A indústria do calçado tem um grande peso na economia, produzindo cerca de 1.800.000 milhares de euros por ano e exportando aproximadamente 1.700.000 milhares de euros por ano, o que corresponde a uma quota de exportação de 95%. Portugal exporta para cerca de 150 países, sendo os principais a França, Alemanha, Países baixos, Espanha e Reino Unido.
As exportações aumentaram 8% em 2013 em relação ao ano anterior, passando os 1,7 mil milhões de euros, recorde do setor. Onde se verificaram maiores aumentos foi na Rússia (mais 12%, para 19 milhões de euros), EUA (mais 92%, para 21 milhões), Canadá (mais 30%, para nove milhões), China (mais 101%, para três milhões) e Emirados Árabes Unidos (de 19% para três milhões). Este crescimento acentuado tem-se vindo a manter-se e no primeiro semestre de 2014 registou-se o melhor resultado de sempre de vendas para o exterior, crescendo 12%.
No entanto, os dados nem sempre foram assim tão animadores. Como em todos os setores da economia portuguesa também a indústria do calçado foi abalada pela crise económica, levando a que o número de empresas diminuísse de cerca de 1400 em 2008 para 1200 em 2010. Levou também a que o valor da produção estagnasse nos 1.300.000 milhares de euros. Mas, desde 2010 que o setor tem registado um grande crescimento, reforçando o seu estatuto na economia portuguesa. Desde 2010 as exportações aumentaram 28% (destacando-se a exportação de artigos de pele, que aumentaram as vendas em 39%) mesmo sendo Portugal o 2º país com o preço, médio por par de sapato, mais alto, ficando só atrás da Itália. O seu contributo na balança comercial da economia portuguesa foi de 1,3 mil milhões de euros.
Neste momento, este setor português é constituído por 1700 empresas e responsável diretamente por 41 mil postos de trabalho. O objetivo é continuar com este crescimento, sendo já conhecido o plano estratégico para 2020, que contém as principais ideias para o desenvolvimento do setor. O principal objetivo é chegar perto da Itália na liderança pelo calçado mais caro do mundo. Os três grandes pilares de atuação serão inovação, qualificação e imagem.
Decidida a afirmar-se como referência mundial, a indústria do calçado portuguesa vai focar-se em áreas como as nanopartículas e nanomateriais multifuncionais, biomateriais e novas fórmulas químicas, couros inovadores, materiais recicláveis e biodegradáveis. Como aposta na imagem, uma das ideias é criar um canal televisivo online.
A competição através dos salários baixos não vai ser a estratégia adotada para competir com os outros mercados mas sim a inovação através do design e de jovens qualificados. O rumo irá basear-se, então, na sofisticação e criatividade. Para se chegar a esse objetivo, a indústria vai investir na atração de jovens qualificados, na formação para a gestão de topo e eleger o design como fator diferenciador, apostando num programa de estágios internacionais para jovens designers.
Este setor da economia portuguesa tem sido muito importante também nas vidas das pessoas, criando muitos postos de trabalho nos últimos anos. Na zona onde eu vivo isso é bem visível, existindo várias empresas de calçado que empregam centenas de pessoas, o que nestes últimos anos de crise foi um fator importante como sustento de muitas famílias.
Uma das empresas locais é a Calsuave , que se encontra no 32º lugar das maiores empresas de calçado portuguesas, com um volume de negócios de 13 milhões de euros e com 230 postos de trabalho. É uma das referências portuguesas devido aos seus resultados, lucros, credibilidade, entre outros fatores. A sua produção baseia-se apenas em calçado de conforto para mulher. Um fator a salientar é que esta empresa exporta 99,9% da sua produção. Neste momento a Calsuave exporta para mais de 20 países de todos os continentes, exceto África. O seu maior destino exportador é a Rússia, sendo que a empresa é uma das maiores, senão a maior exportadora para o mercado Russo. Tem também elevados níveis de exportação para França e Espanha, A tendência desta empresa é a mesma que toda a indústria do calçado em Portugal, crescer.
Em suma, esta indústria tem todas as condições para manter este ascendente económico e com a aplicação do plano estratégico para 2020 as melhorias no setor irão ser visíveis em breve. O facto do plano se basear não na competição através de salários baixos mas sim na inovação, design e qualificação, permite uma maior capacidade competitiva, aumentando assim a probabilidade de sucesso no futuro. A indústria de calçado em Portugal, se continuar neste rumo, pode tornar-se, se já não o é, o mais importante setor da economia portuguesa.
Vitor Hugo Machado Guedes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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