A China representa um caso de sucesso mundial uma vez que apresenta a maior taxa de crescimento nos últimos 25 anos, aproximadamente 10% por ano. Este acontecimento fez com que se tornasse a segunda potência económica, sendo uma ameaça para os Estados Unidos que, por enquanto, se encontram na liderança. Grande parte do sucesso deste país reside na ética de trabalho das sociedades confucionistas, assim como na capacidade de adaptação dos seus habitantes. Características que são manifestadas nas comunidades espalhadas pelo mundo.
Apesar da população estrangeira em Portugal ter apresentado um decréscimo de 3,8 porcento em 2013, segundo o Relatório de Imigração, Fronteiras e Asílio (RIFA), as únicas comunidades que registaram um aumento foram a chinesa e a guineense. Nesse mesmo ano, a comunidade chinesa residente em Portugal apresentou um aumento de 6,8 porcento em relação a 2012. A partir dos estudos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (FSE), foi possível verificar que existem mais de 20 000 chineses a viver no nosso país. Imigrantes que não pensam em regressar ao seu país de origem e vêem a nossa nação como uma grande oportunidade de investimento.
Inicialmente os restaurantes, depois as “lojas dos 300”. Com o programa “vistos dourados”, o investimento feito pelos chineses seguiu direcções diferentes. Lançado em Outubro de 2012, concede autorização de residência em Portugal e direito de circulação no espaço Shenghen aos cidadãos não-europeus. Porém, para ter acesso a esses privilégios, é necessário que: comprem uma casa no valor de, pelo menos, meio milhão de euros; depositem um milhão de euros num banco português; ou invistam num projecto que crie no mínimo 10 postos de trabalho.
Portugal concedeu 470 visto “gold” apenas em 2013, totalizando um volume de negócios que alcança os 300 milhões de euros. Cerca de 90% deste valor foi para o sector imobiliário, sendo também onde o investimento da comunidade chinesa foi maior. “Até agora, a China foi, de longe, o país que mais investiu neste programa”, referiu Jorge Torres-Pereira, embaixador de Portugal na China. Para além de estarem a aproveitar esta oportunidade, os investidores chineses estão a tirar vantagem da crescente valorização do Yuan em relação ao Euro. “A maioria não tenciona radicar-se em Portugal, mas quer usar o visto para fazer negócios com outros países europeus e viajar livremente dentro do espaço Shengen, que inclui 26 países”, revela o Global Times.
O investimento feito em Portugal tem sido de tal forma crescente que a China foi responsável por 40% das fusões e aquisições tendo empregas portuguesas como alvo. Nos últimos 3 anos, o total rondou os 14,28 mil milhões de euros não apenas em compras do total de capital de empresas como também a compra direta de grandes participações em entidades portuguesas. A compra do Espírito Santo Saúde por parte dos chineses da Fosun fortaleceu a influência das entidades. O investimento total da República Popular da China (RPC) na compra de empresas portuguesas sobe para 5,65 milhões de euros nos últimos 3 anos com os cerca de 478,5 milhões de euros que a Fidelidade (na qual 80 porcento da empresa é liderada por um chinês) se propõe pagar para ficar com 100 porcento da entidade que detém o Hospital da Luz.
Apesar dos sectores de eleições permanecerem a energia e os seguros, o radar dos chineses está também atento à área da saúde e das águas. Na energia, o investimento chinês alcança os 3,43 mil milhões de euros nas compras das participações na EDP e REN, e também na aquisição de ativos da EDP Renováveis.
Contrariamente a este grande investimento por parte dos chineses, encontram-se os investimentos dos portugueses. As entidades portuguesas foram responsáveis por apenas 15% das compras. Os compradores portugueses surgem apenas no quarto lugar, atrás dos chineses, franceses e brasileiros. As compras não vão além dos 2,2 mil milhões de euros e nos maiores negócios em que se podem considerar os compradores como portugueses estão envolvidos investidores estrangeiros.
A República Popular da China está, gradualmente, a controlar o mundo da economia, e Portugal não é excepção. Apesar de ter aspectos positivos, é uma tendência que é necessário conter pois Portugal precisa de crescer e recuperar da crise, através da qual os chineses têm aproveitado para aumentar o seu poder económico. É essencial proteger as nossas empresas dos diversos acordos feitos com a China que, de certa forma, poderão prejudicar-nos. Portugal tem que investir no seu próprio país, de forma a acelerar a saída da crise que nos tem arrastado por já muito tempo.
Rita Margarida Silva Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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