A indústria têxtil e do vestuário é característica pela sua diversidade e heterogeneidade, que abrange um vasto número de empresas desde a transformação de fibras em fios e tecidos até à produção de uma ampla variedade de produtos. Este sector, que nos últimos anos tem sofrido sérias mudanças, representa um papel crucial na economia e no bem-estar social de inúmeros países da União Europeia.
Segundo um relatório preparado para a Comissão Europeia – Empresas e Indústria, os principais fatores que levaram a estas alterações no sector têxtil, entre 2000 e 2010, foram os mercados industriais e de consumo, a globalização, o conhecimento e a mudança, a política e a regulação e a crise financeira. Em 2010, o volume de negócios era de 172 biliões de euros, tendo sido empregues cerca de 1,9 milhões de pessoas em mais de 127000 empresas. No entanto, de 2000 a 2010, o volume de negócios diminuiu 25%, o emprego sofreu uma queda de 50% e o número de empresas caiu 27%.
A crise que se despoletou em 2008 só veio acelerar o declínio. Prevê-se que em 2020 a indústria será ainda menor que a de 2010, devido ao crescimento limitado ou estagnação do mercado europeu e ao aumento das importações. A compra de tecidos a países fora da Europa, nomeadamente à China, que produz a um baixo custo, tem um impacto negativo neste sector a nível europeu. Contudo, existirá também um grande potencial em termos de inovação e expansão das exportações, o que implicará que algumas regiões da Europa tenham condições positivas para aumentar o número de empresas e o volume de negócios.
Em Portugal, a indústria têxtil e vestuário representa 9% das exportações totais, 20% do emprego da indústria transformadora e 8% do volume de negócios e da produção da indústria transformadora. Braga e Porto são os dois distritos que acolhem cerca de 81% do número total de empresas.
Segundo os últimos dados da ATP (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal), 2012 registou os valores mais baixos desde 1999. A produção diminuiu de 8.316 milhões de euros em 1999 para 4.905 milhões de euros em 2012. Entre 2008 e 2009 a produção sofreu uma queda mais significativa, de cerca de 1 milhão de euros. O volume de negócios baixou de 8.521 milhões de euros para 5.774 milhões e o número de pessoas empregue no sector desceu de 260277 para 138000. Estes valores são a prova que o sector têxtil tem passado uma fase delicada.
As principais fraquezas apontadas à indústria têxtil portuguesa são a produtividade deficitária, o nível educacional insuficiente, as muitas empresas com reduzida dimensão, baixa capitalização e baixa terciarização. Por outro lado, tem como principais vantagens a sua tradição, o equipamento e progresso tecnológico, e o facto de ser um sector completo, estruturado e dinâmico.
Os principais desafios para esta indústria são resistir ao embate da liberalização do comércio internacional, à crise económico-financeira global, desenvolver novas competências que possam reforçar a área produtiva, continuar a apostar fortemente na inovação, investigação e desenvolvimento, incentivar a internacionalização das empresas, a qualificação dos recursos humanos e estimular o aumento da dimensão das empresas.
Luís Carlos Faria
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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