sábado, 15 de novembro de 2014

O flagelo do desemprego jovem na União Europeia

Segundo dados do Eurostat, 24,5 milhões de pessoas na União Europeia encontravam-se desempregadas no passado mês de Setembro, entre as quais 4,9 milhões de jovens com menos de 25 anos, o equivalente a taxas de desemprego de 10,1%, no total, e de 21,6%, relativamente ao desemprego jovem. Se apenas considerarmos os países da zona euro, os mesmos valores fixam-se em 18,3 e 3,3 milhões, respetivamente, correspondendo a taxas de 11,5% e 23,3%. A Espanha lidera o ranking dos países com maior taxa de desemprego jovem (53,7%), seguida da Grécia (50,7%) e da Itália (42,9%), enquanto Portugal regista uma taxa de 35,2%. Estes valores divulgados pela organização estatística da Comissão Europeia fazem da União Europeia a zona geográfica do globo onde, à exceção de grande parte da África e do Médio Oriente, a taxa de desemprego jovem é maior, algo que acontece também com o número de jovens que não trabalham nem estudam. São dados que preocupam o Parlamento Europeu, que teme uma “geração perdida” e avalia estratégias no sentido de combater os níveis de desemprego persistentemente elevados e sem precedentes.
Os eurodeputados apelam à Comissão Europeia para que adote medidas a nível europeu que visem a implementação de garantias para os jovens no que diz respeito à dignidade dos salários, à qualidade dos estágios profissionais e à facilidade de acesso aos serviços de emprego, no caso de os Estados-Membros não cumprirem os compromissos assumidos através da já estabelecida iniciativa de Garantia para a Juventude, e que abranjam todos os jovens até aos 30 anos e não apenas até aos 25 anos, como atualmente está definido nessa mesma iniciativa. Para além disso, o Parlamento Europeu sugere ainda que a Comissão dê prioridade ao combate ao desemprego jovem, aumentando a quantia de 6 mil milhões de euros aplicada na Garantia para a Juventude, que considera insuficiente para uma persistente criação de emprego para os jovens, e aplicando esses fundos em setores de atividade mais fustigados por esse flagelo, de acordo com as necessidades de cada país.
Recordando ainda que, em 2013, se registava na União Europeia um total de 7,5 milhões de jovens sem formação nem emprego (quase equivalente à população da Suíça), os Estados-Membros devem tomar medidas no sentido de prevenir o abandono escolar, melhorando a divulgação de informação sobre a importância dos estudos na obtenção de emprego. Por outro lado, devem também promover a formação, adequando-a às necessidades e exigências do mercado de trabalho através de uma melhor ligação entre as empresas e as instituições de ensino, com programas de ensino focados em setores de atividade com elevado potencial de criação de emprego e crescimento económico e que sejam capazes de conferir aos jovens não só competências teóricas e práticas específicas ao exercício de determinadas funções mas também competências interpessoais, organizativas, comunicativas e profissionais, muito valorizadas no processo de recrutamento. 
A criação de emprego e estágios para jovens com habilitação académica em pequenas e médias empresas permite-lhes adquirir experiência de trabalho, que não só fortalece a sua capacidade de aproveitamento de novas oportunidades de emprego que possam surgir no futuro, como também a sua capacidade de criação das suas próprias pequenas empresas, constituindo por isso um incentivo ao empreendedorismo que deve ser levado a cabo pelos governos dos países membros.

José Miguel da Costa Fernandes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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