Empreendedorismo. Esta poderia ser considerada a palavra do ano, sendo que é usada todos os dias como se fosse a solução para os nossos problemas. Como se fosse a receita para as dificuldades todas que o país enfrenta actualmente a nível de desemprego. Como se todos nós, geração dos 20 aos 30 anos, tivéssemos o que é preciso para sermos empreendedores.
Mas o que é o empreendedorismo realmente? O empreendedorismo tem origem no termo empreender, que significa realizar, fazer ou executar. Uma das características de um empreendedor é a criatividade, inovação e curiosidade. Mas haverá espaço para nós, recém-licenciados, jovens inovadores e criativos, para ganharmos a coragem de não ir pelo caminho fácil, como imigrar ou trabalhar fora da nossa área, e criar novos produtos, novos conceitos, novas empresas, redefinindo, assim, o mercado de trabalho em Portugal?
As estatísticas dizem que os portugueses são dos que têm menos medo de falhar, talvez devido ao enorme desemprego vivido em Portugal, e a intenção de criar um negócio próprio quadruplicou nos últimos dez anos, ou seja, existe “empreendedorismo por necessidade”. Mas a taxa de mortalidade das empresas recém-criadas em Portugal é das mais elevadas na União Europeia, sendo 70% ao fim de cinco anos. Por exemplo, só três em cada dez sociedades criadas em 2004 estavam a funcionar depois de cinco anos. Estes valores devem ser encarados com grande preocupação.
A maior causa é a falta de financiamento, já que, normalmente, as empresas nascem com dinheiro emprestado por familiares ou amigos. Logo, ao criar uma empresa, existe um grande risco a nível pessoal, pois o dinheiro “saí do bolso”. António Marques considera, também, que a grande questão é que “não há um ambiente de verdadeira valorização empresarial em Portugal” e, com este problema, as empresas mais jovens não sobrevivem.
No que diz respeito mais especificamente às "startups", estas representam 18.800 das 30.041 empresas criadas, em média, por ano, em Portugal. Uma "startup" é uma empresa, normalmente de base tecnológica, que possui elementos inovadores e trabalha num ambiente de incerteza. As "startups" representam 6,5% do tecido empresarial e 18% do novo emprego. Até aqui tudo bem, mas vamos agora analisar as suas taxas de sobrevivência. Dentro das "startups", menos de 50% apresentam actividade no fim do terceiro ano e a taxa de sobrevivência ao fim do 5º ano é de 40%, ou seja, menos de metade das "startups" consegue aguentar cinco anos. Relativamente ao financiamento destas, 32% provém de família e amigos.
O empreendedorismo tem, se calhar, de deixar de ser feito por necessidade e começar a ser feito com vontade. Acho que faz sentido arriscar, acho que há espaço para ideias novas e de qualidade que possam ser reconhecidas internacionalmente. Acho que temos pessoas para o fazer. Mas para haver mais empreendedorismo de qualidade tem de haver um maior apoio, principalmente a nível financeiro. Vejo que há um esforço cada vez maior, através da criação de iniciativas entre faculdades e empresas, e é esse o caminho. Procurar revelar o espírito empreendedor dentro das faculdades para que, assim, a qualidade das nossas novas empresas seja cada vez melhor e estas sobrevivam aos desafios que apareceram no seu percurso.
Margarida Martins
Bibliografia:
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3297793&page=-1
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário