Portugal está com enormes desequilíbrios não só nas finanças públicas como também na economia: mercado de trabalho e balança comercial desequilibrados.
Imaginando que é tomada a decisão de Portugal abandonar a moeda Euro, existia desde já uma vantagem: Portugal tem a possibilidade de valorizar ou desvalorizar a nova moeda adotada, desde que não seja uma moeda comum a outros países, tal como acontece atualmente com o Euro, em que não pode ser Portugal a tomar a decisão de valorizar ou desvalorizar esta moeda, mas sim a própria UE.
Considerando um cenário em que Portugal sai do Euro e desvaloriza a nova moeda (ex.: Escudo), teria as seguintes vantagens:
- desvalorizando a moeda nacional, o preço dos produtos nacionais ficaria mais baixo nos mercados internacionais, o que permitiria aumentar a venda de produtos nacionais nos mercados externos, com consequente estímulo e aumento das nossas exportações que constituem um dos principais motores da economia nacional; passaria assim a existir um protecionismo natural dos produtos nacionais e consequente redução das importações e aumento das exportações;
uma moeda Portuguesa fraca, iria tornar o país ainda mais atrativo para o turismo internacional, com consequente aumento da receita e consequente vantagem para o setor do turismo, restauração e afins, bem como para a nossa balança comercial externa;
o aumento das exportações arrastaria uma série de novas vantagens que se auto-sustentam e se influenciam reciprocamente, nomeadamente:
c.1) aumentando o volume das exportações, o que significaria que o volume de vendas nacional iria aumentar na mesma proporção;
c.1.1) se o volume das exportações e das vendas aumenta, a balança comercial com o exterior tende a equilibrar e aumenta a riqueza e o PIB Nacional; por sua vez, o Estado vai aumentar proporcionalmente a sua receita fiscal; existindo uma maior receita fiscal, o défice das contas públicas tende a baixar, passando a existir um maior equilíbrio entre despesa e receita do Estado e, consequentemente, um Estado com as suas Contas Públicas e défice equilibrados poderá aliviar um pouco a carga fiscal que incide sobre os contribuintes; é também, assim, um Estado que não depende de ajudas externas, como por exemplo financiamento da Troika e de países e entidades diversas, não tendo assim que depender desses financiamentos, nem que suportar o pagamento dos respetivos juros altíssimos;
c.1.2) Existindo um maior alívio da carga fiscal sobre os cidadãos/famílias, estes dispõem de um maior rendimento disponível para consumo interno e, naturalmente, de um maior poder de compra; maior poder de compra significa aumento das vendas e da produção para as empresas, com resultante aumento de receita fiscal para o Estado; no entanto, será de prever um aumento da taxa de inflação, sobretudo numa fase inicial; porém, na globalidade da economia nacional, atendendo ao aumento de produtividade das empresas portuguesas e à redução da taxa de desemprego, será de prever um aumento do poder de compra que contribui positivamente para uma maior capacidade de poupança das famílias; daqui decorrem benefícios para a Banca, passando esta a dispor de um aumento e de um maior reforço dos depósitos de clientes, bem como de uma menor necessidade de se financiar no exterior;
c.1.3) por outro lado, aumentando o volume das exportações e das vendas, é necessário que as empresas aumentem a sua produção e, deste modo, precisam de mais mão-de-obra; a necessidade de um aumento de mão-de-obra cria novos postos de trabalho e reduz o número de desempregados.
Assim, do meu ponto de vista, se não fosse o nosso elevado endividamento a outros países que compraram a dívida pública portuguesa, com a contrapartida de pagamento de juros altíssimos, e se o Banco de Portugal mantivesse a paridade de 1 euro = 200,482 escudos em todos os empréstimos celebrados no período de vigência do Euro, seria vantajoso que Portugal saísse da Zona Euro, por todas as vantagens mencionadas.
Sara Filipa Azevedo Rijo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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