Nos últimos anos, e face à elevada dificuldade que os portugueses têm tido em conseguir um emprego, muitos têm arriscado fazer investimentos na agricultura.
Estima-se que em Portugal surjam cerca de 240 novos agricultores por mês, sendo a sua maioria jovens. Este forte crescimento na área agrícola, deve-se, como referido, ao pouco emprego jovem que existe noutras áreas, e aos fortes apoios de financiamento neste tipo de projetos, isto é, nos “jovens agricultores”.
Projetos como estes trazem inúmeras vantagens para o jovem agricultor na medida em que ajudam na fuga ao desemprego, criando os seus próprios negócios/empregos (o que faz transportar para a agricultura inovação e empreendedorismo). Grande parte do projeto é financiado, tendo por isso um risco financeiro muito reduzido. Estas vantagens levam o agricultor a ter a possibilidade de rendibilizar o negócio com baixo investimento e, mesmo não conseguindo a sua rendibilização, o ativo (máquinas, poços, plantas, etc.) é quase sempre superior ao investimento.
Mas qual é o verdadeiro impacto desta vaga de “novos” agricultores na economia portuguesa?
Calcula-se que o investimento na agricultura portuguesa nos últimos anos seja superior ao investimento que foi feito para o TGV. E espera-se, ainda, que Portugal, até 2020, receba cerca de 7,5 mil milhões de euros em apoios agrícolas, sendo de esperar que todos eles dêem os seus frutos.
Analisando os dados dos últimos anos, podemos afirmar que todos estes investimentos têm tido efetivamente resultado. Foram criados postos de emprego, desde empresas específicas de ajuda na criação deste tipo de projetos, desde empresas especializadas no desenvolvimento dos mesmos a empregos sazonais (pessoas para a plantação e apanha do produto). Estima-se que Portugal empregue nesta área perto de 750 mil pessoas.
O nosso país, para além de muitos postos de emprego criados, consegue agora produzir mais do que o que consome em muitos produtos e, consequentemente, diminuir bastante o valor das importações agrícolas, tendo ainda vindo a aumentar de forma muito apreciável o nível das exportações no ramo, nomeadamente para países menos explorados até então. Pôde-se também verificar-se um aumento do peso da agricultura no PIB, tendo este crescido notoriamente nos últimos anos, rondando valores entre os 4 e os 5%.
Agora, a pergunta, é: será o impacto causado por estes projetos, assim tão positivo?
Na minha opinião, no curto prazo, acho que estas iniciativas têm tido um impacto estupendo na nossa economia, como pôde ser constatado nos parágrafos anteriores. Contudo, tenho algumas dúvidas que, a longo prazo, tudo continue da forma que está, pois só dentro de seis anos é que as novas produções irão atingir o seu potencial, e será nessa altura que poderemos tirar verdadeiras conclusões. Caso toda a produção consiga ser escoada/exportada, então o impacto dos “novos” agricultores em Portugal será maior que o atual e ultrapassará, penso, o esperado. Se, pelo contrário, a produção comece a ultrapassar a oferta, e os produtores não consigam dar saída ao produto, então veremos muitos projetos, assim como milhões, ao abandono.
Em suma, podemos concluir que atualmente estes projetos têm impulsionado a economia do nosso país. Caso consigamos, no futuro, exportar todos os cogumelos Shitake para a Ásia e todos os frutos vermelhos para os países baixos (apenas como exemplo), poderemos afirmar que houve realmente impacto positivo e não apenas uma iniciativa falhada.
Pedro Miguel Ferreira Pimenta
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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