O tema que vou abordar tem sido bastante falado nos últimos tempos: a presença do Reino Unido na União. Volta a debate público a questão da saída do Reino Unido da União, após nova troca de ameaças entre Angela Merkel e James Cameron, com a primeira a demonstrar o seu desagrado relativamente às restrições de circulação a cidadãos da União no Reino Unido, e com a resposta do primeiro-ministro inglês, ameaçando a saída da União Europeia.
O Reino Unido chega à União Europeia em 1973, juntamente com a Dinamarca e a Irlanda. Atualmente, com uma população de 63,2 milhões de habitantes, 1,84 triliões de euros de Produto Interno Bruto, uma taxa de desemprego de 8%, o Reino Unido aparenta sinais de firmeza económica no cenário europeu. Como é conhecimento de todos, de todas as lacunas da sua participação na União (que são muitas), destacam-se duas de grande relevo: a não adesão à unidade monetária comum, o Euro; e a não presença no espaço Schengen.
Por razões económicas e culturais, a libra esterlina continua a vigorar, o que é visto por muitos como uma forma de manter a soberania financeira. Estratégias de política monetária como intervenções na taxa de juros ou desvalorizações da moeda continuam a ser possíveis para regulação da atividade económica, o que acaba por ser um instrumento importante. Mas, no meu entender, a principal razão pela qual o Reino Unido manteve a sua moeda foi o facto de o seu maior parceiro comercial ser os EUA, que usam o dólar. Em termos comerciais, os principais países de exportação de produtos do Reino Unido são Estados Unidos (12%), Alemanha (11%), Holanda (7.6%), França (6.9%), e Bélgica-Luxemburgo (5.5%), e, em relação a importações, temos em primeiro ligar a Alemanha (13%), seguida da China (8.7%), Holanda (7.5%), Estados Unidos (7.0%), e França (5.7%).
Posto isto, países com a importância dos Estados Unidos e China levaram-nos à recusa da adesão à moeda única, não sendo vista como tão atrativa numa nova moeda sem grandes benefícios comerciais, face ao custo de perda da sua soberania financeira.
Em relação ao Espaço Schengen, acho que Merkel tem toda a razão em apontar este defeito, pois o conceito de União requer que todos sejam tratados da mesma forma, segundo os mesmos valores, direitos e deveres. Segundo rumores da imprensa britânica, pensa-se que esteja em cima da mesa uma proposta que visa limitar a entrada de cidadãos de outros estados-membros, que viola um dos pilares essenciais da União Europeia, o que na, minha opinião, não faz sentido e é uma provocação aos princípios básicos daquilo que é uma unidade económica.
Como dizia Durão Barroso na entrevista no seu último dia enquanto Presidente da Comissão Europeia: “Se num país nem os agentes políticos apoiam a permanência na União Europeia, dificilmente os cidadãos vão ter uma opinião diferente.”. Afirmações com as quais não posso deixar de concordar. Na minha opinião, o histórico de ameaças do Reino Unido dava para escrever uma novela, sendo já há vários anos que as sucessivas ameaças surgem, começando a perder credibilidade.
Pedro Marques de Abreu
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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