As exportações continuam a contrariar o panorama da economia portuguesa: entre 2009 e 2013, houve um crescimento de 44% deste indicador, de 47.5 para 68.6 mil milhões de euros. Mas se as empresas passam dificuldades e se não há consumo interno que sustente a internacionalização, como será possível justificar este cenário? Para responder à questão, temos que observar a evolução das exportações por tipo de produto.
Nos dados disponíveis pelo Instituto Nacional de Estatística (até 2011), podemos justificar o crescimento de 28,7% das exportações nacionais entre 2009 e 2011 com o forte aumento percentual de alguns tipos de mercadoria, tais como os produtos petrolíferos (90,8%), produtos químicos (71,5%) e equipamento de transporte (44,1%). Em valores absolutos, os produtos com maior crescimento de exportações foram os equipamentos de transporte (aumento de 1889,8 milhões de euros), produtos petrolíferos (crescimento de 1368,7 ME) e os produtos químicos (subida de 1137,7 ME).
Assim, podemos observar que o tipo de produtos mais exportados são aqueles que não são facilmente afectados pela diminuição do poder de compra, que têm uma procura “universal” e que não necessitam de grandes investimentos para aumentar o nível de produção. Podemos também concluir que o crescimento das exportações destes artigos não gera um grande aumento do emprego, já que estes são normalmente produzidos por grandes empresas, com utilização de maquinaria sofisticada e com trabalhadores qualificados, mas em baixo número.
Os tipos de produtos que mais dependem do aumento do número de trabalhadores para aumentarem a sua produção são os de baixa qualificação, tal como a agricultura e pescas, minérios, produtos têxteis, produtos de madeira ou produtos de borracha. Estes produtos tiveram um crescimento agregado de 24.7%. Logo, os produtos que necessitam de muitos trabalhadores com baixas qualificações têm tido um crescimento menos acentuado do que os produtos que necessitam de poucos trabalhadores mas com altas qualificações, o que explica o facto de a taxa de desemprego não diminuir de forma acentuada.
Jorge Pereira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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