado dos assuntos fiscais, “a carga fiscal que incide actualmente sobre as PME’s será reduzida com estas a ficarem dispensadas do pagamento especial por conta e das tributações autónomas relacionadas com a sua actividade”. Segundo o mesmo, é também aprovado “um novo regime de incentivos fiscais para lucros retidos e reinvestidos para as PME’s, por forma a promover a capitalização das empresas e aumentar o nível de investimento produtivo”.
Sem este tipo de incentivos a situação vai continuar a piorar. Segundo o estudo “PME: Riscos e Oportunidades”, 32% das PME apontam como prioridade a redução de custos e despesas. A prioridade nos últimos anos passou da inovação e crescimento para a diminuição de custos. Facilmente, percebemos que este caminho impulsionado até aqui pelo actual Governo leva a tudo menos ao crescimento económico. 
Apesar de todos os obstáculos citados, as PME’s portuguesas conseguem competir internacionalmente através da inovação e diferenciação dos seus produtos. Porém, é necessário tomar medidas que lhes permitam competir numa situação de igualdade com as restantes empresas, nacionais e internacionais. Assegurar condições que garantam a sustentabilidade das PME’s é assegurar que a base da economia portuguesa tenha sucesso, e isto reveste-se de grande importância para o nosso crescimento económico. 

Luís Carlos Monteiro Silva

Fontes:
http://www.amcham.com.br/inovacao/noticias/desafio-de-inovar-e-maior-nas-medias-e-pequenas-empresas-8395.html

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]